A GESTÃO DOS “FUTUROS” NAS DEMOCRACIAS
uma discussão a partir da noção de biopolítica
DOI:
https://doi.org/10.9771/ns.v14i27.45019Palavras-chave:
Gestão Social, Desenvolvimento TerritorialResumo
Este trabalho sobre a biopolítica, de natureza puramente teórica, se propõe a analisar os modos pelos quais “os futuros” tornam-se inteligíveis, praticáveis e governáveis nas democracias liberais contemporâneas. Aposta-se que a questão central da biopolítica não é a morte, muito embora esta dimensão exista; mas o medo das multiplicidades pensadas negativamente como acaso, incerteza, aleatório, eventualidade. Por ter que projetar e maximizar a vida, a biopolítica enfrenta – entre tantas outras – a desmesura do tempo compreendida como excesso perigoso. Conclui-se que o catastrófico, a ameaça potencial às infraestruturas vitais e a paranoica suspeita do outro vergam no aqui e agora os mundos e os sujeitos do amanhã, coadunando biopolítica e niilismo.
Downloads
Referências
AGAMBEN, G. Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2007.
AMOORE, L; DE GOEDE, M. Transactions after 9/11: The Banal Face of the Preemptive Strike. In: Transactions of the Institute of British Geographers, vol. 33, n. 2, apr., 2008, pp. 173-185. https://www.jstor.org/stable/30133355 acesso em 15/05/2021 as 08h17
ANDERSON, B. Preemption, precaution, preparedness: Anticipatory action and future geographies. In: Progress in Human Geography, n. 34, v. 6, 2010a, p. 777–798. https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/0309132510362600 acesso em 15/05/2021 as 08h19
______. Security and the Future: anticipating the event of terror. In: Geoforum, v. 41, 2010b, p. 227-235. https://doi.org/10.1016/j.geoforum.2009.11.002 acesso em 15/05/2021 as 08h20
BECK, Ulrich. Sociedade de risco: rumo a uma nova modernidade. São Paulo: Editora 34, 2019.
BRUNO, F. Máquinas de ver, modos de ser: vigilância, tecnologia e subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2013.
______. Monitoramento, classificação e controle nos dispositivos de vigilância digital. In: Revista Famecos, n. 36, 2008, p. 10-16. https://doi.org/10.15448/1980-3729.2008.36.4410 acesso em 15/05/2021 as 08h21
BRUNO, F.; PIMENTEL, C. A vida no banco de dados: a visibilidade do corpo informacional e previsão das individualidades. In: Contraponto, v. 12, 2005, p. 127-139. https://doi.org/10.22409/contracampo.v0i12.566 acesso em 15/05/2021 as 08h21
BROWN, W. Nas ruínas do neoliberalismo. São Paulo: Editora Filosófica Politeia, 2019.
CALLON, M; RABEHARISOA, V. The growing engagement of emergent concerned groups in political and economic life: lessons from the french association of neuromuscular disease patients. In: Science, Technology, & Human Values, v. 33, n. 2, mar. de 2008, p. 230-261. https://doi.org/10.1177%2F0162243907311264 acesso em 15/05/2021 as 08h21
_______. L'implication des malades dans les activités de recherche soutenues par l'Association française contre les myopathies. In: Sciences sociales et Santé, v. 16, n 3, 1998, p. 41-65. https://doi.org/10.3406/sosan.1998.1435 acesso em 15/05/2021 as 08h23
CASTEL, R. From dangerouness to risk. In: BURCHELL, G.; GORDON, C.; MILLER, P. (org.). The Foucault effect: studies in governmentality: with two lectures by and interview with Foucault. Chicago: the University of Chicago Press, 1991, p. 281-298.
CASTIEL, L; MORAES, D; PAULA, I. Terapeuticalização e os dilemas preemptivistas na esfera da saúde pública individualizada. Revista Saúde Soc., São Paulo, v.25, n.1, p.96-107, 2016. https://doi.org/10.1590/S0104-12902016142788 acesso em 15/05/2021 as 08h23
COOPER, M. Family values: between neoliberalism and the new social conservatism. New York: Zone Books, 2017.
DELEUZE, G. Conversações: 1972-1990. São Paulo: Editora 34, 2008.
______. Foucault. São Paulo: Brasiliense, 2005.
______. Crítica e Clínica. São Paulo: Editora 34, 1997.
DEFERT, D. “Popular life” and insurrance technology. In: BURCHELL, G.; GORDON, C.; MILLER, P. (org.). The Foucault effect: studies in governmentality: with two lectures by and interview with Foucault. Chicago: the University of Chicago Press, 1991, p. 211-236.
