MOVIMENTOS “ESPONTÂNEOS”: a resistência dos trabalhadores migrantes nos canaviais

Autores

  • Marilda Aparecida Menezes Universidade Federal de Campina Grande
  • Maciel Cover Universidade Federal de Campina Grande

DOI:

https://doi.org/10.9771/ccrh.v29i76.19601

Palavras-chave:

Trabalhadores migrantes. Resistência pública. Greves. Agronegócio.

Resumo

Neste artigo, analisaremos algumas formas de resistência de trabalhadores migrantes de áreas rurais da região Nordeste que labutam na colheita da cana-de-açúcar nas usinas sucroalcooleiras do Estado de São Paulo. Privilegiamos a análise de alguns movimentos “espontâneos” protagonizados pelos cortadores de cana-de-açúcar nomeados como “paradeiros” ou “greves”, os quais ocorreram no período de 2007 a 2012. Nossa proposta é compreender esses movimentos, como se inicia a ação, se existem lideranças, que estratégias são utilizadas para mobilizar os trabalhadores, que outros atores sociais estão envolvidos: sindicatos, procuradores do trabalho e pastoral dos migrantes. O artigo é fundamentado em diários de campo, entrevistas semiestruturadas com trabalhadores e sindicalistas, artigos de jornais e documentação audiovisual. Essas ações de resistência acontecem em um período de transformações das relações de trabalho, marcadas pelo contexto de crescente mecanização do corte de cana e de uma maior fiscalização das condições de trabalho promovidas pelo Ministério do Emprego e Trabalho e pelo Ministério Público do Trabalho.

Palavras-chave: Trabalhadores migrantes. Resistência pública. Greves. Agronegócio.

“SPONTANEOUS” MOVEMENTS: resistance of immigrant workers in cane fields
Marilda Aparecida Menezes
Maciel Cover

In this article we analyzed some forms of resistance of immigrant workers from rural areas of the Northeast region who work harvesting sugar cane for sugar-alcohol works in the state of São Paulo. More attention was given to the analysis of some “spontaneous” movements played by sugar cane harvesters – called “stopper” or “strike” – that occurred from 2007 to 2012. Our goal is to understand these movements, how the action begins, are there leaders, what are the strategies used for mobilizing the workers, what other social actors are involved: unions, work attorneys and church groups. The article is based on field diaries, semi-structured interviews with workers and union members, newspaper articles and audiovisual documents. These resistance actions happen during a period of change in work relationships, influenced by the growing mechanization in sugar cane harvesting and a more strict control of work conditions promoted by the Department of Employment and Work and the Public Department of Work.

Keywords: Immigrant workers. Public resistance. Strikes. Agribusiness.

MOUVEMENTS “SPONTANÉS”: la résistance des travailleurs migrants dans les champs de canne à sucre
Marilda Aparecida Menezes
Maciel Cover

Cet article présente l’analyse de la résistance des travailleurs migrants des zones rurales de la région nord-est qui font la récolte de la canne à sucre pour les usines productrices de sucre et d’alcool de l’État de Sao Paulo. Nous avons rivilégié l’analyse de quelques mouvements “spontanés” organisés par les coupeurs de canne à sucre, désignés comme “arrêts” ou “grèves”, qui ont eu lieu de 2007 à 2012. Notre propos est de comprendre ces mouvements, à savoir, comment ils commencent, s’il existe des leaders, quelles sont les stratégies utilisées pour mobiliser les travailleurs, quels sont les autres acteurs sociaux qui y participent: les syndicats, ceux qui vont à la recherche de ces travailleurs pour l’embauche, la pastorale des migrants. L’article se base sur les cahiers des charges, sur les interviews semi-structurées faites avec les travailleurs et les syndicalistes, des articles de journaux et des documents audiovisuels. Ces actions de résistance ont eu lieu au cours d’une période de transformations des rapports de travail marqués par un contexte de constante mécanisation de la coupe de la canne à sucre et par un contrôle des conditions de travail plus accru promu par le Ministère du Travail et de l’Emploi ainsi que par les Prud’hommes.

Mots-clés: Travailleurs migrants. Résistance publique. Grèves. Agribusiness.

Publicação Online do Caderno CRH no Scielo: http://www.scielo.br/ccrh 

Publicação Online do Caderno CRH: http://www.cadernocrh.ufba.br 

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Biografia do Autor

Marilda Aparecida Menezes, Universidade Federal de Campina Grande

Doutora em Sociologia. Professora Visitante da Universidade Federal do ABC (PCHS) e do PPGCS/UFCG. Professora da Universidade Federal de Campina Grande. Pesquisadora do CNPq. Publicações recentes: Mobilidades, redes sociais e trabalho. 1a. ed. São Paulo: Annablume, 2011. 244p; Redes e enredos nas trilhas dos migrantes: um estudo de famílias de camponeses - migrantes. 1a. ed. Rio de Janeiro e João Pessoa: Relume Dumará e Ed. UFPB, 2002. 240p; Da usina ao assentamento: os dilemas da reconversão produtiva no Brejo Paraibano. Estudos Sociedade e Agricultura (UFRRJ), v. 21, p. 332-358, 2013; Família, juventude e migrações. Revista Anthropológicas, v. 23, n. 1, p. 119-143, 2012.

Maciel Cover, Universidade Federal de Campina Grande

Doutor em Ciências Sociais. Professor da Universidade Federal do Tocantins. Publicações recentes: Alojamentos de trabalhadores migrantes em usinas de cana de açúcar: espaço social de dominação e resistência. Iluminuras (UFRGS), v. 13, p. 85-103, 2012; Migrant workers in sugarcane mills: a study of social networks and recruitment intermediaries in Brazil. Agrarian South: Journal of Political Economy, v. 1, p. 161-180, 2012; O tranco da roça e a vida no barraco: um estudo sobre os trabalhadores migrantes no setor do agronegócio canavieiro. João Pessoa: Editora Universitária UFPB, 2011.

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Publicado

2016-07-21

Como Citar

Menezes, M. A., & Cover, M. (2016). MOVIMENTOS “ESPONTÂNEOS”: a resistência dos trabalhadores migrantes nos canaviais. Caderno CRH, 29(76). https://doi.org/10.9771/ccrh.v29i76.19601