Caderno CRH https://periodicos.ufba.br/index.php/crh <p>O Caderno CRH aceita a colaboração livre de textos inédito, de reconhecido interesse acadêmico e atualidades das Ciências Sociais, na forma de dossiê, artigo, ensaio bibliográfico e resenha. Organizada e editada pelo Centro de Estudos Pesquisas e Humanidades – CRH, em coedição com a EDUFBA. A partir de 2020, volume 33, a revista passou a veicular os textos na forma de Publicação Contínua, exclusivamente on-line, com um único volume anual.<br />Área do conhecimento: Ciências Sociais<br />ISSN (online): 1983-8239 - Periodicidade: Publicação contínua</p> Universidade Federal da Bahia pt-BR Caderno CRH 0103-4979 <p>Todo o conteúdo da revista, exceto onde indicado de outra forma, é licenciado sob uma atribuição do tipo Creative Commons BY.</p><p>O periódico Caderno CRH on-line é aberto e gratuito.</p> COMISSÕES DE HETEROIDENTIFICAÇÃO EM UMA IES: experiências, dilemas e desafios https://periodicos.ufba.br/index.php/crh/article/view/49020 <p>O artigo busca compreender as experiências de avaliadores nas comissões de heteroidentificação na Universidade Federal do ABC para as vagas reservadas a pretos, pardos e indígenas, no período de 2018 e 2022. O estudo problematiza os desafios e dilemas enfrentados no uso da heteroidentificação como mecanismo complementar à autodeclaração feita pelos candidatos, refletindo sobre as circunstâncias e implicações desse processo. Além disso, o artigo apresenta a operacionalização das bancas de heteroidentificação na Universidade Federal do ABC, com base nas práticas observadas durante o período de análise. A pesquisa foi realizada por meio de entrevistas com cinco participantes que atuaram nas comissões, buscando entender as questões envolvidas na aplicação desse procedimento de avaliação. Por fim, a investigação busca fornecer subsídios para o entendimento das dinâmicas das comissões de heteroidentificação (CHI) no debate sobre ações afirmativas, bem como para o aprimoramento dos procedimentos utilizados na instituição.</p> <p> </p> <p><strong>Palavras-chave: </strong><span style="font-weight: 400;">Ações Afirmativas; Bancas de heteroidentificação étnico-racial; Teorias pós-coloniais.</span></p> Beatriz Azevedo Paulo S C Neves Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2025-04-25 2025-04-25 38 e025001 e025001 10.9771/ccrh.v38i0.49020 DISPUTAS CIENTÍFICAS E POLÍTICAS NA GESTÃO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS: perspectivas globais e locais https://periodicos.ufba.br/index.php/crh/article/view/53696 <p>O artigo reflete sobre o papel da ciência frente à temática ambiental e mostra como esse saber vem sendo usado estrategicamente em vista a (i) garantir a implementação de regramentos globais e locais e (ii) impulsionar a apropriação dos recursos naturais. Como recurso, o texto fundamenta os discursos que firmam a governança das águas do Aquífero Guarani em dois níveis: o global e o local – especificamente, a região de Ribeirão Preto (SP). A partir de revisão bibliográfica, análise documental, entrevistas semiestruturas, bem como o acompanhamento de audiências públicas, os resultados apontam para a proeminência do discurso técnico-científico no debate ambiental, figurado na hierarquia do saber racionalizado que opera como um regime de verdade e para a mobilização estratégica do saber científico por agentes econômicos locais em vista a superar os regramentos globais e alçar a apropriação do recurso natural.</p> <p> </p> Jéssica Pires Cardoso Rodrigo Constante Martins Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2025-04-25 2025-04-25 38 e025002 e025002 10.9771/ccrh.v38i0.53696 PROTEÇÃO SOCIAL E PRECARIEDADE LABORAL EM PORTUGAL: perfis e representações https://periodicos.ufba.br/index.php/crh/article/view/49862 <p>Este artigo analisa as representações sociais partilhadas por trabalhadores precários acerca do sistema de segurança social em Portugal. Explora-se a hipótese de que a precarização do mundo do trabalho, acentuada no decurso da crise financeira de 2008 e da pandemia de Covid-19, afetou os significados da proteção social no emprego, sobretudo para os trabalhadores vulneráveis. Com base na análise de conteúdo de 53 entrevistas em profundidade conduzidas entre setembro de 2019 e dezembro de 2020 com trabalhadores de diferentes setores de atividade, identificam-se perfis distintos de desproteção social em contextos de precariedade laboral. Associadas a esses perfis, as representações denotam ambiguidades e contradições, traduzindo-se em dissemelhantes avaliações sobre os apoios públicos e projeções sobre o futuro da proteção social. Conclui-se que os trabalhadores precários em Portugal estão a revalorizar a função social do sistema de segurança social, exigindo maior cobertura desse sistema para reduzir a insegurança e a instabilidade provocadas pela precariedade laboral.