LES IDÉES SONT-ELLES DE NOUVEAU EN PLACE? temporalités non-linéaires dans le néolibéralisme autoritaire brésilien et de sa infrastructure numérique

Auteurs

  • Letícia Cesarino Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

DOI :

https://doi.org/10.9771/ccrh.v34i0.44377

Mots-clés :

Néolibéralisme, Plateformisation, Brésil, Bolonarisme, Crise

Résumé

L’article traite de la manière dont l’inflexion populiste-autoritaire du néolibéralisme mondial a gagné du terrain au Brésil par friction avec sa densité historique post-coloniale, marquée par la disjonction entre des idéaux égalitaires et universalistes libéraux et une réalité sociale inégalitaire et particulariste. Une attention particulière sera accordée à la convergence infrastructurelle entre néolibéralisation et plateformisation, qui, en consolidant une temporalité paradoxale de crise permanente (Chun, 2016), fait place à des résonances avec des “forces et des pouvoirs” qui opèrent aussi de manière non-linéaire selon une
métaphysique du désordre, comme les diverses formes de nostalgie, millénarisme et traditionalisme
qui accompagnent la montée de la droite radicale dans le monde. Je développe l’argument à partir de
deux moments du bolsonarisme: le messianisme populiste lors des élections de 2018 et, pendant la
pandémie de covid-19, sa routinisation paradoxale en tant que gouvernement parasite qui opère dans une temporalité d’exception. Il est suggéré
que, face à la dérive illibérale du néolibéralisme contemporain, le bolsonarisme lance le Brésil sur la
avant garde, donc en remettant les idées “en place”.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Biographie de l'auteur

Letícia Cesarino, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Doutora em Antropologia pela Universidade da Califórnia em Bekeley. Professora do Departamento de Antropologia e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina. Desenvolve pesquisas na área de antropologia digital, neoliberalismo, cibernética e teorias de sistemas. Suas mais recentes publicações são: Pós-verdade e a crise do sistema de peritos: uma explicação cibernética. Ilha Revista de Antropologia 23, nº 1 (24 de fevereiro de 2021), p. 73-96; Antropologia digital não é etnografia. Civitas - Revista de Ciências Sociais 21, nº 2 (24 de agosto de 2021), p. 304-15.

Références

ABIDIN, C. From “networked publics” to “refracted publics”: a companion framework for researching “below the radar” studies. Social Media + Society, Thousand Oaks, p. 1-13, jan./mar. 2021.

ABREU, M. J. Before anything, above all: no decision. The Immanent Frame, [s. l.], 9 Apr. 2019. Disponível em: https://tif.ssrc.org/2019/04/09/before-anything-above-all-no-decision/. Acesso em: 23 out. 2021.

ANDRADE, D. Neoliberalismo e guerra ao inimigo interno: da Nova República à virada autoritária no Brasil. Caderno CRH, Salvador, v. 31, [2021?]. No prelo.

BENJAMIN, W. Obras escolhidas I: magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1996.

BICKERTON, C.; ACETTI, C. Technopopulism: the new logic of democratic politics. New York: Oxford University Press, 2021.

BOYD, D. Social network sites as networked publics: affordances, dynamics, and implications. In: PAPACHARISSI, Z. (org.). A networked self: identity, community, and culture on social network sites. New York: Routledge, 2011. p. 39-58.

BROWN, W. Nas ruínas do neoliberalismo: a ascensão da política antidemocrática no ocidente. São Paulo. Politéia, 2019.

______. Explaining our morbid political symptoms, interview by Daniel Denvir. Jacobin Magazine, New York, 12 jan. 2020. Disponível em: https://jacobinmag.com/2020/12/neoliberalism-wendy-brown-interview-nihilism-political-theory. Acesso em: 4 out. 2021.

CAMPINAS, M. Standards and urgency in times of pandemics: hydroxychloroquine as a pharmaceutical and political artefact. Somatosphere, [s. l.], 1 set. 2020. Disponível em: http://somatosphere.net/2020/standards-urgency-hydroxychloroquine-political-artefact.html/. Acesso em: 13 abr. 2020.

CARVALHO, L. Curto-circuito: o vírus e a volta do Estado. São Paulo: Todavia, 2020.

CASARÕES, G.; MAGALHÃES, D. The hydroxychloroquine alliance: how far-right leaders and alt-science preachers came together to promote a miracle drug. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 55, n. 1, p. 197-214, 2021.

CESARINO, L. Colonialidade interna, cultura e mestiçagem: repensando o conceito de colonialismo interno na antropologia contemporânea. Ilha, Florianópolis, v. 9, n. 17, p. 73-105, 2017.

CESARINO, L. Identidade e representação no bolsonarismo: corpo digital do rei, bivalência conservadorismo-neoliberalismo e pessoa fractal. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 62, n. 3, p. 530-557, 2019.