DILLON, M. Governing through contingency: the secuity of biopolitical governance. In: Political Geografhy, v. 26, s/n, 2007, p. 41-47. http://dx.doi.org/10.1016/j.polgeo.2006.08.003 acesso em 15/05/2021 as 08h25
EVANS, B. Anticipating fatness: childhood, affect and the pre-emptive 'war on obesity'. In: Transactions of the Institute of British Geographers, vol. 35, n. 1, January 2010, pp. 21-38. http://dx.doi.org/10.1111/j.1475-5661.2009.00363.x acesso em 15/05/2021 as 08h26
EWALD, F. Insurance and risk. In: BURCHELL, G.; GORDON, C.; MILLER, P. (org.). The Foucault effect: studies in governmentality: with two lectures by and interview with Foucault. Chicago: the University of Chicago Press, 1991, p. 197-210.
FOUCAULT, M. História da Sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 2010.
_______. Microfísica do poder. 12 ª ed. Rio de Janeiro: Graal, 2007.
_______. Nascimento da biopolítica: curso dado no Collège de France (1978-1979). São Paulo: Martins Fontes, 2008.
_______. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
GAMBA, M., SANTOS, E. Risco: repensando conceitos e paradigmas. In: Acta Paul, v. 4, n. 19, 2006. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-21002006000400001 acesso em 15/05/2021 as 08h27
GONDIM, G. Do conceito de risco ao da precaução: entre determinismos e incertezas. In: FONSECA, Angélica Ferreira; CORBO, Ana Maria D’Andrea (Org.). O território e o processo saúde-doença. Rio de Janeiro: EPSJV/FIOCRUZ, 2007.
LAKOFF, A. Unprepared: global health in a time of emergency. Oakland, California: University of California Press, 2017.
MASSUMI, B. Potential Politics and the Primacy of Preemption. In: Theory & Event, n. 2, v. 10, 2007. https://doi.org/10.1353/tae.2007.0066 acesso em 15/05/2021 as 08h27
MBEMBE, A. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. São Paulo: Editora n1, 2018.
NOVAS, C; ROSE, N. Genetic risk and the birth of the somatic individual. In: Economy and Society, v. 29, n. 4, nov. de 2000, p. 485-513.
OPHIR, A. The Two-State Solution: Providence and Catastrophe. In: Theoretical Inquiries in Law, v. 8, n. 1, 2007, p. 117-159. http://dx.doi.org/10.2202/1565-3404.1146 acesso em 15/05/2021 as 08h28
PELBART, Peter. O avesso do niilismo: cartografias do esgotamento. São Paulo: n-1, 2016.
RABINOW, P; ROSE, N. O conceito de biopoder hoje. In: Revista de Ciências Sociais, n. 24, abril de 2006, p. 27-57. https://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/politicaetrabalho/article/view/6600 acesso em 15/05/2021 as 08h38
ROSE, N. A política da própria vida: biomedicina, poder e subjetividade no séc. XXI. São Paulo: Paulus, 2013.
_______. Inventando nossos Selfs: psicologia, poder e subjetividade. Rio de Janeiro: Vozes, 2011.
SCOTT et al. Repositioning the patient: the implication of being ‘at risk’. In: Social Science & Medicine, n. 60, 2005, p. 1869-1879. https://doi.org/10.1016/j.socscimed.2004.08.020 acesso em 15/05/2021 as 08h39
VAZ, P. Do normal ao consumidor: conceito de doença e medicamento na contemporaneidade. In: Revista Agora, v. 18, n. 1, janeiro-junho de 2015, p. 51-68. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-14982015000100005 acesso em 15/05/2021 as 08h39
______. A vida feliz das vítimas. In: FREIRE FILHO, J. (Org.). Ser Feliz Hoje: reflexões sobre o imperativo da felicidade. Rio de Janeiro: FGV, 2010.
_____. O destino do fait divers: política, risco e ressentimento no Brasil contemporâneo. In: Revista FAMECOS, n. 35, abril de 2008, p. 51-60. https://doi.org/10.15448/1980-3729.2008.35.4093 acesso em 15/05/2021 as 08h40
_______. O sentido das notícias sobre saúde na cultura contemporânea. In: Revista Eco-Pós, v. 10, n. 1, janeiro-julho de 2007a, p. 107-119.
VAZ, P. et al. O fator de risco na mídia. In: Revista Interface – comunicação, saúde, educação, v. 11, n. 21, janeiro-abril de 2007b, p. 145-153. https://doi.org/10.1590/S1414-32832007000100013 acesso em 15/05/2021 as 08h43
VAZ, P. Consumo e risco: mídia e experiência do corpo na atualidade. In: Revista de Comunicação, Mídia e Consumo, v. 3, n. 6, março de 2006, p. 37-61. http://dx.doi.org/10.18568/cmc.v3i6.58 acesso em 15/05/2021 as 08h43
______. Um corpo futuro. In: PACHECO, Anelise; COCCO, Giuseppe; VAZ, Paulo. (Org.). O trabalho da multidão. Rio de Janeiro: Gryphus, 2002, p. 121-146.
ZORZANELLI, R; ORTEGA, F; BEZERRA JÚNIOR, B. Um panorama sobre as variações em torno do conceito de medicalização entre 1950-2010. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2014, vol.19, n.6, pp.1859-1868. https://doi.org/10.1590/1413-81232014196.03612013
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 NAU Social
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.