REFLEXÃO SOBRE FORMA URBANA E MILITARIZAÇÃO RACIALMENTE GENERIFICADA NO RIO DE JANEIRO (BRASIL)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/ccrh.v37i0.35711

Palavras-chave:

Militarização, Urbano, Racismo, Gênero, Mulheres negras

Resumo

O artigo expõe reflexões suscitadas a partir de pesquisa no período de 2016 a 2019 em torno do acirramento da militarização do espaço urbano no Rio de Janeiro e os impactos sobre a vida das mulheres negras em favelas. Qualifica elementos relativos às determinações classistas, raciais e de gênero no alvo dessa intensificação da militarização nos últimos anos na cidade do Rio de Janeiro (RJ, Brasil), associando à crise estrutural capitalista. A metodologia consistiu em revisão bibliográfica sobre o tema a partir das palavras-chaves, observação participante dos grupos de mulheres em oficinas realizadas ao longo de 2019 e de pesquisa documental e de fontes hemerográficas. Para a análise, considera elementos pretéritos e contemporâneos, tais como a constituição particular das classes sociais na modernidade periférica; recuperando nas origens dessa formação social como a militarização da vida se intensifica não como uma estratégia clara com determinados fins, mas como expressão destrutiva de aprofundamento dessa crise, potencializando a busca de extração de valor sobre vidas que sempre puderam ser perdidas desde a origem da era moderna e, em particular, na sua expressão colonialista periférica.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Tatiana Dahmer Pereira, Universidade Federal Fluminense

Doutora em Planejamento Urbano e Regional pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), assistente social formada pela Escola de Serviço Social (ESS-UFRJ); professora permanente do Programa de Pós- Graduação em Serviço Social e Desenvolvimento Regional (PPGSSDR) pela ESS, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Docente associada da ESS-UFF. Pesquisadora apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) (Bolsa PQ Nível 2 - Processo: 3127 29/2018-9).

 

CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA:

Tatiana Dahmer Pereira – Conceitualização, Escrita – esboço original; Escrita – revisão e edição; Metodologia; Curadoria de dados; Investigação.

Referências

ALMEIDA, S. L. de. Racismo estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro: Pólen, 2019. (Feminismos Plurais).

ANDRADE, V. R. Pereira de. Horizonte de projeção do controle penal no capitalismo neoliberal. In: ABRAMOVAY, P. V.; BATISTA, V. M. (org.). Depois do grande encarceramento. Rio de Janeiro: Revan, 2010. p. 33-52.

ARANTES, O. B. F. Uma estratégia fatal A cultura nas novas gestões urbanas. In: ARANTES, Otília Beatriz Fiori. Uma estratégia fatal: a cultura nas novas gestões urbanas. A cidade do pensamento único: desmanchando consensos. Tradução. Petrópolis: Vozes, 2000. p. 11-74

BARREIRA, M.; BOTELHO, M. L. O Exército nas ruas: da Operação Rio à ocupação do Complexo do Alemão.Notas para uma reconstituição da exceção urbana. In: BRITO, F.; OLIVEIRA, P. R. de (org.). Até o último homem: visões cariocas da administração armada da vida social. São Paulo: Boitempo, 2013. p. 115-128. (Coleção Estado de Sítio, n. 17).

BARROS, R.; GUARIENTO, S. (org.). Mapeamento de fluxos de atendimento para mulheres: estratégias e ações contra a violência institucional no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: FASE, 2019. Disponível em: https://fase.org.br/wpcontent/uploads/2020/03/relatorio-atendimento- versao-digital-revisado.pdf. Acesso em: 20 ago. 2022.

BATISTA, V. M. Difíceis ganhos fáceis: droga e juventude pobre no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Revan, 1998.

BATISTA, V. M.O medo na cidade do Rio de Janeiro: dois tempos de uma história. Rio de Janeiro: Revan, 2003.

BECK, K. Feminismo branco: das sufragistas às influenciadoras e quem elas deixam para trás. Rio de Janeiro: Harper Collins, 2021.

BENTO, C. Pacto da branquitude. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

BOTELHO, M. L. Guerra aos “vagabundos”: sobre os fundamentos sociais da militarização em curso. In: OLIVEIRA, P. R. de; BRITO, F. (org.). Até o último homem: visões cariocas da administração armada da vida social. São Paulo: Boitempo editorial, 2018. p. 115-128.

BUENO, S.; MARQUES, D.; PACHECO, D. As mortes decorrentes de intervenção policial no Brasil em 2020. Anuário Brasileiro de Segurança Pública, Rio de Janeiro, p. 59-69,2021. Disponível em: https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2021/07/4-as-mortes-decorrentes-de-intervencaopolicial-no-brasil-em-2020.pdf. Acesso em 19 set. 2024.

CARDOSO, A. Escravidão e sociabilidade capitalista: um ensaio sobre inércia social. Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, n. 80, p. 71-88, 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/nec/a/rQ69pSZsgmm9ByXjVNRVGwP/. Acesso em: 1 set. 2022

CHALHOUB, S. Cidade febril: cortiços e epidemias na corte imperial. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

COLLINS, P. H.O que é um nome? Mulherismo, Feminismo Negro e além disso. Cadernos Pagu, Campinas, n. 51, e175118, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cpa/a/P3Hpz4XQsPqSqJJLm9KH6tC/abstract/?lang=pt. Acesso em: 25 ago. 2022.

DAVIS, A. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016.

EILENBERGER, W. Tempo de Mágicos: a grande década da filosofia: 1919-1929. São Paulo: Todavia, 2019.

FANON, F. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.

