JATARISHUN: revoltas indígenas camponesas do Equador e Bem Viver

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/ccrh.v35i0.48460

Palavras-chave:

Movimentos sociais., Ação direta, Povos indígenas camponeses, Bem viver, Equador

Resumo

Este artigo analisa os Movimentos Indígenas Camponeses (MICs) do Equador como força social e ator político. Ao propor uma alternativa à crise equatoriana baseada nos valores do sumak kawsay (bem viver), os MICs ampliam espaços democráticos e formulam uma acepção expandida de cidadania. Focalizam-se os acontecimentos da greve nacional de 2019 no Equador, em diálogo retrospectivo com mobilizações anteriores. O artigo se baseia nos testemunhos do povo Kayambi, coletados antes e depois da greve, em entrevistas semiestruturadas e trabalho etnográfico. Os dados evidenciam que a memória de lutas anteriores foi uma motivação essencial para a emergência das manifestações. Ademais, a unidade e a solidariedade entre atores rurais e outros setores da sociedade equatoriana foram a base do poder e da força da greve. Em diálogo com o campo das “Políticas rurais emancipadoras”, aportam-se contribuições às abordagens críticas sobre o papel dos povos indígenas camponeses nas lutas por alternativas de vida.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Larissa Da Silva Araujo, Instituto de Altos Estudos Internacionais e de Desenvolvimento (Genebra, Suíça)

Doutoranda em Antropologia e Sociologia no Instituto de Altos Estudos Internacionais e de Desenvolvimento, Suíça. Trabalha com temas relacionados a alternativas sistêmicas, movimentos indígenas e camponeses, movimentos de mulheres e agroecologia. Militante do Coletivo GRITO, Suíça. Suas publicações mais recentes são: “Prácticas cotidianas agroecológicas hacia el Sumak Kawsay/Buen Vivir en el territorio del Pueblo Kayambi – Cayambe, Ecuador” (2021); e “¿Convivencia en armonía? La lucha de las chakareras contra de la violencia de género” (2021).

Ana Tereza Reis da Silva, Universidade de Brasilia

Professora associada 3 da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), atuando no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) e no Mestrado em Sustentabilidade junto a Povos e Territórios Tradicionais (MESPT), ambos na UnB. Líder do Grupo de Pesquisa Educação, Saberes e Decolonialidades (GPDES/CNPq). Suas publicações mais recentes são: “A diversidade cultural como potência pedagógica: do encontro à educação intercultural” (2021); e “Trajetórias formativas de musicistas negros no pós-abolição (1890-1930)” (2022, no prelo).

Referências

ALVAREZ, S. et al. Cultures of Politics/Politics of Cultures: re-visioning Latin American social movements. Boulder: Westview Press, 1998.

BECKER, M. 2008. Indians and leftists in the making of Ecuador’s modern Indigenous Movements. London: Duke University Press, 2008.

BECKER, M. et al. Historia agraria y social de Cayambe. Quito: Abya-Yala, 2009

BERNSTEIN, H. Food sovereignty via the ‘peasant way’: a skeptical view. The Journal of Peasant Studies, [s. l.], v. 41, n. 6, p. 1031-63, 2014. doi: 10.1080/03066150.2013.852082

BREDA, T. O Equador é verde: Rafael Correa e os paradigmas do desenvolvimento. São Paulo: Editora Elefante, 2011.

CERVONE, E. Long live Atahualpa: indigenous politics, justice and democracy in the Northern Andes. London: Duke University Press. 2009.

COLLOREDO-MANSFELD, R. Fighting like a community: Andean civil society in an era of Indian uprisings. Chicago: University of Chicago Press, 2009.

CORTEZ, D. Genealogía del “buen vivir” en la nueva constitución ecuatoriana. In: FORNET-BETANCOURT, R. Gutes Leben als humanisiertes Leben: Vorstellungen vom guten Leben in den Kulturen und ihre Bedeutung für Politik und Gesellschaft heute. Studien zur Befreiung und Interkulturalität, Berlin, n. 30, p. 227-248, 2010. Disponível em: https://homepage.univie.ac.at/heike.wagner/SUMAK%20KAWSAY%20EN%20ECUADOR.%20DAVID%20CORTEZ.pdf

CUSICANQUI, S. Un mundo ch’ixi es possible: ensayos desde un presente en crisis. Buenos Aires: Tinta Limón, 2018.

DE LA TORRE, C. In the name of the people: democratization, popular organization, and populism in Venezuela, Bolivia and Ecuador. Revista Europea de Estudios Latinoamericanos y Del Caribe, [s. l.], n. 95, p. 27-48, 2013. doi: 10.18352/erlacs.9229

DUSSEL, E. Transmodernidade e interculturalidade: interpretação a partir da filosofia da libertação. Revista Sociedade e Estado, Brasília, DF, v. 31, n. 1, p. 51-73, 2016. Dossiê: Decolonialidade e Perspectiva Negra.

ECKSTEIN, S. et al. Struggles for social rights in Latin America. Nova York: Routledge, 2002.

GOMES, N. O movimento negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Petrópolis: Vozes, 2017.

GUERRERO, A. El levantamiento indígena nacional de 1994: discurso y representación política en Ecuador. Nueva Sociedade, [s. l.], n. 142, p. 32-43, mar.-abr. 1996.

HENDERSON, T. State-peasant movement relations and the politics of food sovereignty in Mexico and Ecuador. The Journal of Peasant Studies, [s. l.], v. 44, n. 1, p. 33-55, 2017. doi: 10.1080/03066150.2016.1236024

HIDALGO-CAPITÁN, A. et al. Genealogy of Latin American good living (buen vivir): the (Triune) good living and its diverse intellectual wellsprings. In: CARBONIER, G. (ed.). Alternative pathways to sustainable development: lessons from Latin America. Leiden: Brill, 2017. v. 9, p. 23-50.

