CAPITAL MONOPOLISTA, APARELHOS PRIVADOS DE HEGEMONIA E DOMINAÇÃO BURGUESA NO BRASIL: o caso do grupo Odebrecht
DOI:
https://doi.org/10.9771/ccrh.v36i0.43486Palabras clave:
Capital monopolista, Odebrecht, Grupos econômicos, Capitalismo contemporâneo, Aparelho privado de hegemoniaResumen
O presente artigo pretende desenvolver uma reflexão teórica e analítica acerca das formas específicas assumidas pelo capital monopolista e pela dominação burguesa nas sociedades capitalistas contemporâneas. Nossa hipótese é de que dado o desenvolvimento das estruturas corporativas e o avanço do próprio capitalismo, alguns grupos econômicos assumem grau tão elevado de organização que passam a operar com características semelhantes aos aparelhos privados de hegemonia na terminologia gramsciana. Para desenvolver tal questão, elaboramos, em uma primeira parte do texto, uma breve reflexão teórica sobre o capitalismo contemporâneo e, em um segundo momento, analisamos o caso específico do grupo Odebrecht, um conglomerado que pode ser indicado como representante do capital monopolista brasileiro até a operação Lava Jato e que atuava, de certa forma, com funções semelhantes a um aparelho privado de hegemonia na sociedade brasileira.
Descargas
Citas
ANBIMA. Quem somos. [20--]. Disponível em: https://www.anbima.com.br/pt_br/institucional/a-anbima/posicionamento.htm
BARAN, P.; SWEEZY, P. O Capitalismo Monopolista: ensaio sobre a ordem econômica e social americana. Rio de Janeiro: Zahar, 1966.
BELLUZZO, L. G. Dinheiro e as transfigurações da riqueza. In: FIORI, J. L.; TAVARES, M. da C. (org.). Poder e dinheiro: uma economia política da globalização. São Paulo: Vozes, 1997. p. 151-193.
BEZERRA, M. O. Corrupção e produção do Estado. Repocs: Revista Pós-Ciências Sociais, v. 14, n. 27, p. 99-130, 2017.
BEZERRA, M. O. Corrupção: um estudo sobre poder público e relações pessoais no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Papéis Selvagens, 2018.
BIANCHI, A. O laboratório de Gramsci: filosofia, história e política. São Paulo: Alameda, 2008.
BOITO Jr., A. Estado e burguesia no capitalismo neoliberal. Revista de Sociologia e Política. Curitiba, n. 28, p. 57-73, 2007.
BOITO Jr., A. Reforma e crise política no Brasil: os conflitos de classe nos governos do PT. São Paulo: Unicamp/Unesp, 2018.
BORGES, Lucas. O legado da Copa: o que será dos 12 estádios usados no Mundial. ESPN Brasil, 15 jul. 2014. Disponível em: http://www.espn.com.br/noticia/425068_olegado-da-copa-o-que-sera-dos-12-estadios-usados-nomundial. Acesso em: 6 set. 2020.
BORGES, Rodolfo. Delação de Odebrecht, o ‘dono do Brasil’, completa o terremoto político: Ministério Público não confirma, mas a temida delação de Marcelo Odebrecht já estaria assinada. El País, 4 jun. 2016. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/ 2016/05/31/politica/1464729665_ 525789.html. Acesso em: 6 set. 2020.
BOTTOMORE, T. (org.). Dicionário do Pensamento Marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1988.
BRAGA, J. C. de S. Financeirização global: o padrão sistêmico da riqueza do capitalismo. In: FIORI, J. L.; TAVARES, M. da C. (org). Poder e Dinheiro: uma economia política da globalização. Petrópolis: Vozes, 1997. p. 195-242.
CAMARGO NETO, S. T. Guerra por Recursos: a relação entre a política energética dos Estados Unidos e a descoberta do pré-sal no Brasil. 2020. 106 f. Dissertação (Mestrado em Economia Política Internacional) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2020.