CESARINO, L. Como vencer uma eleição sem sair de casa: a ascensão do populismo digital no Brasil. Internet & Sociedade, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 92-120, 2020.

CESARINO, L. Pós-verdade e a crise do sistema de peritos: uma explicação cibernética. Ilha, Florianópolis, v. 23, n. 1, p. 73-96, 2021.

CESARINO, L. Tropical Trump: illiberal politics and the digital life of anti/corruption in Brazil. In: GOLDSTEIN, D.; DRYBREAD, K. (org.). Corruption and illiberal politics in the Trump Era. Abingdon: Routledge Press, [2021?]. No prelo.

CESARINO, L.; SILVA, V. H. Pandemic states of exception and the alt-science of “early treatment” for Covid-19 in Brazil. Latin American Perspectives, Thousand Oaks, [2021?]. No prelo.

CHUN, W. Updating to remain the same: habitual new media. Cambridge, MA: The MIT Press, 2016.

COMAROFF, J.; COMAROFF, J. Millennial capitalism: first thoughts on a second coming. Public Culture, Durham, v. 12 n. 2, p. 291-343, 2000.

COMAROFF, J.; COMAROFF, J. Criminal obsessions, after foucault: postcoloniality, policing, and the metaphysics of disorder, Critical Inquiry, Chicago, v. 30, n. 4, p. 800-824, 2004.

COMAROFF, J.; COMAROFF, J. Theory from the South: or, how Euro-America is evolving toward Africa. New York: Routledge, 2011.

CONNOLLY, W. Aspirational fascism: the struggle for multifaceted democracy under Trumpism. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2017.

CONNOLLY, W. A máquina de ressonância evangélica-capitalista. In: CORRÊA, D.; PETERS, G. (ed.). Blog do Labemus. [S. l.], 5 abr. 2021. Disponível em: https://blogdolabemus.com/2021/04/05/a-maquina-de-ressonancia-evangelica-capitalista-por-william-e-connolly/. Acesso em: 4 out. 2021.

CORONIL, F.; SKURSKI, J. Dismembering and remembering the nation: the semantics of political violence in Venezuela. Comparative Studies in Society and History, Cambridge, v. 33, n. 2, p. 288-337, 1991.

DARDOT, P.; LAVAL, C. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.

DAVIES, W. The revenge of sovereignty on government? The release of neoliberal politics from economics post-2008. Theory, Culture & Society, Thousand Oaks, p. 1-24, 2021.

DOUGLAS, M. Pureza e perigo. São Paulo: Perspectiva, 2010.

DUMONT, L. Homo aequalis: gênese e plenitude da ideologia econômica. Bauru: EDUSC, 2000.

FERGUSON, J. Global shadows: Africa in the neoliberal world order. Durham: Duke University Press, 2006.

FIELITZ, M.; MARCKS, H. Digital fascism: challenges for the open society in times of social media. Berkeley: Berkeley Center for Right-Wing Studies, 2019.

FISHER, M. Realismo capitalista: é mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo? São Paulo: Autonomia Literária, 2020.

FONSECA, P.; RIBEIRO, B.; NASCIMENTO, L. Ignorance as power? Chloroquine and the co-production of truth in Brazil under Bolsonaro. Science and Democracy Network 2020 Annual Meeting, Cambridge, 2020.

FOUCAULT, M. The birth of biopolitics: lectures at the Collège de France, 1978-1979. London: Palgrave, 2008.

FRASER, N. Da redistribuição ao reconhecimento? Dilemas da justiça numa era “pós-socialista”. Cadernos de Campo, São Paulo, v. 15, n. 14-15, p. 231-239, 1991.

GEERTZ, C. Agricultural involution: the processes of ecological change in Indonesia. Berkeley: University of California Press, 1969.

GERBAUDO, P. Social media and populism: an elective affinity? Media, Culture & Society, Thousand Oaks, v. 8, n. 5, p. 745-753, 2018.

GRAY, J., BOUNEGRU, L.; VENTURINI, T. “Fake News” as infrastructural uncanny. New Media & Society, Thousand Oaks, v. 22, n, 2, p. 317-341, 2020.

GUYER, J. Prophecy and the near future: thoughts on macroeconomic, evangelical, and punctuated time. American Ethnologist, Hoboken, v. 34, n. 3, p. 409-421, 2007.

HARRIS, T. The eyeball economy: how advertising co-opts independent thought. Big Think. Washington, DC, 10 abr. 2017. Disponível em: https://bigthink.com/videos/tristan-harris-the-attention-economy-a-race-to-the-bottom-of-the-brain-stem. Acesso em: 4 out. 2021.

HODGES, A. Plausible deniability. In: MCINTOSH, J.; MENDOZA-DENTON, N. (org.). Language in the Trump Era: scandals and emergencies. Cambridge: Cambridge University Press, 2020. p. 137-149.

