A ecologização do Direito Ambiental e seus reflexos no Poder judiciário brasileiro.

Tendências da governança judicial ecológica.

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/rbda.v17i0.49565

Palavras-chave:

Direito Ambiental, Ecologização do Direito Ambiental, Governança Judicial Ecológica, Poder Judiciário

Resumo

O alastramento da crise ecológica, marcado principalmente pelo colapso do sistema climático e pelo alcance dos limites planetários, exige cada vez mais a formulação de respostas sistêmicas e complexas, inclusive na seara jurídica. Porém, o Direito Ambiental vigente tem se mostrado insuficiente para responder adequadamente aos efeitos nocivos gerados pela relação predatória que se estabelece entre ser humano e natureza. Nesse contexto, o processo de ecologização do Direito Ambiental surge como uma alternativa, buscando romper com as bases tradicionais da proteção jurídica ambiental ao incorporar uma perspectiva ecocêntrica em suas premissas e fundamentos. Enquanto o Direito Ecológico é gestado, em um processo ainda lento diante do estado de crise, esse olhar mais sistêmico e complexo vem se mostrando uma realidade na esfera do Poder Judiciário. Assim, fazendo-se uso do método dedutivo, do estudo de caso e das técnicas de pesquisa bibliográfica e documental, tem-se como objetivo analisar a emergência do processo de ecologização do Direito Ambiental no contexto brasileiro, evidenciando os caminhos até então apontados pela jurisprudência. Para tanto, realiza-se uma análise das limitações inerentes à proteção jurídica-ambiental atual. Na sequência, procura-se compreender as premissas do processo de ecologização do Direito Ambiental vigente. Por fim, analisa-se a atuação do Poder Judiciário na aplicação da norma, revestida de um significado ecológico. Ao final, a partir da análise de três decisões paradigmáticas sobre o assunto, conclui-se pela emergência, ainda que tímida, da governança judicial ecológica, evidenciando o protagonismo do Poder Judiciário no processo de ecologização do Direito Ambiental brasileiro. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Heline Sivini Ferreira, Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Professora do Curso de Graduação e do Programa de Pós-Graduação em Direito da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Doutora e Mestre em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Coordenadora Regional da Associação dos Professores de Direito Ambiental do Brasil (APRODAB-Sul). Diretora de Assuntos Internacionais do Instituto O Direito por um Planeta Verde (IDPV). Membro da World Comission on Environmental Law da International Union for Conservation of Nature (IUCN). Orcid: 0000-0001-8736-8147. E-mail: hsvini@yahoo.com.br

Ygor de Siqueira Mendes Mendonça, Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Doutorando em Direito Socioambiental e Sustentabilidade na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Mestre em Desenvolvimento Socioambiental pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará (NAEA/UFPA). Especialista em Direito Civil e Processo Civil (UNAMA). Bolsista CAPES. Advogado e professor universitário. Orcid: 0000-0002-5358-5140. E-mail: ygoor.mendes@gmail.com.

Referências

ARAGÃO, Alexandra. O estado de Direito Ecológico no Antropoceno e os Limites do Planeta. In: DINNEBIER, Flávia França; LEITE, José Rubens Morato (Org.). Estado de Direito Ecológico: Conceito, Conteúdo e Novas Dimensões para a Proteção da Natureza. São Paulo: Inst. O direito por um Planeta Verde, 2017, v. 1, p. 20 – 37.

BENJAMIN, Antonio Herman. Laudato si, ecologização da justiça social e o juiz planetário. Revista Estudos Institucionais, Rio de Janeiro, v. 7, n. 2, p. 560-570, ago. 2021.

BOLSSELMANN, Klaus. Losing the forest for the trees: environmental reductionism in the law. Sustainabilty, Auckland, v. 8, n. 2, p. 2424-2448, jul. 2010.

BRASIL. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 12 nov. 2017.

BRASIL. Lei n. 9.605, 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. 1998. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm.

Acesso em 25 nov. 2021.

BRASIL. Lei n. 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. 2000. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm. Acesso em 25 nov. 2021.

BRASIL. Lei n. 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nºs 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nºs 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. 2012. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12651compilado.htm. Acesso em 27 maio 2022.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça (2a Turma). Recurso Especial (RESP) nº 1.797.175/SP. Relator: Ministro Og Fernandes. Brasília, DF, 21 de março de 2019. Disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/692205375/recurso-especial-resp-1797175-sp-2018-0031230-0/inteiro-teor-692205385. Acesso em 27 maio 2022.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça (4a Turma). Recurso Especial (RESP) nº 1.731.700. Relator: Ministro Herman Benjamin. Brasília, DF, 25 de novembro de 2018. Disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1384360453/recurso-especial-resp-1731091-sc-2017-0041279-2/inteiro-teor-1384360485. Acesso em 27 maio 2022.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal (2a Turma). ADIN nº 4.983. Relator: Ministro Marco Aurélio. Brasília, DF, 06 de outubro de 2016. Disponível em: https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=12798874. Acesso em: 27 maio 2022.

