TRABALHO, IDENTIFICAÇÃO E RECONHECIMENTO: uma reflexão e duas questões sobre meritocracia e normatividade

Autores

  • Luiz Gustavo da Cunha de Souza Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.9771/ccrh.v36i0.34700

Palavras-chave:

Divisão social do trabalho, Reconhecimento recíproco, Meritocracia, Normatividade, Trabalho autônomo

Resumo

O artigo discute a relação entre trabalho e reconhecimento, tomando como mote a ideia de Axel Honneth, de que a meritocracia possui um caráter normativo. Para isso, vale-se de uma revisão bibliográfica e também de excertos de entrevistas semiestruturadas. Na primeira parte (I), estabelece uma conexão entre trabalho, identificação e reconhecimento, e procura expor uma versão qualificada da tese da divisão do trabalho, segundo a qual há uma normatividade própria à meritocracia, expressa no entrelaçamento entre trabalho socialmente organizado, identificação funcional com a reprodução social e reconhecimento social. Depois (II), trata do diagnóstico do estado corrente da divisão do trabalho, valendo-se da noção de barbarização. A seguir (III), são discutidos trechos de duas entrevistas exemplares da relação entre trabalho e reconhecimento, por meio das quais se apontará para um modelo de sociologia do trabalho centrada no reconhecimento (IV). Trata-se de uma reflexão conceitual acompanhada de indícios informativos sobre o modo como a percepção da meritocracia afeta o entrelaçamento de trabalho, identificação e reconhecimento.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Luiz Gustavo da Cunha de Souza, Universidade Federal de Santa Catarina

Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Sociologia e Ciência Política. Doutor em Ciência Política pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Principal publicação: Souza, L. G. C. Reconhecimento, redistribuição e desreconhecimento. Um debate com a Teoria Crítica de Axel Honneth. Florianópolis: Editora UFSC, 2019, 293 p.

Referências

DERANTY, J.-P. Les horizons marxistes de l’éthique de la reconnaisance. Actuel Marx, [S. l.], n. 38, p. 159-178, 2005. https://doi.org/10.3917/amx.038.0159

DURKHEIM, É. Da divisão do trabalho social. 4. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.

DURKHEIM, É. Lições de sociologia. 2. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2016.

HARDIMON, M. O. Role obligations. The Journal of Philosophy, [S. l.], v. 91, n. 7, p. 333-363, 1994. https://doi.org/10.2307/2940934

HONNETH, A. A dinâmica social do desrespeito: para a situação de uma teoria crítica da sociedade. Política e Sociedade, [S. l.], v. 17, n. 40, p. 21-42, 2018. https://doi.org/10.5007/2175-7984.2018v17n40p21 . Disponível em https://periodicos.ufsc.br/index.php/politica/article/view/2175-7984.2018v17n40p21/38982. Acesso em: 22 nov. 2023.

HONNETH, A. Barbarizações do conflito social. Lutas por reconhecimento ao início do século 21. Civitas, Porto Alegre, v. 14, n. 1, p. 154-176, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/civitas/a/7VtYhWD8PvQfSfVNQQVBzWM/?lang=pt. Acesso em: 22 nov. 2023.

HONNETH, A. Das Recht der Freiheit: Grundriß einer demokratischen Sittlichkeit. Berlin: Suhrkamp, 2011a.

HONNETH, A. Die Idee des Sozialismus: Versuch einer Aktualisierung. Berlin: Suhrkamp, 2015a.

HONNETH, A. Education and the democratic public sphere: a neglected chapter of political philosophy. In: LYSAKER, O.; JAKOBSEN, J. (ed.). Recognition and freedom: Axel Honneth’s political thought. Boston: Brill, 2015b. p. 17-32.

HONNETH, A. Is there an emancipatory interest? An attempt to answer Critical Theory’s most fundamental question. European Journal of Philosophy, [S. l.], v. 25, p. 908-920, 2017. Disponível em: https://blogs.law.columbia.edu/critique1313/files/2019/09/Is-There-an-Emancipatory-Interest.pdf. Acesso em: 22 nov. 2023.

HONNETH, A. Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais. São Paulo: Editora 34, 2003b.

HONNETH, A. Trabalho e reconhecimento: tentativa de uma redefinição. Civitas, Porto Alegre, v. 8, n. 1, p. 46-67, 2008. https://doi.org/10.15448/1984-7289.2008.1.4321. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/ index.php/civitas/article/view/4321/6867. Acesso em: 22 nov. 2023.