CAMPOS, P. H. P. Estranhas Catedrais: as empreiteiras brasileiras e a ditadura civil-militar, 1964-1988. Niterói: Eduff, 2014.
CARBONAI, D. Os interlocking no mercado brasileiro de capitais: uma hipótese sobre as relações entre setores
econômicos. In: CONGRESSO ALACIP, 11., 2017, Montevidéo. Anais... Montevidéo: [s. n.], 2017.
CARDOSO, F. H. Autoritarismo e Democratização. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975.
CASIMIRO, F. A Nova Direita: aparelhos de ação política e ideológica no Brasil contemporâneo. São Paulo: Expressão Popular, 2018.
CASTRO, M. W. de. Missão na Selva: Emil Odebrecht (1835-1912), um prussiano no Brasil. Rio de Janeiro: AC&M, 1994.
CHESNAIS, F. (org.). A Finança Mundializada: raízes sociais e políticas, configuração, consequências. São Paulo: Boitempo, 2005.
CHESNAIS, F. A Mundialização Financeira. São Paulo: Xamã, 1998.
COUTINHO, C. N. Gramsci: um estudo sobre seu pensamento político. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013.
DANTAS, R. M. de A. Odebrecht: a caminho da longevidade sustentável? 2007. 285 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal do Rio de Janeiro,Rio de Janeiro: 2007.
DARDOT, P.; LAVAL, C. A Nova Razão do Mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2017.
DIAS, A. C. et al. The Revolving Door: Evidence from the United Kingdom, Germany, France, Spain, Belgium, Greece and Brazil. Working Papers: Lisbon School of Economics and Management, Lisboa, p. 1-14, 2015.
DINIZ, E.; BOSCHI, R. R. Empresariado Nacional e Estado no Brasil. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1978.
DOHERTY, José Carlos. Autorregulação tem desafio de ultrapassar novas fronteiras. 2018. Disponível em: https://www.anbima.com.br/pt_br/noticias/autorregulacao-temdesafio-de-ultrapassar-novas-fronteiras.htm
DOWBOR, L. A Era do Capital Improdutivo: por que oito famílias têm mais riqueza do que a metade da população do mundo? São Paulo: Autonomia Literária, 2017.
DREIFUSS, R. A. 1964: a conquista do Estado. Petrópolis: Vozes, 1981.
E-MAILS mostram combinação de reuniões do núcleo duro das empreiteiras. Jornal O Globo, p. 3, 14 jul. 2016. Disponível em: https://oglobo.globo.com/brasil/e-mailsmostram-combinacao-de-reunioes-donucleo-duro-dasempreiteiras-16754079. Acesso em: 13 fev. 2018.
ENTREVISTA: ‘LULA pediu para que a Odebrecht fizesse um projeto em Cuba’, diz Marcelo Odebrecht: Em entrevista, empresário conta que ex-presidente pensou no começo em uma estrada, mas empresa constatou que seria melhor investir num porto. Folha de S. Paulo, 9 dez. 2019. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/facsimile/2019/12/09/. Acesso em: 9 dez. 2019.
FONTES, V. O Brasil e o capital-imperalismo: teoria e história. Rio de Janeiro: EPSJV/Editora UFRJ, 2010.
FUNDAÇÃO DOM CABRAL. Ranking FDC das Multinacionais Brasileiras: 2014. Belo Horizonte: FDC, 2014.
GASPAR, M. A Organização: a Odebrecht e o esquema de corrupção que chocou o mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.
GLOBAL Monitoring Report on Non-Bank Financial Intermediation 2019. Financial Stability Board, 2020. Disponível em https://www.fsb.org/wp-content/uploads/P190120.pdf. Acesso em: 19 out. 2020.
GONÇALVES, R. Grupos econômicos: uma análise conceitual e teórica. Revista Brasileira de Economia, v. 45, n. 4, p. 491-518, out./dez. 1991.
