PESQUISA DE CAMPO EM ARTES DO CORPO EM CENA: o desenho da transcestralidade indígena e as fissuras poéticas na árvore CISgênero-lógica de matriz europeia
Resumen
Poderia o corpo vincular-se a uma ancestralidade diferente da genealógica? A inscrição corporal de matrizes étnico- raciais não-hegemônicas guarda quais semelhanças com as corporalidades transgêneras? Quais poderiam ser as ancestralidades do corpo trans? Este texto trata do percurso de pesquisa de campo desenvolvida no quadro de um processo criativo que culminou no espetáculo teatral A Demência dos touros da Cia. Teatro do Perverto (São Paulo, 2017). Na ocasião, as interrogações do coletivo a respeito da intersecção das transgeneridades com processos étnico-raciais ensejaram o levantamento de informações genealógicas da autora deste texto, que atuou na criação teatral tanto na frente do dramaturgismo como a documentação: o seu percurso pessoal e a busca da ancestralidade culminaram como fontes da elaboração ficcional do espetáculo teatral. A partir dos questionamentos e conceitos inspirados nas perspectivas da autohistória (ANZALDÚA, 1987), da autogenealogia (JODOROWSKY, 2002) e da etnocenologia (BIÃO, 2009), este artigo reconstitui a ida da autora a três cidades de procedência genealógica direta, sendo a primeira delas nordestina e indígena (Simplício Mendes - Piauí) e as duas outras, de matriz europeia (São João da Pesqueira - Portugal; Montilla - Espanha). Na composição, sugere-se o potencial da transcestralidade indígena da autora como provocação da genealogia corporal europeia, cisnormativa. PALAVRAS-CHAVE: Criação teatral. Pesquisa de campo. Transgeneridades. Ancestralidade.
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