HONNETH, A. Umverteilung als Anerkennung: Eine Erwiderung auf Nancy Fraser. In: HONNETH, A; FRASER, N. Umverteilung oder Anerkennung? Eine politischphilosophische Kontroverse; Frankfurt am Main: Suhrkamp, 2003a. p. 129 224.

HONNETH, A. Verwilderungen des sozialen Konflikts: Anerkennungskämpfe zu Beginn des 21. Jahrhunderts. Max-Planck-Institut für Gesellschaftsforschung, Köln, v. 11, n. 4, p. 1-18, 2011b.

HONNETH, A.; FARRELL, M. M. Democracy as reflexive cooperation: John Dewey and the theory of democracy today. Political Theory, [S. l.], v. 26, n. 6, p. 763-783, 1998. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/191992. Acesso em: 22 nov. 2023.

JÜTTEN, T. Is the market a sphere of social freedom? Critical Horizons, [S. l.], v. 16, n. 2, p. 187-203, 2015. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/74370826. pdf. Acesso em: 22 nov. 2023.

KUCH, H. Liberdade social e socialização do mercado. Civitas, Porto Alegre, v. 18, n. 3, p. 580-610, 2018. https://doi.org/10.15448/1984-7289.2018.3.31415. Disponível em: https://www.scielo.br/j/civitas/a/ VJ77MdRhb3T3hfGsSq4bL6L/?lang=pt. Acesso em: 22 nov. 2023.

LOHMANN, G. Von der Entfremdung zur Entwürdigung. In: DANNEMANN, R.; PICKFORD, H.; SCHILLER, H. (ed.). Der aufrechte Gang Im windschiefen Kapitalismus: Modelle Kritischen. Wiesbaden: Springer Fachmedien Wiesbaden, 2018. p. 3-36.

MARX, K. O capital: Crítica da economia política. Livro I: O processo de produção do capital. São Paulo: Boitempo, 2013.

PINZANI, A. O valor da liberdade na sociedade contemporânea. Novos Estudos CEBRAP, [S. l.], n. 94, p. 207-215, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/nec/a/c7QkTZ86yCqnzNQxvYLckSp/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 22 nov. 2023.

ROSENFIELD, C. L.; PAULI, J. Para além da dicotomia entre trabalho decente e trabalho digno: reconhecimento e direitos humanos. Caderno CRH, Salvador, v. 25, n. 65, p. 319-329, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ccrh/a/XYTJrcXrh65bZPTRwN39Kw/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 22 nov. 2023.

RÖSSLER, B. Work, recognition, emancipation. In: BRINK, B. van der; OWEN, D. (ed.). Recognition and power: Axel Honneth and the tradition of Critical Social Theory. Cambridge; New York: Cambridge University Press, 2007. p. 135-163.

SILVA, J. P. Nota crítica sobre a (in)condicionalidade. Revista Brasileira de Sociologia, [S. l.], v. 5, n. 10, p. 5-29, 2017. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=6227068. Acesso em: 22 nov. 2023.

SILVA, J. P. Três discursos, uma sentença: Tempo e trabalho em São Paulo – 1906/1932. São Paulo: Annablume/FAPESP, 1996.

SOUZA, L. G. C. Reconhecimento, desreconhecimento e demarcação simbólica: uma contribuição conceitual

à análise do lado negativo do reconhecimento. Sociologias, Porto Alegre, ano 20, n. 49, p. 294-317, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/soc/a/fvvDVCgBcXwPP6TsvzwjqJR/?lang=pt. Acesso em: 22 nov. 2023.

SOUZA, L. G. C. Reconhecimento, redistribuição e desreconhecimento: um debate com a Teoria Crítica de Axel Honneth. Florianópolis: Editora UFSC, 2019.

YOUNG, I. M. Recognition of love’s labor: Considering Axel Honneth’s feminism. In: BRINK, B. van der; OWEN, D. (ed.). Recognition and power: Axel Honneth and the tradition of Critical Social Theory. Cambridge; New York: Cambridge University Press, 2007. p. 189-214.

Downloads

Publicado

2023-12-20

Como Citar

Gustavo da Cunha de Souza, L. . (2023). TRABALHO, IDENTIFICAÇÃO E RECONHECIMENTO: uma reflexão e duas questões sobre meritocracia e normatividade. Caderno CRH, 36, e023026. https://doi.org/10.9771/ccrh.v36i0.34700