JUNGE, B. “Our Brazil has become a mess”: nostalgic narratives of disorder and disinterest as a ‘once‐rising poor’ family from Recife, Brazil, anticipates the 2018 elections. The Journal of Latin America and Caribbean Anthropology, Hoboken, v. 24, n. 4, p. 914-931, 2019.

KALIL, I. et al. Quem são e no que acreditam os eleitores de Jair Bolsonaro. São Paulo: Fesp-SP, 2018.

KLEIN, N. A doutrina do choque: a ascensão do capitalismo do desastre. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.

KUHN, T. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 2017.

LACLAU, E. A razão populista. São Paulo: Três Estrelas, 2013.

LEIRNER, P. O Brasil no espectro de uma guerra híbrida: militares, operações psicológicas e política em uma perspectiva etnográfica. São Paulo: Alameda Editorial, 2020.

LUHMANN, N. Sistemas sociais: esboço de uma teoria geral. Petrópolis: Vozes, 2016.

LUHRMANN, T. The paradox of Donald Trump’s appeal. Sapiens, New York, 29 jul. 2016. Disponível em: https://www.sapiens.org/culture/mary-douglas-donald-trump/. Acesso em: 4 out. 2021.

LURY, C.; DAY, S. Algorithmic personalization as a mode of individuation. Theory, Culture & Society, Thousand Oaks, v. 36, n. 2, p. 17-37, 2019.

MALY, I. new right metapolitics and the algorithmic activism of Schild & Vrienden. Social Media + Society, Thousand Oaks, v. 5, n. 2, p. 1-15, 2019.

MARRES, N.; STARK, D. Put to the test: for a new sociology of testing. The British Journal of Sociology, Hoboken, v. 71, n. 3, p. 423-443, 2020.

MBEMBE, A. Necropolítica. São Paulo: N-1 Edições, 2018.

MIROWSKI, P. Hell is truth seen too late. Boundary 2, Durham, v. 46, n. 1, p. 1-53, 2019.

NOBRE, M. The global uprising of populist conservatism and the case of Brazil. In: GIESEN, K. (org.). Ideologies in world politics. New York: Springer, 2020. p. 157-178.

PAXTON, R. A anatomia do fascismo. São Paulo: Paz & Terra, 2008.

PECK, J.; THEODORE, N.; BRENNER, N. Neoliberalism resurgent? Market rule after the great recession. South Atlantic Quarterly, Durham, v. 111, n. 2, p. 265-288, 2012.

PINTO NETO, M. O extrativismo identitário em Black Mirror. In: CAVA, B; CORRÊA, M. (org.). Pensar a Netflix: séries de pop filosofia política. Belo Horizonte: D’Plácido, 2018. p. 99-112.

PLEWE, D.; SLOBODIAN, Q.; MIROWSKI, P. (org.). Nine lives of neoliberalism. New York: Verso Books, 2020.

ROCHA, J. C. Guerra cultural e retórica do ódio: crônicas de um Brasil pós-político. Goiânia: Editora e Livraria Caminhos, 2021.

SENNETT, R. A corrosão do caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 1999.

SCHWARZ, R. As ideias fora do lugar. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.

SILVA. D. (org.). Mecanismos digitais e semióticos dos populismos contemporâneos. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, v. 59, n. 2, p. 1047-1050, 2020.

STRATHERN, S. Audit cultures: anthropological studies in accountability, ethics, and the academy. London: Routledge, 2000.

TEITELBAUM, B. Guerra pela eternidade: o retorno do tradicionalismo e a ascensão da direita populista. Campinas: Editora da Unicamp, 2020.

TSING, A. Friction: an ethnography of global connection. Princeton: Princeton University Press, 2005.

VARIS, P. Trump tweets the truth: metric populism and media conspiracy. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, v. 59, n. 1, p. 428-443, 2020.

WACQUANT, L. Punishing the poor: the neoliberal government of social insecurity. Durham: Duke University Press Books, 2009.

WAISBORD, S. The elective affinity between post-truth communication and populist politics. Communication Research and Practice, Abingdon, v. 4, n. 1, p. 17-34, 2018.

ZOONEN, L. I-pistemology: changing truth claims in popular and political culture. European Journal of Communication, Thousand Oaks,v, 27, n. 1, p. 56-67, 2012.

Téléchargements

Publiée

2021-11-29

Comment citer

Cesarino, L. (2021). LES IDÉES SONT-ELLES DE NOUVEAU EN PLACE? temporalités non-linéaires dans le néolibéralisme autoritaire brésilien et de sa infrastructure numérique. Caderno CRH, 34, e021022. https://doi.org/10.9771/ccrh.v34i0.44377

Numéro

Rubrique

Dossiê 2