Os favorecidos de São Sebastião: as parcerias na educação municipal do Rio de Janeiro (2012-2021)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/gmed.v16i2.59099

Palavras-chave:

Empresariamento da educação, Estado, Organizações sociais, Políticas educacionais, Parcerias público-privadas

Resumo

Considerando a influência política das fundações empresariais na educação pública brasileira, este trabalho busca compreender algumas determinações desse processo de dominação. Calcada na teoria do Estado marxista, a investigação se debruçou sobre a contratação de serviços educacionais pela Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, no período de 2012 a 2021. As questões visaram problematizar o perfil do conjunto de organizações sociais favorecidas, considerando os diferentes serviços contratados, seus valores e o tempo de duração das parcerias. Também foram discutidas as mediações políticas que atravessaram a celebração das parcerias durante os diferentes governos municipais. Os resultados confirmaram a ampliação quantitativa e qualitativa dos circuitos empresariais de poder que atuam na educação pública, e que a mudança de prefeito em 2016 teve impacto considerável no tipo de parcerias celebradas e nas organizações escolhidas.

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Biografia do Autor

Regis Arguelles da Costa, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF). Pesquisador do Núcleo de Estudos, Documentação e Dados sobre Trabalho Educação (Neddate/UFF), do Núcleo Interinstitucional de Estudos e Pesquisas sobre Marx e o Marxismo (Niep-Marx/UFF) e do Laboratório de Investigação em Estado, Poder e Educação (LIEPE/UFRRJ). Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0075852341880711. Orcid: https://orcid.org/0000-0001-6103-4659. E-mail: rarguelles@gmail.com.

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Publicado

2024-10-08

Como Citar

Arguelles da Costa, R. (2024). Os favorecidos de São Sebastião: as parcerias na educação municipal do Rio de Janeiro (2012-2021). Germinal: Marxismo E educação Em Debate, 16(2), 321–339. https://doi.org/10.9771/gmed.v16i2.59099