FESTAS DO ROSÁRIO COMO PATRIMÔNIO: entre o vivido e a prática estatal

Autores/as

  • Mariana Ramos de Morais Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais.

DOI:

https://doi.org/10.9771/ccrh.v32i86.27564

Palabras clave:

Festa, Rosário de Maria, Patrimônio cultural imaterial, Salvaguarda, Globalização.

Resumen

Este artigo aborda o registro das festas dedicadas ao Rosário de Maria como um patrimônio cultural imaterial do Brasil. Desde 2008, está em curso o processo de patrimonialização dessas festas no âmbito nacional. Essa ação se inscreve no controverso domínio do patrimônio cultural imaterial difundido em escala global pela UNESCO e que se baseia em um discurso que confere à globalização a capacidade de homogeneizar as culturas. A diversidade cultural do planeta estaria, assim, ameaçada. Diante dessa ameaça, haveria a necessidade de salvaguardar certas práticas culturais. Porém, no referido caso, trata-se de festas. As festas, notadamente as religiosas, são entendidas como o momento da produção do fato coletivo, da vida. E, dada a sua própria dinâmica, as festas não estariam em vias de desaparecimento. Dessa forma, o argumento estatal para registrar as festas como patrimônio entra em tensão com sua própria dinâmica.

 

THE HERITAGIZATION OF THE OUR LADY OF THE ROSARY’S FESTIVALS: between social life and state’s practices

This paper is about the heritagization of the Our Lady of the Rosary’s festivals, also named “Congadas de Minas”, in Brazil. This process started in 2008 by the Brazilian federal agency for cultural heritage, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). The immaterial cultural heritage policy is based on the statement that the globalization threatens the cultural diversity in the planet. For that reason, some cultural practices, such as the Our Lady of the Rosary’s festivals, should be preserved. Nevertheless, in this specific case, the cultural practice is a festival. The festivals, especially the religious ones, are the moment when the collective phenomenon that animates social life is produced. Because of their own dynamic, the festivals do not have a risk to disappear. Therefore, the argument that bases the heritagization policies is in conflict with the dynamic of the Our Lady of the Rosary’s festivals.

Key words: Festival; Our Lady of the Rosary; Immaterial cultural heritage; Safeguarding; Globalization


LES FETES DU ROSAIRE EN TANT QUE PATRIMOINE: entre le vecu et la pratique de l’état

Cet article porte sur la patrimonialisation de fêtes en hommage à Notre-Dame du Rosaire, appelée aussi “Congadas de Minas”, au Brésil. Depuis 2008, ce processus est en cours par l’organisme gouvernemental en charge de la politique du patrimoine, l’Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Cette action patrimoniale est inscrite dans le controversé domaine du patrimoine culturel immatériel, diffusé globalement par l’Unesco et basé sur le discours selon lequel la mondialisation a la capacité d’homogénéiser les cultures. La diversité culturelle de la planète serait, ainsi, menacée. À cause de cela, les États devraient préserver quelques pratiques culturelles. Cependant, le cas mentionné faire référence aux fêtes, notamment aux fêtes religieuses, qui sont le moment de la production du fait collectif, de la vie sociale. De cette façon, grâce à sa propre dynamique, ces fêtes ne sont pas menacées de disparition. Par conséquent, l’argumentation de l’État pour mise en patrimoine les fêtes de Notre-Dame du Rosaire est en conflit avec la dynamique de ces fêtes.

Key words: Fête; Notre-Dame du Rosaire; Patrimoine culturel immatériel; Sauvegarde; Mondialisation


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Biografía del autor/a

Mariana Ramos de Morais, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais.

Doutora em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), com pós-doutorado nessa mesma instituição e outro na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), França. Pesquisadora associada do Centre d’Études en Sciences Sociales du Religieux (CéSor), da EHESS. Autora dos livros Nas teias do sagrado: registros da religiosidade afro-brasileira em Belo Horizonte, de 2010; Banda de cá, banda de lá: Umbanda para crianças, de 2012; De religião a cultura, de cultura a religião: travessias afro-religiosas no espaço público (sua principal publicação), de 2018; Co-organizadora, com Stefania Capone, da publicação Afro-Patrimoines: culture afro-brésilienne et dynamiques patrimoniales, de 2015.

Publicado

2019-11-04

Cómo citar

Ramos de Morais, M. (2019). FESTAS DO ROSÁRIO COMO PATRIMÔNIO: entre o vivido e a prática estatal. Caderno CRH, 32(86), 435–448. https://doi.org/10.9771/ccrh.v32i86.27564