A GESTÃO DOS “FUTUROS” NAS DEMOCRACIAS

uma discussão a partir da noção de biopolítica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/ns.v14i27.45019

Palavras-chave:

Gestão Social, Desenvolvimento Territorial

Resumo

Este trabalho sobre a biopolítica, de natureza puramente teórica, se propõe a analisar os modos pelos quais “os futuros” tornam-se inteligíveis, praticáveis e governáveis nas democracias liberais contemporâneas. Aposta-se que a questão central da biopolítica não é a morte, muito embora esta dimensão exista; mas o medo das multiplicidades pensadas negativamente como acaso, incerteza, aleatório, eventualidade. Por ter que projetar e maximizar a vida, a biopolítica enfrenta – entre tantas outras – a desmesura do tempo compreendida como excesso perigoso. Conclui-se que o catastrófico, a ameaça potencial às infraestruturas vitais e a paranoica suspeita do outro vergam no aqui e agora os mundos e os sujeitos do amanhã, coadunando biopolítica e niilismo.

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Biografia do Autor

Augusto Cecchin Bozz, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutor em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (bolsa Doutorado Nota 10 Faperj), mestre em comunicação pela Universidade Federal de Goiás (bolsa Capes) e graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Mato Grosso. É editor-assistente da revista Eco-Pós e bolsista CNPq de Apoio à Difusão de Conhecimento B1 do Programa Especial de Difusão e Popularização da Ciência e Tecnologia do Museu de História Natural do Araguaia. Integrante do Grupo de Pesquisa Limiar - Estudos de Linguagem e Mídia (UFMT), do Grupo de Pesquisa Olhares - Estudos sobre Corpo, Ciência e Tecnologia (UFG) e do Núcleo de Pesquisa NEMES - Estudos de Mídia, Emoções e Sociabilidade (UFRJ). Atuou como professor substituto no curso de Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário do Araguaia. Investiga os jogos de verdade que estruturam a experiência psicológica de si e os testemunhos presentes nas redes sociais. O procedimento de pesquisa é a Genealogia (Nietzsche, Foucault, Butler) e a forma de análise é a arqueologia do discurso. Universo da pesquisa: testemunhos de pessoas que se classificam com transtorno depressivo veiculados nas redes sociais Instagram e Tiktok entre 2015 e 2020.

Suely Henrique de Aquino Gomes, Universidade Federal de Goiás

Professora titular aposentada da Universidade Federal de Goiás. Doutorado em Ciências da Informação pela Universidade de Brasília (1999); mestrado em Automação de Biblioteca - University College London (1991) e graduação em Biblioteconomia pela Universidade de Brasília (1987), Professora do quadro permanente do Programa de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) em Comunicação, Cidadania e Cultura (PPGCOM/FIC), atuando nas linhas de pesquisas Midia e cultura e Mídia e Informação. As pesquisas conduzidas orbitam nos seguintes temas: comunicação científica; popularização da ciência; ciência e gênero; ciência inclusiva; ciência aberta, corpo, ciência e subjetividade; cibercultura, competência informacional; letramento informacional, biopolítica. Coordenou o Curso de especialização na modalidade EAD em Letramento Informacional: a educação para a informação. Fez parte gestão da ABECIN - representante da região Centro-Oeste, em 2016. Coordenadora do curso de Biblioteconomia (2006-2010; 2016- 2018). Foi editora da Revista Comunicação e Informação, mantida pelo PPGCOM/FIC (2016--2018). Coordena desde 2009 o GT - Corpo, Gênero e Subjetividade do Seminário Nacional Mídia, Cultura e Cidadania, organizado pelo PPCGCOM/FIC. Lider do grupo de pesquisa Olhares - Corpo, subjetividade, ciência.

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Publicado

2024-04-03

Como Citar

Bozz, A. C., & Gomes, S. H. de A. (2024). A GESTÃO DOS “FUTUROS” NAS DEMOCRACIAS: uma discussão a partir da noção de biopolítica. NAU Social, 14(27), 1494–1508. https://doi.org/10.9771/ns.v14i27.45019

Edição

Seção

Novos Territórios