A guerra como parteira do capital

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/gmed.v15i1.50894

Palavras-chave:

Guerra, Capital, Acumulação primitiva, Sistema colonial

Resumo

Nos últimos anos, diante da renovada disputa pela hegemonia no sistema interestatal, marcada por uma corrida armamentista entre grandes potências bélicas, pelo delineamento de uma “guerra fria” entre Estados Unidos e China, e, mais recentemente, pela eclosão da guerra entre Rússia e Ucrânia, que reintroduziu no noticiário a virtualidade do holocausto atômico, impôs-se ao campo da crítica da economia política a atualização da reflexão sobre a relação entre acumulação de capital, crise e militarismo. Com base em algumas recentes contribuições teóricas e na obra marxiana, neste artigo pretende-se discutir os nexos entre guerra e capital no contexto da acumulação primitiva, tendo particular atenção à consolidação de categorias fundamentais da acumulação de capital, como o valor, o trabalho abstrato, e o dinheiro, à constituição do sistema colonial e à emergência do moderno empresariado. Como pano de fundo da análise, está a constatação de que hoje, em um contexto particularmente crítico da reprodução capitalista, as determinações próprias às origens bélicas do capital são atualizadas de modo ameaçador.

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Biografia do Autor

Gustavo Mello, UFES

Doutor em Sociologia pela FFLCH-USP. Professor no Departamento de Economia e na Pós-Graduação em Política Social da UFES. Membro do Grupo de Estudos Críticos em Processos Sociais da UFES. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8149571973918042. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-4281-995X. E-mail: gustavo.m.mello@ufes.br.

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Publicado

2023-05-01

Como Citar

Mello, G. (2023). A guerra como parteira do capital. Germinal: Marxismo E educação Em Debate, 15(1), 591–611. https://doi.org/10.9771/gmed.v15i1.50894