FLAUZINA, A. L. P. Corpo negro caído no chão: o sistema penal e o projeto genocida do Estado brasileiro. Brasília, DF: Brado Negro, 2017.

GONZALEZ, L.; HASENBALG, C. Lugar de Negro. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1982. (Coleção 2 pontos, v. 3).

GORENDER, J. O escravismo colonial. São Paulo: Expressão Popular: Fundação Perseu Abramo, 2016. Disponível em: https://fpabramo.org.br/publicacoes/wp-content/uploads/sites/5/2021/11/Escravismo-Colonial-Web.pdf. Acesso em: 20 ago. 2022.

GRAHAM, S. Cidades sitiadas: o novo urbanismo militar. São Paulo: Boitempo, 2016.

HARVEY, D. Espaços de Esperança.São Paulo: Loyola, 2004.

HOLLANDA, H.B. de(org.). Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019.

IANNI, O. A ideia de Brasil moderno. Resgate: revista interdisciplinar de cultura, Campinas, v. 1, n. 1, p. 19-38, 1990. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/resgate/article/view/8645452. Acesso em: 20 ago. 2022.

IANNI, O. Escravidão e Racismo. São Paulo: Hucitec, 1988.

KILOMBA, G. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.

KURZ, R. O colapso da modernização: da derrocada do socialismo de caserna à crise da economia mundial. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2004.

LADEIA, P. S. S.; MOURÃO, T. T.; MELO, E. M. O silêncio da violência institucional no Brasil. Revista Médica de Minas Gerais, Belo Horizonte, v. 26, n. 8, p. 398-401, 2016, Suplemento.

MARQUESE, R. de B. A dinâmica da escravidão no Brasil:resistência, tráfico negreiro e alforrias, séculos XVII a XIX. Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, n. 74, p. 107-23, mar. 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/j/nec/a/xB5SjkdK7zXRvRjKRXRfKPh/. Acesso em: 20 ago. 2022.

MBEMBE, A. Crítica da razão negra. São Paulo: n-1 edições, 2018.

MENEGAT, M. A crítica do capitalismo em tempos de catástrofe: o giro dos ponteiros do relógio no pulso de um morto. Rio de Janeiro: Consequência, 2019.

MÉSZÁROS, I. Crise estrutural. 2. ed. rev. Ampl. São Paulo: Boitempo, 2011.

MUSUMECI, L.UPP: Última chamada. Visões e expectativas dos moradores de favelas ocupadas pela Polícia Militar na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: CESeC, 2017. Disponível em: https://cesecseguranca.com.br/livro/upp-ultima-chamada-visoes-e-expectativas-dosmoradores-de-favelas-ocupadas-pela-policia-militar-nacidade-do-rio-de-janeiro/. Acesso em: 20 ago. 2022.

NAIDIN, S. Letalidade policial: problema ou projeto? Boletim Segurança e Cidadania, Rio de Janeiro, n. 27, p. 1-30, 2020. Disponível em: https://cesecseguranca.com.br/boletim/letalidade-policial-problema-ou-projeto/. Acesso em: 20 ago. 2022.

NASCIMENTO, A. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. São Paulo: Perspectiva, 2016.

PEREIRA, T. D. Mulheres em movimento: lutas sociais urbanas contemporâneas, resistências contra opressões e criminalização. Niterói, 2018. Projeto de Pesquisa para apoio PIBIC. Não publicado.

ROLNIK, R. Guerra dos lugares: a colonização da terra e da moradia na era das finanças. São Paulo: Boitempo, 2015.

SILVA, P. P. da; NUNES, P. Intervenção Federal no Rio de Janeiro cinco anos depois: uma análise de operações policiais na região metropolitana do Rio de Janeiro entre 2018 e 2022. Rio de Janeiro: CESEC, 2023. Relatório de Pesquisa.

SANTOS, M. S. dos. A prisão dos ébrios, capoeiras e vagabundos no início da Era Republicana. TOPOI, Rio de Janeiro, v. 5, n. 8, p. 138-169, jan./jun. 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/topoi/a/DPRr6kxK4gx8k56fN9tvGKc/?lang=pt. Acesso em: 20 ago. 2022.

SOUZA, M. L. de. Militarização da questão urbana. Lutas Sociais, São Paulo, n. 29, p. 117-129, jul./dez. 2012. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/ls/article/view/18501. Acesso em: 20 ago. 2022.

WILLIAMS, E. Capitalismo e Escravidão. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

ZACCONE, O. Indignos de Vida. A Forma Jurídica da Política de Extermínio de Inimigos na Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Ed. Revan, 2015.

ZAVERUCHA, J. Frágil Democracia e Militarização do Espaço Público no Brasil. In: ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS, 12., 1999, Caxambu. Anais [...]. Rio de Janeiro: Universidade Federal Fluminense, 1999.

ZAVERUCHA, J. The 1988 Brazilian Constitution and its Authoritarian Legacy: Formalizing Democracy while Gutting its Essence.Journal of Third World Studies, Florida,v. 15, n. 1, p. 105-124, 1998. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/45197786. Acesso em: 23 ago. 2022.

ZUBOFF, S. Big other: surveillance capitalism and the prospects of an information civilization. Journal of Information Technology, [United Kingdom], v. 30, n. 1, p. 75-89, 2015. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/10.1057/jit.2015.5. Acesso em: 20 ago. 2022.

Downloads

Publicado

2024-10-14

Como Citar

Dahmer Pereira, T. . (2024). REFLEXÃO SOBRE FORMA URBANA E MILITARIZAÇÃO RACIALMENTE GENERIFICADA NO RIO DE JANEIRO (BRASIL). Caderno CRH, 37, e024013. https://doi.org/10.9771/ccrh.v37i0.35711