RELAÇÕES DE TRABALHO E DESIGUALDADES DE GÊNERO NA INDÚSTRIA TÊXTIL E DE CONFECÇÕES DO NORDESTE
DOI:
https://doi.org/10.9771/ccrh.v33i0.38029Palavras-chave:
Indústria têxtil e de confecções. Trabalho feminino. Desigualdades de gênero. Informalidade. Precariedade do trabalho.Resumo
O objetivo deste artigo é analisar duas realidades de trabalho marcadas pela flexibilidade e precariedade, e com presença de uma força de trabalho intensiva de mulheres, na Região Nordeste do Brasil. A primeira, envolve mulheres que atuam como costureiras externas em facções domiciliares do Polo de Confecções do Agreste Pernambucano. Na segunda, temos o protagonismo feminino interno à produção têxtil no município de Jardim de Piranhas-RN. A divisão sexual do trabalho apresenta uma centralidade em ambas as experiências, seja reforçando os lugares clássicos que homens e mulheres ocupam na produção e na reprodução, seja apresentando questões novas. Foram realizadas visitas e entrevistas nos dois contextos produtivos, o que permitiu um contato com as experiências de trabalho das mulheres. No primeiro caso, o trabalho domiciliar significa a busca por autonomia e liberdade, no qual temos também a entrada dos homens na atividade de costura. No segundo, as mulheres tornam-se proprietárias de teares e a presença dos homens ainda é pequena. No entanto, esses fatores não repercutiram positivamente nas desigualdades de gênero, uma vez que as tarefas domésticas permanecem inalteradas e, mesmo com as longas jornadas de trabalho, elas não percebem as condições desiguais.
WORK RELATIONS AND GENDER INEQUALITIES IN THE NORTHEAST TEXTILE AND CLOTHING INDUSTRY
The aim of this article is to analyze two realities of work, marked by flexibility and precariousness and with an intensive workforce of women in the northeastern region of Brazil. The first involves women seamstresses in household factions of the Confections Pole of the Agreste of Pernambuco State. In the second, we have the female protagonism within the textile production in the municipality of Jardim de Piranhas-RN.The sexual division of labor is central to both experiences, either by reinforcing the classic places that men and women occupy in production and reproduction, or by presenting new issues.Visits and interviews were carried out in the two productive contexts, which allowed contact with the labor experiences of women. In the first case, home work means the search for autonomy and freedom, where we also have the entry of men in sewing. In the second, women become owners of looms and the presence of men is still small. However, these factors did not have a positive impact on gender inequalities, since domestic chores remain unchanged and even with long working hours, women workers do not perceive themselves as people generated in an oppressive and dominant society and in unequal conditions at work.
Keywords: Textile and clothing industry. Female work. Gender inequalities. Informality. Precarious work.
RELATIONS DE TRAVAIL ET INÉGALITÉS DE GENRE DANS L’INDUSTRIE NORD-EST DU TEXTILE ET DES VÊTEMENTS
L’objectif de cet article est d’analyser deux réalités du travail, marquées par la flexibilité et la précarité et avec une main-d’œuvre intensive de femmes dans la région nord-est du Brésil. Le premier concerne les femmes couturières des factions ménagères du Pôle Confections d’Agreste de l’état de Pernambuco. Dans le second, nous avons le protagonisme féminin au sein de la production textile dans la municipalité de Jardim de Piranhas-RN. La division sexuelle du travail est au cœur des deux expériences, soit en renforçant les places classiques qu’occupent les hommes et les femmes dans la production et la reproduction, soit en présentant de nouvelles problématiques .Des visites et des entretiens ont été réalisés dans les deux contextes productifs, ce qui a permis un contact avec les expériences de travail des femmes. Dans le premier cas, le travail à domicile signifie la recherche d’autonomie et de liberté, où l’on a aussi l’entrée des hommes dans la couture. Dans le second, les femmes deviennent propriétaires de métiers à tisser et la présence des hommes est encore faible. Cependant, ces facteurs n’ont pas eu d’impact positif sur les inégalités entre les sexes, car les tâches domestiques restent inchangées et même avec de longues heures de travail, femmes qui travaillent ne se perçoivent pas comme des personnes générées dans une société oppressive et dominante et dans des conditions de travail inégales.
Mots-clés: Industrie textile et habillement. Travail féminin. Inégalités entre les sexes. Informalité. Travail précaire.
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