GRAMSCI, A. Cadernos do Cárcere: Maquiavel: Notas sobre o Estado e a Política. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. v. 3.
GRAMSCI, A. Os Intelectuais e a Organização da Cultura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1982.
GRANOVETTER, M. Business Groups and Social Organization. In: SMELSER, N. J.; SWEDBERG, R. (org.). The Handbook of Economic Sociology. New York: Princeton University Press, 2005.
GRÜN, R. A dominação financeira no Brasil contemporâneo. Tempo Social, v. 25, p. 179-213, 2013.
HARVEY, D. O Novo Imperialismo. 8. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2014.
HOEVELER, R. C. O conceito de aparelho privado de hegemonia e seus usos para a pesquisa histórica. Revista Práxis e Hegemonia Popular, v. 4, n. 5, p. 145-159, 2020.
INFOMONEY, XP e Grupo Primo revelam método que formou os maiores influenciadores. 22.03.2022. Disponível em https://www.infomoney.com.br/patrocinados/xpinvestimentos/xp-e-grupo-primo-revelam-metodo-queformou-os-maiores-influenciadores-de-financas/. Acesso em: 06.03.2023.
INFORME publicitário Responsabilidade social empresarial: um compromisso da Odebrecht. Jornal O Globo, p. 5, 27 de jun.2007.
INFORME SINICON, n. 1, ano I, 6 fev. 1984.
INSTITUTO MAIS DEMOCRACIA. Vídeo Quem são os proprietários do saneamento no Brasil? 9 abr. 2018. Disponível no endereço: https://www.youtube.com/watch?v=tL31Y0ReTeY
KATO, K; LEITE, S. Land grabbing, financeirização da agricultura e mercado de terras: velhas e novas dimensões da questão agrária no Brasil. Revista Anpege, v. 6, n. 29, p. 452-483, 2020.
LAVINAS, L.; GENTIL, D. L. Brasil anos 2000: a política social sob a regência da financeirização. Novos Estudos Cebrap, v. 37, n. 2, p. 191-211, maio-ago. 2018.
LAZZARINI, S. G. Capitalismo de Laços. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
LIGUORI, G.; VOZA, P. (org.). Dicionário Gramsciano. São Paulo: Boitempo, 2017.
MANCUSO, W. P. O empresariado como ator político no Brasil: balanço da literatura e agenda de pesquisa. Revista Sociologia Política, n. 28, p. 131-146, 2007.
MANTEGA, G.; MORAES, M. Acumulação Monopolista e Crises no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991.
MARQUES, E. Redes Sociais e Poder no Estado Brasileiro: aprendizados a partir das políticas urbanas. Revista Brasileira de Ciências Sociais: Anpocs. São Paulo, v. 21, n. 60, p. 15-41, fev. 2006.
MARX, K. O Capital (Livro III). São Paulo: Boitempo, 2017.
MENDONÇA, S. R. de. O Ruralismo Brasileiro (1888-1931). São Paulo: Hucitec, 1997.
MINELLA, A. C. Análise de redes sociais, classes sociais e marxismo. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 28 n. 83, p. 185-242, out. 2013.
MUSACCHIO, A.; LAZZARINI, S. G. Reinventando o Capitalismo de Estado: o Leviatã nos negócios: Brasil e outros países. São Paulo: Portfolio-Penguin, 2015.
NOTA “JIRAU”. Coluna de Ilimar Franco. Jornal O Globo, p. 2, 10 jul. 2008.
NUNES, Rodrigo Organization of the Organizationless: collective action after networks. Lüneburg: Post-Media
Lab & Post Books, 2014. O EMPREITEIRO, n. 150, jul. 1980.
O EMPREITEIRO, n. 57, out.1972.
O EMPREITEIRO, n. 91, ago. 1975.
