LEITURA NA PRISÃO FEMININA: da biblioteca ao questionamento dos gostos

Authors

  • Paula Sequeiros Centro de Estudos Socais, U.C., Portugal

DOI:

https://doi.org/10.9771/ccrh.v29i76.19600

Keywords:

Prisões femininas. Leitura. Literatura light. Literatura kitsch. Romances cor-de-rosa.

Abstract

Uma prisão feminina em Portugal foi caso de estudo sobre práticas de leitura nesse quotidiano. Consideram-se teorias sobre a prisão feminina (M.I. Cunha e C.R. Fonseca) e de uma perspetiva feminista e comparativa (M. Bosworth, B.H. Zaitzow & J. Thomas). Para compreender o que, por que e com que significados as mulheres liam, cruzando dimensões sociais, desenhou-se uma abordagem qualitativa, metodologicamente diversificada (etnografia, entrevistas individuais e grupais com leitoras e com intermediadores), incluindo usos do espaço físico e social e do tempo, relações com familiares, com outras detidas e com pessoal prisional. Analisaram-se títulos favoritos (romances cor-de-rosa, literatura industrial, light ou kitsch), tendo-se em conta gêneros literários para públicos femininos e desconstruindo-se preconceitos de gênero e classe associados à sua crítica. A interpretação foi construída com um quadro teórico diverso (A. Amorós, M. Calinescu, R. Felski, J. Radway e M. Sweeney). A análise de práticas, concetualizações e representações desvelou traços interessantes e eventualmente inesperados sobre os modos de leitura.

Palavras-chave: Prisões femininas. Leitura. Literatura light. Literatura kitsch. Romances cor-de-rosa.

READING IN WOMEN’S PRISON: from the library to questioning tastes
Paula Sequeiros

A women’s prison in Portugal was the case study about reading practices in this environment. The female prison system (M.I. Cunha and C.R. Fonseca) and a feminist comparative perspective (M. Bosworth, B.H. Zaitzow & J. Thomas) were used as reference. In order to understand what, why and with what meanings these women read, crossing social dimensions, this study had a qualitative approach with different methodologies (ethnography, individual and group interviews with readers and mediators), and included uses of the physical and social spaces and of time, family relations, relations with other inmates and with the prison staff. The favorite titles were analyzed (chick lit, industrial, light and kitsch literature), taking into account literary genres for women and deconstructing gender and class prejudices that were connected to them. Interpretation was carried out with a diverse theoretical chart (A. Amorós, M. Calinescu, R. Felski, J. Radway and M. Sweeney). The analysis of practices, concepts and representations revealed interesting and eventually unexpected traces about their forms of reading.

Keywords: Women’s prison. Reading. Light literature. Kitsch literature. Chick lit.

LA LECTURE DANS UNE PRISON FÉMININE: de la bibliothèque à la question des goûts
Paula Sequeiros

Une prison de femmes au Portugal a fait l’objet d’une étude sur les pratiques de lecture dans le cadre de ce quotidien. Le système pénitentiaire féminin (M.I. Cunha e C.R. Fonseca) et une perspective féministe et comparative (M. Bosworth, B.H. Zaitzow & J. Thomas) ont servi de référence à cette étude. Afin de comprendre le quoi, le pourquoi et en vue de quoi les femmes prisonnières lisent, et après avoir fait des croisements entre les diverses dimensions sociales, une approche qualitative a pu être élaborée, diversifiée sur le plan méthodologique (ethnographie, interviews individuelles et en groupes avec les lectrices et avec des intermédiaires) en y incluant l’utilisation de l’espace physique et social ainsi que la dimension du temps, les relations avec des membres de la famille, d’autres prisonnières et le personnel pénitentiaire. Les livres préférés ont été analysés (romans à l’eau de rose, littérature industrielle, light ou kitsch), en tenant compte des genres littéraires destinés au public féminin et en déconstruisant les préjugés de genre et de classe accompagnant leur critique. L’interprétation a été construite dans un cadre théorique diversifié (A. Amorós, M. Calinescu, R. Felski, J. Radway e M. Sweeney). L’analyse des pratiques, des conceptualisations et des représentations a dévoilé des traits intéressants voire inattendus concernant les
modes de lecture.

Mots-clés: Prisons de femmes. Lecture. Littérature light. Littérature kitsch. Romans à l’eau de rose.

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Author Biography

Paula Sequeiros, Centro de Estudos Socais, U.C., Portugal

Doutorada em Sociologia, pesquisadora pós-doutoranda no Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra - Colégio de S. Jerónimo, Largo D. Dinis, Apº 3087, 3000-995 Coimbra, Portugal, paulasequeiros@ces.uc.pt. A sua pesquisa incide sobre usos e práticas nas bibliotecas públicas na sua relação com a leitura e as novas tecnologias. É ainda Investigadora Associada do Instituto de Sociologia, Universidade do Porto. Foi bibliotecária e professora na área da Biblioteconomia. Foi membro do Executive Board e Editora para Portugal do Repositório de Acesso Aberto e-LIS onde se podem encontrar as suas publicações.

Published

2016-07-21

How to Cite

Sequeiros, P. (2016). LEITURA NA PRISÃO FEMININA: da biblioteca ao questionamento dos gostos. Caderno CRH, 29(76). https://doi.org/10.9771/ccrh.v29i76.19600