TOLERÂNCIA POLÍTICA NO BRASIL RECENTE: evolução de indicadores e condicionantes

Autores

  • Ednaldo Ribeiro Universidade Estadual de Maringá. Departamento de Ciências Sociais. Universidade Federal do Paraná. Programa de Pós-graduação em Ciência Política. http://orcid.org/0000-0002-4005-5108
  • Julian Borba Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Departamento de Sociologia e Ciência Política. Centro de Filosofia e Ciências Humanas. http://orcid.org/0000-0002-0149-6533

DOI:

https://doi.org/10.9771/ccrh.v32i87.23749

Palavras-chave:

Tolerância política. Brasil. Comportamento político.

Resumo

Combinando contestação pública com participação política, a democracia é igualmente dependente de um ambiente de tolerância política. Uma democracia de qualidade não poderia existir em um ambiente marcado por forte intolerância, no qual as pessoas não têm oportunidade de expor as suas opiniões e debater suas ideais. Essa condicionalidade impõe dificuldades para o processo de aprimoramento da democracia brasileira, especialmente considerando os conturbados últimos anos. A atual crise política, iniciada com os protestos que culminaram com o impeachment da Presidente Dilma Rousseff e ainda sem data para terminar, tem sido marcada por forte contenciosidade e manifestações de intolerância das diferentes partes envolvidas na disputa. Diante desse cenário, este artigo apresenta um quadro da tolerância política no Brasil recente.
Utilizando a série histórica de dados de opinião pública do Latin American Public Opinion Project (LAPOP), analisamos a evolução de diferentes indicadores de atitudes politicamente tolerantes e, para além desses contornos gerais, exploramos possíveis condicionantes sociodemográficos, atitudinais e comportamentais. Os dados indicam que, em todos indicadores, a opinião dos brasileiros tende a ser majoritariamente tolerante para o conjunto das medidas adotadas, verificando-se, porém, um declínio em todas elas quando observada
a pesquisa de 2014. Quanto aos determinantes da tolerância, foram encontradas evidências de que tais atitudes estão relacionadas com maiores níveis de mobilização cognitiva dos eleitores.

 

POLITICAL TOLERANCE IN RECENT BRAZIL: evolution of indicators and conditioning factors

Combining public contestation with political participation, democracy is equally dependent on an environment of political tolerance. A quality democracy could not exist in an environment marked by strong intolerance, in which people do not have the opportunity to express their opinions and debate their ideals. This conditionality imposes difficulties for the process of improving Brazilian democracy, especially considering the troubled past years. The current political crisis, which began with the protests that culminated in the impeachment of President Dilma Rousseff and has not yet ended, has been marked by strong contentiousness and manifestations of intolerance by the different parties involved in the dispute. Given this scenario, this article presents a framework of political tolerance in recent Brazil. Using the Latin American Public Opinion Project’s (LAPOP) historical data series, we analyze the evolution of different indicators of politically tolerant attitudes and, beyond these general contours, explore possible socio-demographic, attitudinal and behavioral determinants. The data indicate that in all indicators, the opinion of Brazilians tends to be mostly tolerant for the set of measures adopted, however, there was a decline in all of them when observing the 2014 survey. Regarding the determinants of tolerance, we found evidence that such attitudes are related to higher levels of voter cognitive mobilization.

Key-words: Political tolerance. Brazil. Political behavior.

 

TOLÉRANCE POLITIQUE AU BRÉSIL RÉCENT: évolution des indicateurs et des facteurs de conditionnement

La combinaison de protestations du public avec la participation politique, la démocratie dépend également d’un environnement de tolérance politique. La qualité de la démocratie ne pouvait pas exister dans un environnement marqué par une forte intolérance dans laquelle les gens ont pas la possibilité d’exprimer leurs points de vue et discuter de leurs idéaux. Cette conditionnalité impose des difficultés pour le processus d’amélioration de la démocratie brésilienne, surtout compte tenu des turbulences ces dernières années. La crise actuelle,
qui a commencé avec les protestations qui ont conduit à la destitution du président Dilma Rousseff et toujours pas de date de fin a été marquée par un fort contentieux et manifestations d’intolérance par les différentes parties impliquées dans le différend. Dans ce scénario, cet article présente un cadre de tolérance politique dans le récent Brésil. Avec l’utilisation de la série historique des données d’opinion publique du projet sur l’opinion publique latino-américain (LAPOP), nous analysons l’évolution des différents indicateurs d’attitudes de tolérance politique et en plus de ces grandes lignes, nous explorons possibles contraintes socio-démographiques, des attitudes et du comportement. Les données indiquent que, dans tous les indicateurs, l’opinion des brésiliens a tendance à être généralement tolérante pour l’ensemble des mesures adoptées, cependant, il y a eu une baisse de chacun d’entre eux lors de l’observation de l’enquête de 2014. En ce qui concerne les déterminants de la tolérance, nous avons trouvé des preuves que ces attitudes sont liées à des niveaux plus élevés de mobilisation cognitive des électeurs.

Mots-clés: Tolérance politique. Brésil. Comportement politique.

 

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Biografia do Autor

Ednaldo Ribeiro, Universidade Estadual de Maringá. Departamento de Ciências Sociais. Universidade Federal do Paraná. Programa de Pós-graduação em Ciência Política.

Doutor em Sociologia Política. Professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Maringá e do Programa de Pós-graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Paraná. Coordenador Adjunto do Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas da Universidade Estadual de Maringá, Integra o Núcleo de Pesquisas em Participação Política (NUPPOL), desenvolvendo pesquisas na área de Comportamento Político. Publicações recentes: Determinantes contextuais da coesão do sistema de crenças democrático: evidências a partir da América Latina (Revista Brasileira de Ciência Política, 2019, com Mario Fuks e Gabriel Casalecchi); Contexto democrático, escolaridade e tolerância política na América Latina (Revista Latino-americana de Opinión Pública, 2019, com Julian Borba e Mario Fuks); Personalidade e Comparecimento Eleitoral na América Latina: efeitos de características psicológicas individuais em contextos de obrigatoriedade (Dados – Revista de Ciências
Sociais, 2019, com Julian Borba); Tolerância política no Brasil (Opinião Pública, 2019, com Mario Fuks), Determinantes individuais e de contexto da simpatia partidária (Revista Brasileira de Ciências Sociais,
2018, com Julian Borba, Yan Carreirão e Éder Gimenes).

Julian Borba, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Departamento de Sociologia e Ciência Política. Centro de Filosofia e Ciências Humanas.

Doutor em Ciência Política. Realizou estágio pós doutoral no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (2010-2011). Professor da Universidade Federal de Santa Catarina. Pesquisador do CNPq. Entre agosto de 2019 e julho de 2020 está atuando como Visting Scholar junto ao Center for Iberian and Latin American Studies, University of California, San Diego (CILAS/UCSD). Tem experiência na área de Ciência Política, tendo se dedicado aos seguintes temas: participação política, cultura política e comportamento eleitoral. Coautor de Participação Política na América Latina (Eduem, 2015).

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Publicado

2019-12-31

Como Citar

Ribeiro, E., & Borba, J. (2019). TOLERÂNCIA POLÍTICA NO BRASIL RECENTE: evolução de indicadores e condicionantes. Caderno CRH, 32(87), 641–657. https://doi.org/10.9771/ccrh.v32i87.23749