</p> Rodrigo Vieira Assis Renato Miguel Carmo Jorge Caleiras Isabel Roque Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2025-04-28 2025-04-28 38 e025003 e025003 10.9771/ccrh.v38i0.49862 IGREJA, ESTADO E SOCIEDADE NO BRASIL: do ativismo católico à emergência das ONGS https://periodicos.ufba.br/index.php/crh/article/view/51075 <p class="p1">Neste artigo, analiso as raízes católicas que direcionaram o desenvolvimento da assistência social no Brasil desde a colonização e que, séculos depois, culminaram na formação do campo das organizações não governamentais (ONGs). Após situar brevemente o contexto macrohistórico do protagonismo da Igreja na promoção de assistência social no ocidente em geral e no Brasil em particular, a análise será concentrada na segunda metade do século XX, quando padrões históricos das relações entre Igreja, Estado e sociedade passaram por intensas transformações. Esse processo é interpretado através da noção de “laicização religiosa”, definida como o horizonte de valores cristãos que conduziram a formação de instituições públicas e privadas de promoção de assistência social. Entre as décadas de 1950 e 1960, a aproximação de instituições e agentes ligados à Igreja com ideologias de esquerda tornou possível a formação do que, hoje, é apresentado como esquerda católica no Brasil. Posteriormente, entre as décadas de 1970 e 1980, essas instituições se afastam dos movimentos sociais e inauguram o campo das ONGs. Na última década do Século XX, a profissionalização da assistência social imprimiu um novo sentido, implicando a ideia de um profissionalismo situado para além tanto da política quanto da religião.</p> Fernando Lima Neto Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2025-04-28 2025-04-28 38 e025004 e025004 10.9771/ccrh.v38i0.51075 AS RELAÇÕES BRASIL-CHINA SOB A ÓTICA DA TEORIA DA DEPENDÊNCIA https://periodicos.ufba.br/index.php/crh/article/view/54558 <p>O objetivo deste artigo é examinar as relações entre Brasil e China usando as ferramentas analíticas da teoria da dependência, elaborada por autores latino-americanos (sobretudo) ao longo dos anos 1960-1970 do século passado. A proposição básica é a de que, apesar de não serem simétricas (em função de discrepâncias tecnológicas e econômicas vigentes entre os países), as relações entre as duas nações estão longe de serem de dominação e subordinação, na medida em que a China não estabelece condicionalidades políticas e financeiras incontornáveis para as relações comerciais com o Brasil, nem imposições em âmbito das políticas de Governo. Como método, utiliza-se a sistematização de evidências sobre as relações comerciais entre os dois países no século XXI, e o exame de bibliografia secundária. Os resultados a que se chega indicam que a detecção de assimetrias econômicas ou de “associação econômica subordinada” não é suficiente para caracterizar relações de dependência política entre ambos os países. Finaliza-se o texto com algumas considerações sobre as possibilidades de estabelecimento de relações entre as duas nações no atual contexto geopolítico.</p> Sérgio Braga Angelita Matos Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2025-04-28 2025-04-28 38 e025005 e025005 10.9771/ccrh.v38i0.54558 OS FILHOS SÃO A HERANÇA DO SENHOR. POLÍTICA E RELIGIÃO NO ABC PAULISTA https://periodicos.ufba.br/index.php/crh/article/view/59022 <p>O objetivo deste artigo é contribuir para a análise dos comportamentos políticos entre famílias de trabalhadores e trabalhadoras metalúrgicas, moradores da região do ABC Paulista. Para tal, recorre-se a resultados obtidos em duas pesquisas realizadas em momentos distintos, com recortes empíricos ligeiramente diferentes e metodologias que lançaram mão de etnografia, survey e entrevistas biográficas. A primeira pesquisa relaciona a possível manutenção das memórias de militância sindical ao período da aposentadoria e do distanciamento do engajamento político-militante, a segunda aborda a questão da transmissão e herança geracional de princípios e valores políticos em famílias de trabalhadores metalúrgicos. Em ambos os casos se está relacionando famílias, como domínio do social, e política, como elemento de socialização, para compreender a constituição/manutenção de comportamentos políticos. A religião surgiu como imposição do campo, e se apresentou como uma variável interveniente no processo de gestão do comportamento político, impactando a negociação de elementos afetivos entre as famílias, bem como no que tange às memórias políticas empreendidas e herdadas. E, além disso, capaz de gerar transformações nos modos de entender e reagir aos acontecimentos presentes e passados ligados às ações e percepções políticas entre os participantes de ambos os estudos.