DIREITOS DA NATUREZA NA JURISPRUDÊNCIA EQUATORIANA: CASO LOS CEDROS, A FLORESTA COMO SUJEITO DE DIREITOS
DOI:
https://doi.org/10.9771/rbda.v18i0.54172Palavras-chave:
Direitos da natureza, Novo Constitucionalismo Latinoamericano, Ecologização do Direito, ; Sujeito de direitos, Princípio da PrecauçãoResumo
A racionalidade que segrega sociedade/natureza teve grande apoio do direito para se consolidar. Cabe à sociedade, mas também ao direito, se reinventar e superar essa lógica. A partir da década de 1960 os direitos da natureza passaram a ser um tema em discussão entre cientistas e ambientalistas, gerando uma pressão política. No entanto, essa pauta sempre se fez presente na vivência indígena, os quais apesar das tentativas de epistemicídio nunca se desvincularam da natureza. O problema é que a cultura colonial nunca deixou com que essas vozes ressoassem. Apenas com muita luta social foi possível o avanço em alguns países. É o caso do Equador que um processo insurgente possibilitou a participação dos povos indígenas na Constituinte daquele país, resultando no reconhecimento dos direitos da natureza; Pacha Mama. Ainda, que esses direitos tenham sido formalmente consagrados na Carta Magna, muitas vezes são tratados como meros ideais pelos políticos, empresários e juízes. Em 2021 a sentença do caso Los Cedros firma esse direito. O objetivo deste artigo, então, é discutir a consolidação dos direitos da natureza no Equador a partir da sentença que reconheceu a floresta Los Cedros como um sujeito de direitos. A metodologia é de estudo de caso e utiliza técnicas de pesquisa bibliográfica e documental. Conclui-se que se trata de um caso paradigmático que tem muito a contribuir para ampliar a aplicabilidade dos direitos da natureza no Equador e serve, também, de precedente para o avanço do tema no debate internacional e na pesquisa jurídica.
Downloads
Referências
ACOSTA, Alberto; BRAND, Ulrich. Pós-extrativismo e decrescimento: saídas do labirinto capitalista. São Paulo: Elefante, 2018.
BERROS, Valéria. Os Caminhos do Reconhecimento Normativo dos Direitos da Natureza na América Latina. Tradução: Flávia França Dinnebier. In: LEITE, José Rubens Morato. A Ecologização do Direito Ambiental Vigente: rupturas necessárias. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2 ed. 2020. p. 293-305.
BRAVO, Efendy Emiliano Maldonado. Os (des)caminhos do constitucionalismo latino-americano: o caso equatoriano desde a plurinacionalidade e a libertação. Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em direito da Universidade Federal de Santa Catarina, 2019.
CAPRA, Fritjof; MATTEI, Ugo. A revolução ecojurídica: o direito sistêmico em sintonia com a natureza e a comunidade. Tradução de Jeferson Luiz Camargo. São Paulo: Editora Cultrix, 2018.
DAROS, Leatrice Faraco; ALBUQUERQUE, Letícia. Os direitos da natureza e a justiça ecológica: o caso via parque ilha de salamanca. In: LEITE, José Rubens Morato; CAVEDON-CAPDEVILLE, Fernanda S.; DUTRA, Tônia A. Horbatiuk. Geodireito, Justiça Climática e Ecológica: perspectivas para a América Latina, São Paulo: Inst. O direito por um Planeta Verde, 2022.
EQUADOR. Corte Constitucional del Equador. Sentencia No. 1149-19-JP/21, Quito D.M., 10 de novembro de 2021. Disponível em: https://www.corteconstitucional.gob.ec/index.php/boletines-de-prensa/item/1262-caso-nro-1149-19-jp-21-revisi%C3%B3n-de-sentencia-de-acci%C3%B3n-de-protecci%C3%B3n-bosque-protector-los-cedros.html Acesso em 15 jul. 2022.
EQUADOR. Constituição (2008). Constitución de la República de Ecuador. Quito: Asamblea Nacional, 2008. Disponível em: https://www.asambleanacional.gob.ec/sites/default/files/documents/old/constitucion_de_bolsillo.pdf Acesso em: 18 out. 2022.
EQUADOR. Ley Forestal y de conservación de áreas naturales y vida silvestre (2004). Quito: Congreso Nacional, 2004. Disponível em: https://www.ambiente.gob.ec/wp-content/uploads/downloads/2015/06/Ley-Forestal-y-de-Conservacion-de-Areas-Naturales-y-Vida-Silvestre.pdf Acesso em 18 out. 2022.
ESPINOSA, Martina Sánchez. La aplicación del principio precautorio para el reconocimiento de los derechos de la Naturaleza. Caso Bosque Protector “Los Cedros”. Trabalho de Conclusão de Curso em Direito. Universidad de San Francisco de Quito. 2022. Disponível em:
https://repositorio.usfq.edu.ec/bitstream/23000/11700/1/138998.pdf2022 Acesso em: 18 out. 2022.
GUDYNAS, Eduardo. La senda biocéntrica: valores intrínsecos, derechos de la naturaleza y justicia ecológica. Tabula Rasa. n.13, 2010. p. 45-71.
GUDYNAS, Eduardo. Direitos da natureza: ética biocêntrica e políticas ambientais. São Paulo: Editora Elefante, 2019.
FENSTERSEIFER, Tiago; SARLET, Ingo, W. A Dignidade e os Direitos da Natureza: o Direito no Limiar de um Novo Paradigma Jurídico Ecocêntrico no Antropoceno. In: LEITE, José Rubens Morato. A Ecologização do Direito Ambiental Vigente: rupturas necessárias. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2 ed. 2020. p. 307-394.
MENDONÇA, Ygor de Siqueira Mendes; FERREIRA, Heline Sivini. A ECOLOGIZAÇÃO DO DIREITO AMBIENTAL E SEUS REFLEXOS NO PODER JUDICIÁRIO BRASILEIRO: TENDÊNCIAS DA GOVERNANÇA JUDICIAL ECOLÓGICA. In: Revista Brasileira de Direito Animal. v. 17, n. 1. 2022. p. 1-19. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/RBDA/article/view/49565/27960 Acesso em 14 mar. 2023.
MOORE, Jason. Por uma teoria econômica além do antropocentrismo.[Entrevista concedida a] Kamil Ahsn, ViewPointMag. Tradução: Eleutério Prado, p. 1-9, dezembro, 2020. DIsponível em: https://outraspalavras.net/crise-civilizatoria/para-superar-o-antropocentrismo-da-teoria-economica Acesso em 17 out. 2022.
PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. O desafio ambiental. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2011.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder e classificação social. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (Orgs.). Epistemologias do Sul. Coimbra: Almedina, 2009. p. 73-118.
WOLKMER, Antônio Carlos; FAGUNDES, Lucas Machado. Aspectos inovadores do novo constitucionalismo latino-americano: Estado Plurinacional e pluralismo jurídico. In: WOLKMER, Maria de Fátima S; MELO, Milena Petters. (orgs). Crise ambiental, direitos à água e sustentabilidade: visões multidisciplinares. Caxias do Sul: Educs, 2012. P. 83-113.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Revista Brasileira de Direito Animal
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
1. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional que permite o compartilhamentodo trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.