DIREITO A TER DIREITOS COMO PERFOMATIVIDADE POLÍTICA: reler Arendt com Butler
DOI:
https://doi.org/10.9771/ccrh.v33i0.35322Palavras-chave:
Arendt, Direito a ter direitos, Benhabib, Butler, Performatividade políticaResumo
Este texto discute o significado da noção de um “direito a ter direitos”, introduzida por Hannah Arendt no contexto de sua análise dos elementos sócio-históricos e políticos que se cristalizaram na forma de domínio totalitária. Num primeiro momento, apresento rapidamente o contexto em que a noção fez sua aparição no interior da obra Origens do totalitarismo. Num segundo momento, apresento a interpretação proposta por Seyla Benhabib para aquele preceito arendtiano, que o situa num plano teórico epistemológico-moral e o refere ao projeto de um cosmopolitanismo neokantiano. Num terceiro momento, argumento a favor de uma leitura propriamente política daquela noção arendtiana, divergindo da leitura de Benhabib. Finalmente, num quarto e último momento, apresento a interpretação proposta por Butler para a noção arendtiana do direito a ter direitos, a qual explicita sua dimensão político-performativa, revelando-se assim sua importância para pensarmos manifestações políticas contemporâneas em um contexto de privação de direitos. Concluo que a interpretação de Butler é mais consoante com o pensamento político de Arendt.
RIGHT TO HAVE RIGHTS AS POLITICAL PERFORMATIVITY: Rereading Arendt with Butler
ABSTRACT
This text intends to discuss Hannah Arendt’s notion about the “right to have rights”, introduced in her analysis of the socio-historical and political elements that later crystalized in the totalitarian domination. In a first moment, I briefly present the original context in which thatArendtian notion was proposed in The Origins of Totalitarianism. In a second moment, I present the way Seyla Benhabib interpreted that Arendtian notion, byemphasizingits allegedly epistemological and moral implications in the context ofa Neokantian cosmopolitanism. In a third moment, I shall argue for a political interpretation of that Arendtian precept, in a clear contrast to Benhabib’s reading of it.Finally, in a fourth moment, I present Judith Butler’s interpretation of the Arendtian notion about the right to have rights, which emphasizes its political-performative dimension, thus highlighting its importance to understand certain contemporary political movements performed under conditions of deprivation of rights. I conclude that Butler’s interpretation is more akin to Arendt’s political thinking.
Key words: Arendt; Right to have rights; Benhabib; Butler; Political performativity
LE DROIT À AVOIR DES DROITS COMME PERFORMATIVITÉ POLITIQUE: rélire Arendt avec Butler
ABSTRACT
Ce texte se propose de discuter la notion de Hannah Arendt autour du « droit à avoir des droits », introduit dans son analyse des éléments socio-historiques et politiques qui se sont cristallisés dans la domination totalitaire. Dans un premier moment, je présente brièvement le contexte original dans lequel la notion d’Arendt était formulée dans Origines du Totalitarisme. Dans un second moment, je présent la manière dont SeylaBenhabib a interprétée cette notion, en affirmant sa portée epistémologico-moral dans le contexte du projet d’un cosmolopolitisme d’inspiration néokantien. Dans un troisième moment je propose une interprétation notamment politique du précepte arendtien, dans un sens divers de celui proposé par Benhabib. Finalement, dans un quatrième moment, je présent l’interprétation du droit à avoir des droits tel que proposée par Judith Butler, laquelle relève sa portée politico-performative et, donc, son importance pour réfléchir sur des mouvements politiques menés à bout dans des conditions de privation de droits. Je considère que la lecture de Butler est plus en syntonie avec la pensée d’Arendt.
Key words: Arendt; Droit à avoir droits; Benhabib; Butler; Performativité politique.
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