COTIDIANO, BEM-VIVER E AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS
DOI:
https://doi.org/10.9771/ns.v14i26.52260Resumo
Este artigo tem como objetivo discutir teoricamente se o cotidiano seria uma categoria abrangente e operacional para a avaliação das políticas públicas. Partindo das discussões contemporâneas sobre as demandas do bem-viver e do bem-estar como objetivos da ação estatal, parte-se das elaborações sobre o cotidiano apresentadas por Agnes Heller e Henri Lefebvre, incrementando-as com noções mais recentes de vulnerabilidade, desenvolvidas por trabalhos da área da assistência social e a da saúde, assim como pesquisas interdisciplinares sobre o cuidado, desenvolvidas pelo campo dos estudos de gênero. Com este propósito, foi utilizada a literatura sobre esses temas, em uma perspectiva inter e multidisciplinar, assim como documentos relativos ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e os textos constitucionais do Brasil, da Bolívia e do Equador. A partir da conceituação de cotidiano no contexto de políticas públicas voltadas para o bem-estar (ou bem-viver), é verificado como a categoria se insere em um fluxo de processos e resultados da formulação, implementação e avaliação dessas políticas. Por fim, é indicado como instrumento possível de verificação empírica do cotidiano as pesquisas de uso do tempo, já desenvolvidas em diversos países, inclusive em território brasileiro. Conclui-se, assim, que o cotidiano, além de ser uma categoria operacional, seu uso é desejável para a avaliação de políticas públicas.
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