Padrões de dominação externa na América Latina

Autores

  • Florestan Fernandes Universidade de São Paulo - USP

DOI:

https://doi.org/10.9771/gmed.v11i1.33436

Palavras-chave:

Formação Social Brasileira, FERNANDES, Florestan

Resumo

A presente discussão não pretende descrever todos os aspectos da dominação externa e como ela foi ou é mantida socialmente[i]. Considerada sociologicamente, a América Latina defronta-se com dois grandes problemas. O primeiro é a nova forma de imperialismo e a sua difusão sob a hegemonia de uma superpotência capitalista, os Estados Unidos. O outro consiste em como enfrentar o imperialismo, na época das grandes empresas corporativas e da dominação implacável por parte de uma nação americana, dadas as debilidades econômicas, socioculturais e políticas predominantes, mesmo nos países mais avançados da região. Ambas as questões implicam uma discussão preliminar do assunto geral, já que a docilidade dos interesses privados latino-americanos em relação ao controle externo não constitui tão-somente uma estratagema econômico. Trata-se de um componente dinâmico de uma tradição colonial de subserviência, baseada em fins econômicos, mas também na cegueira nacional, até certo ponto estimulada e controlada a partir de fora.

[i]Sobre esse assunto e pata bibliografia básica, ver esp. F. Fernandes, Sociedade de Classes e Subdesenvolvimento, Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1968, cap. 11, ps, 21.103, 204-256, e T. Halperin Donghi, Hist6ria Contemporânea da América Latina, Madri, Alianza Editorial, 1969. As seguintes contribuições recentes merecem atenção especial: A. G. Frank, Capitalism and Underdeuelopment in Latin .Amerlca, Nova York, Monthly Review Press, 1967; J. Graciarena, Poder y Clases Sociales en el DesarroIlo de América Latina, Buenos Aires, Editorial Paidós, 1967; C. Furtado, Deueloprnent and Stagna .. tion in Latin América, New Haven, Vale University Press, 1965; F. H. Cardoso e E. Faletto, Depen dencia y Desarrollo en América Latina, México, Sigla Veintiuno Editores SA., 1969; R. Vekernans, Ismael Fuenzalida e outros, M arginalidad en América Latina, Santiago deI Chile, nasxt-Editorial Herder, 1969 (cap. 1); A. Garcia, La Estrutura del Atraso en América Latina, Buenos Aires, Editorial Pleamar, 1969; R. N. Adams, Th e Second Sotoing, San Francisco, Cal., Chandler Publishing COI J 1967.

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Biografia do Autor

Florestan Fernandes, Universidade de São Paulo - USP

Considerado fundador da sociologia crítica no Brasil, Florestan Fernandes foi o mestre de uma geração de cientistas sociais. Tentando conciliar a contribuição teórica de Karl MarxMax Weber e dos funcionalistas, sua obra expressa uma interpretação original – sob muitos aspectos controvertida – de nossa sociedade. Na universidade brasileira, foi o pioneiro no estudo das questões raciais; da escravidão e da abolição; das transformações de classe que esses processos históricos significaram; da revolução burguesa no Brasil; dos processos revolucionários na América Latina. Professor na Universidade de São Paulo desde 1945, catedrático em 1964 (com uma tese importante sobre a transição do trabalho escravo para o trabalho livre, “A integração do negro nas sociedades de classe”), Florestan Fernandes foi cassado, pelo AI-5, em 1969. Ensinou, então, em universidades canadenses e norte-americanas. Em 1978 passou a lecionar na PUC-SP, mas somente em 1986 voltou à USP. Eleito deputado federal à Constituinte, em 1986, pelo Partido dos Trabalhadores, foi reeleito em 1990. Algumas de suas obras: A organização social dos Tupinambá (1949), Negros e brancos em São Paulo (1959), A sociologia numa era da revolução social (1962), A integração do negro na sociedade de classes (1964), Sociedade de classes e subdesenvolvimento (1968), Capitalismo dependente e classes sociais na América Latina (1973), A revolução burguesa no Brasil (1975), A Universidade Brasileira: reforma ou revolução? (1975), A sociologia no Brasil (1977), A condição do sociólogo (1978), Da guerrilha ao socialismo: a Revolução Cubana (1979), A natureza sociológica da sociologia (1980), O que é revolução? (1981), A ditadura em questão (1982), Nova República (1986).

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Publicado

2019-09-16

Como Citar

Fernandes, F. (2019). Padrões de dominação externa na América Latina. Germinal: Marxismo E educação Em Debate, 11(1), 310–324. https://doi.org/10.9771/gmed.v11i1.33436