PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO E OS DISTÚRBIOS MUSCULOESQUELÉTICOS
DOI:
https://doi.org/10.9771/ccrh.v24i1.19227Keywords:
intensificação do trabalho, doenças musculoesqueléticas, dor, precarização, LER/DortAbstract
O artigo objetiva descrever a dor musculoesquelética como expressão do desequilíbrio entre capacidades humanas e modalidades de organização do trabalho. Através da articulação dos resultados epidemiológicos e da Análise Ergonômica do Trabalho (AET), discute os efeitos da precarização do trabalho, sendo a estratégia de aliar essas duas abordagens metodológicas promissora para o diálogo interdisciplinar. Caracterizaram-se 14 fábricas do ramo plástico da Região Metropolitana de Salvador, através do estudo do funcionamento e da organização da produção e do componente epidemiológico com desenho de corte transversal e uma amostra aleatória de 557 trabalhadores. A AET ocorreu no setor de acabamento de uma das fábricas. Constataram-se alterações na organização da produção que ocorreram à custa da intensificação do trabalho, com aceleração do ritmo dos trabalhadores, ao mesmo tempo em que realizavam tarefas com força, repetitividade e posturas anômalas. O uso excessivo do corpo permitiu entender o surgimento e a manutenção da dor, cujas prevalências revelaram um enorme contingente de trabalhadores obrigado a continuar trabalhando sob as mesmas condições geradoras do seu sofrimento.
PALAVRAS-CHAVE: intensificação do trabalho, doenças musculoesqueléticas, dor, precarização, LER/Dort.
PRECARIZATION OF LABOR AND MUSCULOSKELETAL DISORDERS
Rita de Cássia P. Fernandes
This paper aims to analyze musculoskeletal pain as an expression of the imbalance between human capabilities and methods of work organization. Through the combination of epidemiological results and Ergonomic Work Analysis (EWA) this paper discusses the effects of labor precarization, using the strategy to combine these two methodological approaches, promising to interdisciplinary dialogue. 14 plastic factories in the metropolitan region of Salvador were characterized, through the study of their functioning and production organization; the epidemiological component in a cross section used a random sample of 557 workers in the sector and EWA ocurred in the finishing sectonr of one of the factories. One noticed changes in the organization of production that occurred at the expense of work intensification, with acceleration of the rhythm of workers, while they performed tasks with strength, repetition and abnormal postures. Excessive use of the body allowed to understand the emergence and maintenance of pain, which prevalence revealed a huge number of workers required to continue working under the same conditions that generated their suffering.
KEYWORDS: intensification of work, musculoskeletal disorders, pain, precarization, RSI
LA PRÉCARISATION DU TRAVAIL ET LES TROUBLES MUSCULOSQUELETTIQUES
Rita de Cássia P. Fernandes
Cet article traite de l’analyse de la douleur musculosquelettique en tant qu’expression du déséquilibre entre les capacités humaines et les méthodes d’organisation du travail. Grâce à la combinaison des résultats épidémiologiques et de l’Analyse Ergonomique du Travail (AET), on peut discuter des effets de la précarisation du travail. La stratégie consiste à allier ces deux approches méthodologiques prometteuses pour un dialogue interdisciplinaire. Un relevé des caractéristiques de 14 fabriques de plastique de la Région Métropolitaine de Salvador a été réalisé à partir de leur fonctionnement et de l’organisation de la production ; la composante épidémiologique avec un croquis de coupe transversale part d’un échantillonnage de 557 travailleurs et l’AET a été faite dans le département des finitions de l’une des fabriques. On a pu constater des changements dans l’organisation de la production dus à l’intensification du travail et à l’accélération du rythme des travailleurs qui doivent en même temps utiliser la force pour réaliser des tâches répétitives et dans des postures inadaptées. L’usage excessif du corps permet de comprendre pourquoi les douleurs apparaissent et persistent et l’on a pu constater que de nombreux travailleurs doivent continuer à travailleur dans ces mêmes conditions qui provoquent leur souffrance.
MOTS-CLÉS: intensification du travail, maladies musculosquelettiques, douleur, précarisation, TMS.
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