GUERREIRO RAMOS INTERPELA A UNESCO: ciências sociais, militância e antirracismo

Autores

  • Marcos Chor Maio Fundação Oswaldo Cruz

DOI:

https://doi.org/10.9771/ccrh.v28i73.19859

Palavras-chave:

Racismo. Teatro Experimental do Negro. Alberto Guerreiro Ramos. Pensamento Social no Brasil. Unesco. História das ciências sociais.

Resumo

Este artigo analisa as críticas de Guerreiro Ramos à proposta da Unesco de patrocinar uma série de pesquisas sobre as relações raciais no Brasil no início dos anos 1950. O estudo analisa os trabalhos de Guerreiro Ramos entre 1946 e 1950, considerando suas críticas à tradição de estudos afro-brasileiros, suas abordagens acerca do preconceito de cor sob o prisma das intersecções entre sociologia e psicologia social e as reflexões do cientista social sobre a necessidade de formação de uma intelligentsia negra com o objetivo de combater a discriminação racial no país. Apesar da proposta de Guerreiro Ramos de um Congresso Internacional sobre Raças, ao invés de uma pesquisa acadêmica, não ter vingado, ela gerou um efeito não previsto com a ampliação e diversificação dos estudos da Unesco. Concorreu para tal mudança a existência de um cenário em aberto que foi sendo construído a partir da atuação autônoma de uma rede transatlântica de cientistas sociais progressistas, com experiências diversas de ensino e/ou pesquisa no Brasil e sensível às demandas apresentadas no 1º. Congresso do Negro Brasileiro, patrocinado pelo Teatro Experimental do Negro (TEN).

Palavras-chave : Racismo; Teatro Experimental Do Negro; Alberto Guerreiro Ramos; Pensamento Social No Brasil; Unesco; História Das Ciências Sociais.

Guerreiro Ramos challenges Unesco: social sciences, activism, and anti-racism.
Marcos Chor Maio

The article analyzes Guerreiro Ramos’ criticisms of the UNESCO proposal to promote a series of studies on race relations in Brazil in the early 1950s. Focusing on the scholar’s work from 1946 to 1950, the article explores his criticism of the tradition of African-Brazilian studies, his approaches to color prejudice from the perspective of the intersection of sociology with social psychology, and his thoughts on the need to forge a black intelligentsia in order to combat racial discrimination in Brazil. Although Guerreiro Ramos’ proposal to replace the UNESCO academic research agenda with an International Conference on Race was not embraced, the idea had the unexpected effect of contributing to the expansion and diversification of UNESCO studies. The latter changes were facilitated by an open-ended scenario made possible by the autonomous work of a Transatlantic network of progressive social scientists who had diverse experiences in teaching and/or research in Brazil and who were sensitive to the demands presented at the First Brazilian Black Congress, sponsored by the Black Experimental Theater (TEN).

Palavras-chave : Anti-racism; Alberto Guerreiro Ramos; black Experimental Theater; Social Thought In Brazil; History Of Social Sciences; Unesco.

Guerreiro Ramos interpelle l’Unesco: sciences sociales, militance et antiracisme.
Marcos Chor Maio

L’objectif de cet article est d’analyser les critiques que Guerreiro Ramos a faites à la proposition de l’UNESCO de promouvoir toute une série de recherches sur les relations raciales au Brésil au début des années 50. L’étude analyse les travaux de Guerreiro Ramos de 1946 à 1950 en prenant en considération les critiques faites à la tradition des études afro-brésiliennes, les intersections entre la sociologie et la psychologie sociale et les réflexions du chercheur en sciences sociales sur le besoin de créer une intelligentsia noire en vue de combattre la discrimination raciale dans le pays. Bien que la proposition de Guerreiro Ramos de former un Congrès Internationale sur les Races, au lieu d’une recherche universitaire, n’aie pas abouti, elle a eu un effet non escompté avec l’augmentation et la diversification des études de l’UNESCO. L’avè...

Palavras-chave: Racisme; Théâtre Expérimental Du Noir; Alberto Guerreiro Ramos; Pensée Sociale Au Brésil; Histoire Des Sciences Sociales; Unesco.


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Biografia do Autor

Marcos Chor Maio, Fundação Oswaldo Cruz

Doutor em Ciência Política. Professor do Programa de Pós-graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz, PPGHCS/COC/Fiocruz. Pesquisador da Casa de Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq 1B. Suas áreas de pesquisa e ensino são: História das Ciências Sociais no Brasil; Raça, Ciência e Saúde no Pensamento Social Brasileiro; Organizações Internacionais e Políticas Nacionais. Atualmente desenvolve pesquisas que versam sobre ciências sociais, estudos de comunidade e saúde no Brasil; interfaces entre sociologia, antropologia e psicologia social nos estudos sobre raça e racismo no Brasil; políticas sociais com recorte racial no campo da saúde pública no Brasil. Publicações recentes: Health at the dawn of development: the thought of Abraham Horwitz. História, Ciências, Saúde-Manguinhos (Impresso), v. 22, p. 69-93, 2015; O contraponto paulista: Florestan Fernandes, Oracy Nogueira e o Projeto Unesco de relações raciais. Antíteses (Londrina), v. 7, n. 13, p. 10-39, 2014; Sob o signo do Acordos de Oslo: perspectivas diversas sobre o conflito israelo-palestino. História (São Paulo. Online), v. 33, p. 3-13, 2014. Donald Pierson e o Projeto do Vale do Rio São Francisco: cientistas sociais em ação na era do desenvolvimento. Dados, v. 56, n. 2, p. 245-284, 2013.

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Publicado

2015-09-30

Como Citar

Chor Maio, M. (2015). GUERREIRO RAMOS INTERPELA A UNESCO: ciências sociais, militância e antirracismo. Caderno CRH, 28(73). https://doi.org/10.9771/ccrh.v28i73.19859