ENTRE A BELEZA DO MORTO E A CULTURA VIVA: a(s) cultura(s) popular(es) na virada do milênio e seus mediadores simbólicos

Autores

  • Maria Celeste Mira PUC-SP

DOI:

https://doi.org/10.9771/ccrh.v29i78.19995

Palavras-chave:

Cultura popular, Tradição, Cultura brasileira, Políticas culturais-intelectuais

Resumo

O objetivo do artigo é contribuir para o debate sobre o tema da “cultura popular”, abraçado na universidade por diferentes disciplinas como a Antropologia, a História, a Literatura, a Sociologia e outras. Trata-se de um conceito que, apesar de sua extrema ambiguidade, quando menos se espera, volta a nos interrogar. Considerando o ressurgimento do interesse pelas práticas relacionadas a essa noção, no final do século XX, o texto tenta responder, em que medida elas a transformaram mais uma vez. Partindo do princípio de que o conceito de cultura popular é formulado por intelectuais, como mediadores simbólicos entre as classes populares e outros grupos de interesse, a metodologia adotada foi o estudo dos agentes culturais atualmente envolvidos com a questão, a saber: os próprios folcloristas, as ONGs, gestores culturais do Estado e grupos informais na cidade de São Paulo. Após o exame de algumas práticas e crenças dos novos intelectuais da cultura popular, conclui-se haver mudanças relevantes em relação ao período folclorista, embora vários traços do velho conceito resistam ao tempo e mesmo se fortaleçam com sua associação à causa da “diversidade cultural”.

BETWEEN THE BEAUTY OF THE DEAD AND THE LIVING CULTURE: the popular culture(s) in the turn of the millennium and its symbolic mediators

The objective of this article is to contribute with the debate about the subject of “popular culture”, studied in the Academia by different disciplines such as Anthropology, History, Literature, Sociology, among others. It is a concept that, besides its extreme ambiguity, when least expected makes us question ourselves again. Considering the resurgence of the interest in practices related to this concept by the end of the 20th century, this text aims to answer in which measure this concept was once again transformed. Starting at the principle that the concept of popular culture is formulated by intellectuals, the methodology used was the study of cultural agents involved with this question which include folklorists, NGOs, State cultural managers and informal groups of the city of São Paulo. After the examination of some practices and believes of the new intellectuals of the popular culture, it is concluded that relevant changes have occurred since the folklorist period, although some traces of the old concept resist the passing of time and get stronger with the association with “cultural diversity”.

Key words: Popular culture; Tradition; Brazilian culture; Cultural politics; Intellectuals

 

ENTRE LA BEAUTÉ DU MORT ET LA CULTURE VIVANTE: la(les) culture(s) populaire(s) au passage du millénaire et ses (leurs) médiateurs symboliques

L’objectif de cet article est d’apporter une contribution au débat concernant le thème de la “culture populaire”, thème adopté à l’université par différentes disciplines telles que l’anthropologie, l’histoire, la littérature, la sociologie et d’autres encore. Il s’agit d’un concept qui, malgré son énorme ambiguïté, nous remet en question au moment où on s’y attend le moins. Compte tenu de la résurgence d’un intérêt pour les pratiques liées à cette notion à la fin du XXe siècle, le texte essaie de dire dans quelle mesure elles l’ont à nouveau transformée. En partant du principe selon lequel le concept de culture populaire est formulé par des intellectuels jouant le rôle de médiateurs symboliques entre les classes populaires et les autres groupes d’intérêt, la méthodologie adoptée fut d’étudier les agents culturels actuellement concernés par cette question, à savoir: les folkloristes eux-mêmes, les ONG’s, les gestionnaires culturels de l’état et les groupes informels de Sao Paulo. Suite à l’analyse de certaines pratiques et croyances des nouveaux intellectuels de la culture populaire, on en conclut qu’il y a eu des changements importants par rapport à la période folkloriste, même si plusieurs caractéristiques de l’ancien concept résistent au temps, ou encore se fortifient par leur association à la cause de la “diversité culturelle”.

Key words: Culture populaire; Tradition; Culture brésilienne; Politiques culturelles-intellectuelles

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Biografia do Autor

Maria Celeste Mira, PUC-SP

É livre-docente em Antropologia e Sociologia da Cultura pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2014). Possui graduação em Direito pela Universidade de São Paulo - USP (1977), graduação (1983) e mestrado (1990) em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP, doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP (1997) e estágio pós-doutoral na École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris (2002). É professora assistente-doutora do Departamento de Antropologia e do Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUC/SP. É autora, dentre outros, dos livros O leitor e a banca de revistas: a segmentação da cultura no século XX e Circo eletrônico. Silvo Santos e o SBT. Tem experiência nas áreas de Antropologia Urbana e Sociologia da Cultura. Trabalha principalmente com os seguintes temas: cultura popular, cultura brasileira, políticas culturais, indústria cultural, consumo, lazer, entretenimento e práticas corporais. É líder do GEPRACC - Grupo de Estudos de Práticas Culturais Contemporâneas (www.praticasculturais.org.br), certificado pela instituição em 2008.

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Publicado

2017-08-23

Como Citar

Mira, M. C. (2017). ENTRE A BELEZA DO MORTO E A CULTURA VIVA: a(s) cultura(s) popular(es) na virada do milênio e seus mediadores simbólicos. Caderno CRH, 29(78), 427–442. https://doi.org/10.9771/ccrh.v29i78.19995