NA CASA-ESPELHO: proposta de pensamento coreográfico
Abstract
A Casa-Espelho, ou The Looking-Glass House, é um lugar do outro lado do espelho da sala de Alice, em Alice do outro lado do espelho (CARROLL, 1971). Um estúdio de dança, ou uma “casa-espelho”, espelha claramente o dispositivo de palco: muitas vezes tem espelhos, ou câmaras, ou frentes assinaladas por cadeiras, um apelo a ver de fora. Num estúdio, pode ser traçada uma linha que separa a parte que está dentro da parte que está na periferia da atenção. O centro de uma acção que trabalha, por exemplo, em forma de jogo, ou de exercício coreográfico. Um estúdio de ensaio pode ser uma espécie de “máquina de reflexão”, um laboratório de testar, ou de ensaiar potências, onde se constroem maquetes de realidade, e se observam, “à lupa”, determinadas relações. O percurso de Alice do outro lado do espelho ajudou-me a pensar nalgumas possibilidades coreográficas enunciadas pelos coreógrafos: Lisa Nelson, Mark Tompkins, João Fiadeiro e Olga Mesa, durante a escrita da minha tese de doutoramento (COELHO, 2016). Por exemplo, uma das ressonâncias encontradas na relação entre Alice do outro lado do espelho (CARROLL, 1971) e o texto Before your eyes seeds of a dance practice de Lisa Nelson (2003) tem que ver com as possibilidades do espelho, as inversões. Uma outra aparece com a velocidade, a terceira com a queda, e a quarta com a possibilidade de acreditar e de testar as potências do que, à partida, parece impossível. Esta última relaciona-se, talvez, também com a acção do “infinitamente improvável” de que fala Hanna Arendt citada por Lepecki (2011), em Coreopolítica e coreopolícia. PALAVRAS-CHAVE: Casa-Espelho. Pensamento Coreográfico. Lisa Nelson. Mark Tompkins. João Fiadeiro. Olga Mesa.
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