CARSON, Rachel. Primavera Silenciosa. 1a ed. São Paulo: Gaia. 2013.

CAPRA, Fritjof. A teia da vida. São Paulo: Cultrix, 2004.

CAPRA, Fritjof; MATTEI, Ugo. A Revolução ecojurídica. O direito sistêmico em sintonia com a natureza e a comunidade. São Paulo: Editora Cultrix, 2018.

DINNEBIER, Flávia França; SENA, Giorgia. Uma educação ambiental efetiva como fundamento do Estado Ecológico do Direito. In: DINNEBIER, Flávia França; LEITE, José Rubens Morato. Estado de Direito Ecológico: Conceito, conteúdo e novas dimensões para a proteção da Natureza. São Paulo: Inst. O Direito por um Planeta Verde, 2017, v. 1, p. 88 – 134.

FADEL, Anna Laura Maneschy; MENDONÇA, Ygor de Siqueira Mendes. O Direito ecológico e o Ecofeminismo. In: FERREIRA, Victor Antônio dos Santos; MENDONÇA, Ygor de Siqueira Mendes. Diálogos Socioambientais, Rio de Janeiro: Ponto&Vírgula, 2020, v. 1, p. 23 – 32.

FERREIRA, Heline Sivini. A dimensão ambiental da teoria da sociedade de risco. In: FERREIRA, Heline Sivini; FREITAS, Cinthia Obladen de Almendra (orgs.). Direito Socioambiental e Sustentabilidade: Estados, Sociedades e Meio Ambiente. Curitiba: Letra da Lei, 2016, v.1, p. 108-158.

GIFFONI, Johny Fernandes; ALMEIDA, Manoel Severino Moraes de.; RIOS, Mariza; OLIVEIRA, Vanessa Hasson de. Paradigma dos Direitos da Natureza. In: LACERDA, Luiz Felipe (Org.). Direitos da Natureza: marcos para a construção de uma teoria geral. São Leopoldo: Casa Leiria, 2020, v. 1, p. 131 – 146.

HARDING, Stephan. Terra-Viva: ciência, intuição e evolução de Gaia. São Paulo: Cultrix, 2008.

KOLBERT, Elizabeth. The Sixth Extinction: an unnatural history. New York: Henry Holt, 2019.

KOTZÉ, Louis; KIM, Rakhyun. Earth system law: The juridical dimensions of Earth system governance. Earth System Governance, v. 01, pp. 1-12, jan. 2019.

LEITE, José Rubens Morato Leite; SILVEIRA, Paula Galbiatti. A Ecologização do Estado de Direito: uma Ruptura ao Direito Ambiental e ao Antropocentrismo Vigentes. In: LEITE, José Rubens Morato Leite [coordenador científico]. A Ecologização do Direito Ambiental Vigente: Rupturas Necessárias. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2018 p. 114.

LUTZENBERGER, José. Por uma ética ecológica: In: BONES, Elmar; HASSE, Geraldo. Pioneiros da ecologia: breve história do movimento ambientalista no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Já Editores, 2002.

PAUL, Wolf. A irresponsabilidade organizada? In OLIVEIRA JUNIOR, José Alcebíades (org.). O novo em Direito e política. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1997.

ROCKSTROM, Johan et. al. Planatery Boundaries: exploring the safe operating space for humanity. Nature, v. 461, p. 472-475, 2009.

ROSSI, Amélia Sampaio; KOZICKI, Katya; MENDONÇA, Ygor de Siqueira Mendes. A ética ecológica e o giro ecodecolonial: rumo à ecologização do Direito ambiental. Veredas do Direito – Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, v. 18, n. 42, p. 247-269, dez. 2021

SANGOI, Bernardo Girardi. A Natureza como sujeito de direito na "Teia da Vida": uma abordagem da ADIN n. 4.983. RDFG – Revista de Direito da Faculdade Guanambi, v. 4, n. 2, p. 65-83, jul. 2017.

SARLET, Ingo Wolfganf; FERNSTERSEIFER, Tiago. Curso de Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Forense, 2020.

SOUZA FILHO, Carlos Marés de. De como a natureza foi expulsa da modernidade. Revista de Direitos Difusos. São Paulo, v. 68, n. 2, p. 15-40, dez. 2018.

Downloads

Publicado

2022-12-07

Como Citar

Sivini Ferreira, H., & de Siqueira Mendes Mendonça, Y. (2022). A ecologização do Direito Ambiental e seus reflexos no Poder judiciário brasileiro. : Tendências da governança judicial ecológica. Revista Brasileira De Direito Animal, 17, e172214. https://doi.org/10.9771/rbda.v17i0.49565

Edição

Seção

Direito Ambiental