HOBSBAWM, E. The age of extremes: the short twentieth century 1914-1991. London: Abacus, 1995.

INUCA LECHÓN, J. Genealogía de Alli Kawsay – Sumak Kawsay (Vida Buena – Vida Hermosa) de Las Organizaciones Kichwas del Ecuador desde mediados siglo XX. Latin American and Caribbean Ethnic Studies, [s. l.], v. 12, n. 2, p. 155-176, 2017.

JAMESON, K. P. The indigenous movement in Ecuador: the struggle for a plurinational state. Latin American Perspectives, Thousand Oaks, v. 38, n. 1, p. 63-73, 2011. doi: 10.1177/0094582X10384210

JOHNSTON, H. et al. Latin American social movements: globalization, democratization and transnational networks. Lanham: Rowman & Littlefield, 2006.

KAUFFMAN, C. et al. Scaling up buen vivir: globalizing local environmental governance from Ecuador. Global Environmental Politics, Cambridge, v. 14, n. 1, p. 40-58, 2014.

LEÓN GALARZA, N. Ecuador – la cara oculta de la crisis: ideología, identidades políticas y protesta en el fin del siglo. Buenos Aires: Clacso, 2009.

LEÓN TRUJILLO, J. Las organizaciones indígenas y el gobierno de Rafael Correa. Íconos – Revista de Ciencias Sociales, Quito, n. 37, p. 3-23, 2010.

LUCERO, J. A. Struggles of Voice: the politics of indigenous representations in the Andes. Pittsburg: University of Pittsburg Press, 2008.

MARTÍNEZ NOVO, C. Undoing multiculturalism: resources extractions and indigenous rights in Ecuador. Pittsburgh: University of Pittsburgh Press, 2021.

MENASCHE , R. et al. O lugar da cultura no debate sobre segurança alimentar e nutricional: um olhar a partir de Moçambique. Vivência: Revista de Antropologia, Natal, v. 1, n. 54, p 192-202, maio 2020.

MINISTERIO DE EDUCACIÓN ECUADOR. Kichwa Yachakukkunapa Shimiyuk Kamu: Kichwa-Castellano. Quito: Ministerio de Educación Ecuador, 2009.

MILANEZ, F. et al. Existência e diferença: o racismo contra os ovos indígenas. Revista de Direito e Práxis, Rio de Janeiro, v. 10, n. 3, p. 2161-2181, 2019.

MULLO LÓPEZ, A. et al. Movimentos indígenas do equador: entre a ação coletiva e a ação conectiva. Brazilian Journalism Research, Brasília, DF, v. 17, n. 1, p. 90-117, 2020. doi: 10.25200/BJR.v17n1.2021.1334.

MUNDURUKU, D. O caráter educativo do movimento indígena brasileiro (1970-1990). São Paulo: Paulinas, 2012.

PAREDES, B. (ed.). O mundo indígena na América Latina: olhares e perspectivas. São Paulo: Edusp, 2018.

QUIJANO, A. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, E. (org). A colonialidade do saber: eurocentrismo e Ciências Sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: Clacso, 2005. p. 227-278.

QUIJANO, A. Outro horizonte de sentido histórico. América Latina en Movimiento, Quito, n. 441, 2009. Disponível em: https://www.alainet.org/es/articulo/141203. Acesso em: 22 mar. 2022.

QUIJANO, A. “Raza”, “Etnia” y “Nación” em Mariátegui: cuestiones abiertas. In: QUIJANO, A. Cuestiones y horiontes. Buenos Aires: Clacso, 2014. p. 758-775.

RADCLIFFE, S. Dilemmas of difference: indigenous women and the limits of postcolonial development policy. Durham: Duke University Press, 2015.

SANTOS, F.; SCHWARCZ, L. Indígenas e africanos. In: LILIAN, S. Dicionário da escravidão e da liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. p. 260-267.

SCOTT, J. C. The moral economy of the peasant: rebellion and subsistence in Southeast Asia.: Yale University Press, 1976.

SCOTT, J. C. Weapons of the weak: everyday forms of peasant resistance. London: Yale University Press, 1985.

SEGATO, R. Identidades políticas/alteridades históricas: uma crítica a las certezas del pluralismo global. Anuário Antropológico, Brasília, DF, v. 22, n. 1, p. 36, 2018.

SEGATO, R. Crítica da colonialidade em oito ensaios: uma antropologia por demanda. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2021.

TILLY, C. Popular contention in Great Britain, 1758-1834. London: Paradigm Publishers, 2005.

TILZEY, M. Authoritarian populism and neo-extractivism in Bolivia and Ecuador: the unresolved agrarian question and prospects for food security as counter-hegemony. The Journal of Peasant Studies, [s. l.], v. 46, n. 3, p. 626-652, 2019. doi: 10.1080/03066150.2019.1584191

VAN STEKELENBURG, J. et al. The social psychology of the protest. Current Sociology Review Article, Thousand Oaks, n. 61, p. 886-905, 2013.

VAZAK, K. A 30-year struggle: the sustained efforts to give force of law to the Universal Declaration of Human Rights. The Unesco Courier, [s. l.], v. 30, n. 11, p. 28-29, 1977.

Publicado

2022-06-07

Como Citar

Araujo, L. D. S., & Reis da Silva, A. T. (2022). JATARISHUN: revoltas indígenas camponesas do Equador e Bem Viver. Caderno CRH, 35, e022004. https://doi.org/10.9771/ccrh.v35i0.48460

Edição

Seção

Dossiê 1