VIOLÊNCIA, TRABALHO E PERIFERIA: conflitos morais e convívios nas fronteiras entre dois mundos
DOI:
https://doi.org/10.9771/ccrh.v35i0.35924Palavras-chave:
Periferia, Violência, Trabalho, Moral, JustificaçãoResumo
A perspectiva analítica que aponta um convívio e uma disputa prático-simbólica entre diferentes regimes normativos em torno do que é moralmente “certo” nas periferias urbanas do Brasil tem crescido. Parte-se do pressuposto teórico de que sujeitos “envolvidos no mundo do crime”, diante de situação em que são alvos de críticas por suas atitudes, sentem necessidade de se justificar. Baseado em uma pesquisa multimetodológica em dois bairros da periferia paulistana, este artigo aborda duas questões centrais: a autoimagem projetada pelos sujeitos que atuam em atividades consideradas criminais do ponto de vista legal como justificativa para sua atuação criminal; e como aqueles que tradicionalmente se entendiam como “trabalhadores” enxergam os “envolvidos no mundo do crime” e suas justificativas. Associando grupos específicos identificados qualitativamente a cada uma dessas visões sobre o “mundo do crime” e seus agentes, o artigo contribui com hipóteses explicativas para elaborar essas diferentes relações de convívio e conflito moral.
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