Masculinidade entre crianças negras: uma reflexão sobre raça e gênero no Nêgo Fugido em Acupe/BA

Autores

  • Maria José Villares Barral Villas Boas Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.9771/cgd.v5i2.29231

Palavras-chave:

raça, gênero, diversidade

Resumo

O Nêgo Fugido é uma performance cultural que teatraliza a luta pela liberdade escrava no Brasil pelas ruas de uma comunidade chamada Acup;e, distrito de Santo Amaro, situada no Recôncavo Baiano. Durante muitos anos o Nêgo Fugido foi composto somente por homens da comunidade. A partir da década de 1990, a manifestação passou por transformações que permitiram incluir a participação de crianças e mulheres. Busco discutir como a manifestação artística de cunho popular pode produzir uma performatividade de gênero nas crianças da localidade. A estratégia de pesquisa esteve embasada na etnografia, com uma combinação de estratégias qualitativas de pesquisa, como observação participante, captura de imagens in locu, elaboração de diário de campo escrito e fotográfico, e interlocução com as próprias crianças através de entrevistas semi-estruturadas. Ao longo de uma contínua pesquisa iniciada em 2012 até hoje, foi possível identificar que concepções de masculinidade e feminilidade da comunidade são (re)produzidas pelas crianças através da performance artística e da expressão das emoções no Nêgo Fugido, assim como nas relações estabelecidas fora do âmbito da apresentação, interferindo na construção dos corpos e na identidade de gênero das crianças. Argumento que existe uma performatividade de gênero específica e compartilhada, produzindo uma noção de masculinidade hegemônica e contra hegemônica que atravessa meninas e meninos, numa negociação entre rupturas e reafirmação de estereótipos de mulheres e homens negros. 

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Biografia do Autor

Maria José Villares Barral Villas Boas, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutoranda em Sociologia e Antropologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro desde 2018, performer-pesquisadora colaboradora do Núcleo de Estudos em Performance Afro-ameríndias na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro desde 2017, mestre em Antropologia Social pela Universidade de Brasília (2016), tenho bacharelado em Ciências Sociais com concentração em Antropologia pela Universidade Federal da Bahia (2013), licenciatura em Ciências Sociais também pela UFBA (2011), e bacharelado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Centro Universitário Jorge Amado (2009). Tenho experiência na área de Antropologia, atuando principalmente nos seguintes temas: festa popular no Recôncavo Baiano, antropologia visual, antropologia da criança, performance popular, relações raciais e identidade negra. 

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Publicado

2019-10-15

Como Citar

Villas Boas, M. J. V. B. (2019). Masculinidade entre crianças negras: uma reflexão sobre raça e gênero no Nêgo Fugido em Acupe/BA. Cadernos De Gênero E Diversidade, 5(2), 103–122. https://doi.org/10.9771/cgd.v5i2.29231