</p> <p> </p> Maria Gilvania Valdivino Silva Jaime Santos Junior Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2025-04-29 2025-04-29 38 e025006 e025006 10.9771/ccrh.v38i0.59022 “SOMOS TODOS PARDOS?” AUTOCLASSIFICAÇÃO, HETEROCLASSIFICAÇÃO RACIAL E POLÍTICAS DE AÇÃO AFIRMATIVA NO CEARÁ https://periodicos.ufba.br/index.php/crh/article/view/60346 <p>A discussão em torno do pardo como categoria racial tem sido considerada central para o aperfeiçoamento das políticas de ação afirmativa em todo o país (Costa e Schucman, 2022; De Jesus, 2021; Rios, 2018). No Ceará a questão se torna ainda mais importante, pois o Estado possui a terceira maior população autodeclarada parda do país (64,7%). Este artigo se concentra na análise das especificidades da construção social do negro/pardo no Ceará e em suas recentes ressignificações face à atuação das comissões de heteroidentificação. Inicia analisando casos tornados públicos na imprensa cearense, nos quais as auto e heterodeclarações raciais de ingressantes por cotas foram contestadas. Prossegue com uma discussão teórica sobre como a questão do pardo vem sendo elaborada no Brasil e no Ceará. Analisa depoimentos de dezesseis estudantes cearenses de graduação e pós-graduação autodeclarados negros que apontam para novas problematizações e especificidades locais de ser pardo. Conclui que teorizações sobre o pardo devem levar a sério a importância das mestiçagens afro-indígenas no Ceará, o significado da branquitude cearense e a emergência da cultura negra e pulsante nas suas periferias urbanas.</p> Geísa Mattos Sevy Santiago Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2025-04-29 2025-04-29 38 e025007 e025007 10.9771/ccrh.v38i0.60346 O CRÉDITO ESTÁ EM TODA PARTE: as políticas de crédito popular entre a centro-esquerda brasileira e a direita mexicana https://periodicos.ufba.br/index.php/crh/article/view/63271 <p>Políticas de crédito popular têm suscitado controvérsias tanto empíricas quanto teóricas. Este artigo compara políticas implementadas simultaneamente em dois países latino-americanos por governos ideologicamente divergentes: no Brasil, sob o primeiro mandato de Lula (PT), de centro-esquerda, e no México, sob a presidência de Vicente Fox (PAN), de direita. O objetivo é analisar os atores da formulação e da implementação dessas políticas, bem como os desenhos adotados. Argumenta-se que os atores específicos envolvidos impactam o formato da política e que a participação de cada ator é possibilitada pelo governo incumbente. A pesquisa emprega metodologia qualitativa, envolvendo entrevistas em profundidade com “informantes de elite”. No Brasil, as entrevistas abrangeram (i) burocratas, (ii) líderes sindicais e (iii) banqueiros. No México, os sindicalistas foram excluídos, pois não participaram dos debates sobre as políticas de crédito popular. Embora Brasil e México tenham implementado políticas semelhantes, seus desenhos, atores e as motivações de seus proponentes variaram, gerando resultados distintos. Essa disparidade pode ser atribuída ao envolvimento de sindicatos no processo brasileiro e de organizações internacionais no mexicano.</p> Mariana Chaise Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2025-04-30 2025-04-30 38 e025008 e025008 10.9771/ccrh.v38i0.63271 O DEBATE ENTRE WANDERLEY GUILHERME DOS SANTOS E BOLÍVAR LAMOUNIER NO PENSAMENTO SOCIAL E POLÍTICO BRASILEIRO DOS ANOS 1970: oposições, convergências e complementaridades https://periodicos.ufba.br/index.php/crh/article/view/63583 <p>Wanderley Guilherme dos Santos e Bolívar Lamounier marcaram o pensamento social e político brasileiro, ao investigá-lo desde fins dos anos 1960.Em duas obras clássicas aqui analisadas e devidamente contextualizadas, Santos (1978) e Lamounier (1974) propuseram distintas interpretações sobre o Brasil e o pensamento social. Lamounier enfatiza a consistência intelectual em torno da performance estatal, denunciando a proeminência do Estado-Nação em detrimento do liberalismo brasileiro – processo que veio a pautá-lo intelectualmente. Santos desenha uma intelectualidade capaz de formular, estrategicamente, a superação do atraso histórico do país a partir da compreensão da particularidade nacional. Explica e justifica, assim, a tradição política estatal-nacional ao mesmo tempo que a reflete socialmente. As conhecidas diferenças em suas proposições analíticas são revisitadas, considerando a hipótese de complementaridade entre essas.</p> Marco Antonio Perruso Copyright (c) 2025 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2025-04-30 2025-04-30 38 e025009 e025009 10.9771/ccrh.v38i0.63583