O EMPREITEIRO, no 229, dez. 1986
ODEBRECHT paga R$ 15 milhões, na maior ação sobre trabalho escravo. Portal de notícias Universo On-Line, 6 jun. 2019. Disponível no endereço: https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2019/06/06/odebrechtdestina-r-15-mi-ainstituicoes-na-maior-acao-sobretrabalho-escravo.htm. Acesso em: 19 out. 2020.
OFFE, Claus. Problemas Estruturais do Estado Capitalista. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.
OLIVEIRA, N. G. O Poder dos Jogos e os Jogos do Poder: os interesses em campo na produção de uma cidade para o espetáculo. 2012. 308 f. Dissertação (Mestrado em Planejamento Urbano e Regional) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.
ONTO, G. G. O agente econômico e suas relações: identificando concorrentes na política antitruste. Tempo Social, v. 29, n. 1, p. 109-130, abr. 2017.
PALLUDETO, A. W. A.; FELIPINI, A. R. Panorama da literatura sobre a financeirização (1992-2017): uma abordagem bibliométrica. Revista Economia e Sociedade, v. 28, n. 2(66), p. 313-337, 2019.
PAULANI, L. M. A crise do regime de acumulação com dominância da valorização financeira e a situação do Brasil. Estudos Avançados, v. 23, n. 66, p. 25-39, 2009.
PESSANHA, R. de M. A ‘Indústria’ dos Fundos Financeiros: potência, estratégias e mobilidade no capitalismo contemporâneo. Rio de Janeiro: Consequência, 2019.
PINTO, J. R. L. Contra a privatização do BNDES: qual a melhor defesa? Jornal dos Economistas. Rio de Janeiro: Corecon, junho, 2017.
PINTO, J. R. L. et al. O BNDES e a reorganização do capitalismo brasileiro: um debate necessário. In: MAGALHÃES, R. A. (org.). Os Anos Lula: um balanço crítico. Rio de Janeiro: Garamond, 2011.
PINTO, J. R. L.; MANSOLDO, F. A Fibria, o BNDES e o ‘novo’ papel do Estado no capitalismo brasileiro: do ‘Estadoempresário’ ao ‘Estado-empresa’. Revista Internacional de Direitos Humanos e Empresas, ano II, n. 2, p. 41-84, 2017.
QUEIROZ, M. V. de. Grupos Econômicos no Brasil. Revista do Instituto de Ciências Sociais, v. 2, n. 1, 1965.
ROCHA, M. A. M. da. Grupos Econômicos e Capital Financeiro: uma história recente do grande capital brasileiro. 2013. 183 f. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Econômico) – Universidade Estadual de Campinas, 2013.
ROIO, M. del. Os Prismas de Gramsci: a fórmula política da frente única (1919-1926). São Paulo: Xamã, 2005.
SECCO, L. Retorno a Gramsci. São Paulo: LCTE, 2013.
SELIGMAN, M.; MELLO, F. (org.). Lobby desvendado: democracia, políticas públicas e corrupção no Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro: Record, 2018.
SILVA, A. B. R. B. Corpos para o Capital: acidentes de trabalho, prevencionismo e reabilitação profissional durante a ditadura militar brasileira (1964-1985). Jundiaí: Paco, 2019.
STREECK, W. Tempo comprado: a crise adiada do capitalismo democrático. São Paulo: Boitempo, 2018.
TYGEL, A. F. et al. Renda ou poder? Os verdadeiros donos do capital brasileiro relevados pelo ranking dos proprietários do Brasil. Jornal dos Economistas, n. 283, p. 7-9, 2013.
VALOR Econômico, p. C5, julho de 2019.
VIANNA, M. L. T. W. da. A Administração do “Milagre”: o Conselho Monetário Nacional. Petrópolis: Vozes, 1987.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2023 Caderno CRH
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Todo o conteúdo da revista, exceto onde indicado de outra forma, é licenciado sob uma atribuição do tipo Creative Commons BY.
O periódico Caderno CRH on-line é aberto e gratuito.