SOBRE PSIQUIATRIA, CANDOMBLÉ E MUSEUS

Autores

  • Ordep Serra

DOI:

https://doi.org/10.9771/ccrh.v19i47.18760

Palavras-chave:

candomblé, Museu Estácio de Lima, etnopsiquiatria, racismo, coleções afro-brasileiras.

Resumo

Em 1945, prefaciando uma obra de Lins e Silva, Gilberto Freyre lembrava o projeto de controle psiquiátrico dos terreiros, coisa que o “espírito humanitário” de Nina Rodrigues concebeu como alternativa à brutalidade das intervenções policiais, da repressão direta a esses centros de culto de religiões afrobrasileiras. Nina não o conseguiu implantar, mas – lembra ainda Gilberto Freyre –, este projeto de monitoramento das religiões negras por psiquiatras e etnólogos mais tarde veio a ser realizado com um êxito que o ilustre prefaciador acentua: Ulysses Pernambucano o pôs em prática em Recife; em Salvador, diz Freyre ainda, executaramno “técnicos capazes”, arregimentados pelo major Juracy Magalhães – que então governava a Bahia como interventor. Segundo o autor de Casa Grande e Senzala, essa iniciativa de Ulysses Pernambucano e dos peritos baianos veio a ser “uma das intervenções mais felizes da ciência e da técnica antropológica, orientada por uma psiquiatria social, na vida de uma comunidade brasileira”.

PALAVRAS-CHAVE: candomblé, Museu Estácio de Lima, etnopsiquiatria, racismo, coleções afro-brasileiras.

ON PSYCHIATRY, CANDOMBLE AND MUSEUMS
Ordep Serra

In 1945, on the foreword of a work by Lins e Silva, Gilberto Freyre recalled the project of lembrava o projeto psychiatric control of candomble temples, “terreiros”, something conceived by Nina Rodrigues’s “humanitarian spirit” as an alternative to the brutality of police interventions, direct repressions to these cult centers of African-Brazilian religions. Nina could not make it work, but – as Gilberto Freyre recalls – this project of monitoring black religions by psychiatrists and ethnologists came into being later with a success the illustrious foreword author points out: Ulysses Pernambucano put it in practice in Recife; in Salvador, says yet Freire, it was executed by “capable technicians” recruited by major Juracy Magalhães – that governed Bahia at the time as an interventor. According to the author of Casa Grande e Senzala, this initiative of Ulysses Pernambucano and Bahian experts became “one of the happiest interventions of anthropological science and technique, oriented by a social psychiatrist, in the life of a Brazilian comunity”.

KEYWORDS: candomblé, Estácio de Lima Museum, ethnopsychiatry, racism, African-Brazilian collections.

A PROPOS DE LA PSYCHIATRIE, DU CANDOMBLÉ ET DES MUSÉES
Ordep Serra

En 1945, dans la préface d’une oeuvre de Lins et Silva, Gilberto Freyre nous rappelait que le projet de contrôle psychiatrique des terreiros (lieux de culte du candomblé), avait été conçu selon “l’esprit humanitaire” de Nina Rodrigues comme une alternative à la brutalité des interventions de police et de la répression directe envers ces centres de culte des religions afro-brésiliennes. Nina Rodrigues n’a pas réussi à l’implanter, mais – nous rappelle encore Gilberto Freyre –, ce projet d’accompagnement des religions noires par des psychiatres et des ethnologues a été réalisé plus tard avec un succès que notre illustre auteur de la préface accentue: Ulysses Pernambucano l’a mis en oeuvre à Recife; à Salvador, nous dit encore Freyre, ceux qui l’ont exécuté étaient des “techniciens capables” enrégimentés par le major Juracy Magalhães qui à l’époque gouvernait Bahia en qualité d’intervenant. Selon l’auteur de Casa Grande e Senzala, cette initiative d’ Ulysses Pernambucano et des experts bahianais est devenue “l’une des interventions les plus heureuses de la science et de la technique anthropologique, accompagnée par une psychiatrie sociale, dans la vie d’une communauté brésilienne”.

MOTS-CLÉS: Candomblé, Musée Estácio de Lima, ethnopsychiatrie, racisme, collections afro-brésiliennes.

Publicação Online do Caderno CRH no Scielo: http://www.scielo.br/ccrh 

Publicação Online do Caderno CRH: http://www.cadernocrh.ufba.br

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ordep Serra

Doutor em Antropologia pela USP, com estágio na École de Hautes Études en Sciences Sociales. Professor adjunto do Departamento de Antropologia da FFCH/UFBA e Pró-Reitor de Extensão desta Universidade. Tem realizado pesquisas sobre cultos afro-brasileiros na Bahia e em Brasília, mas também de etnologia indígena (Xingu) e de antropologia da saúde (Bahia, Minas Gerais). É também membro da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos, com estudos sobre poesia, mitologia e religião da Grécia Antiga. Tem publicado artigos em revistas especializadas como Clássica, Mana, Afro-Ásia, Anuário Antropológico, Revista de Antropologia e outras.

Downloads

Publicado

2006-11-23

Como Citar

Serra, O. (2006). SOBRE PSIQUIATRIA, CANDOMBLÉ E MUSEUS. Caderno CRH, 19(47). https://doi.org/10.9771/ccrh.v19i47.18760