A DEMOCRACIA BRASILEIRA ESTÁ FUNCIONANDO? Impasses das interpretações institucionalistas do impeachment

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/ccrh.v38i0.67563

Palavras-chave:

Impeachment, Presidencialismo de coalizão, Conservadorismo

Resumo

O artigo analisa duas interpretações do impeachment de Dilma Rousseff identificadas com a tese do presidencialismo de coalizão: Operação Impeachment e Por que a democracia brasileira não morreu?. O argumento é desenvolvido em dois momentos: no primeiro, apontamos como tanto Fernando Limongi como Marcus Melo e Carlos Pereira, entendem o impeachment como o resultado da estratégia de atores políticos; no segundo, destacamos as diferenças entre a interpretação dos autores a respeito da gerência da coalizão de sustentação do governo e a relação que ela teria com o afastamento da presidente do poder. Sustentamos, ao final, que subjacente às interpretações há uma visão conservadora da política com a qual se identificam, de maneira diferente, os adeptos da tese do presidencialismo de coalizão.

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Biografia do Autor

Bernardo Ricupero, Universidade de São Paulo

Doutor em Ciência Política (2002) e livre-docência em Ciência Política pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado pelo Colegio de México (2014). Professor associado da Universidade de São Paulo e bolsista de produtividade do CNPq. Coordena o grupo de pesquisa Pensamento e Política no Brasil. É autor, entre outros, de “Caio Prado Jr. e a nacionalização do marxismo no Brasil” (2000); “O romantismo e a ideia de nação no Brasil (1830 - 1870)” (2004); “Sete lições sobre as interpretações do Brasil” (2008); “Entre Ariel, Caliban e Próspero: dilemas da identidade (latino) americana pensados a partir do Brasil” (2024). Tem experiência na área de Ciência Política, com ênfase em História do Pensamento Político, atuando principalmente nos seguintes temas: pensamento político brasileiro, pensamento político latino-americano, marxismo, nacionalismo e romantismo.

Natália Natarelli, Universidade de São Paulo

Cientista social e jornalista formada pela USP, respectivamente, em 2020 e 2013. Atuou profissionalmente especialmente em organizações de defesa de direitos humanos. Desde 2023 é mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade de São Paulo (PPGCP/USP), onde desenvolve pesquisa no campo do pensamento social e político brasileiro, mais especificamente sobre as relações público-privado em Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda. Suas áreas de maior interesse de pesquisa são: teoria política, pensamento político brasileiro e latinoamericano, história das ideias, história dos conceitos políticos, democracia, republicanismo e direitos humanos.

 

CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA:

Bernardo Ricupero – Supervisão. Conceitualização. Validação. Visualização. Escrita (esboço original). Escrita (revisão e edição)

Natália Natarelli – Conceitualização. Escrita (esboço original). Escrita (revisão e edição).

 

DECLARAÇÃO DE DISPONIBILIDADE DE DADOS:

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Publicado

2025-12-19

Como Citar

Ricupero, B., & Natarelli, N. (2025). A DEMOCRACIA BRASILEIRA ESTÁ FUNCIONANDO? Impasses das interpretações institucionalistas do impeachment. Caderno CRH, 38, e025072. https://doi.org/10.9771/ccrh.v38i0.67563

Edição

Seção

Dossiê 4