A ESCOLA DO TRABALHO SOVIÉTICA DE PISTRAK: DOIS PASSOS À FRENTE, UM PASSO ATRÁS?
Palavras-chave:
Educação Soviética, Escola do Trabalho, Pistrak.Resumo
O presente texto pretende investigar a materialidade da proposta marxiana presente no projeto educacional soviético da Escola do Trabalho, em especial, as bases fundamentais dessa escola e seu desenvolvimento na realidade nos primeiros anos da revolução soviética. Nossos objetivos específicos foram: apresentar os elementos essenciais do referencial materialista histórico-dialético para compreensão do objeto de estudo; revisar a produção teórica sobre Pistrak e sua Escola do Trabalho disponível no Brasil; expor os princípios, os fundamentos e a estrutura da Escola do Trabalho soviética; apontar a contribuição da Escola do Trabalho soviética para o processo de constituição do socialismo e de efetivação da emancipação humana; analisar os limites da Escola do Trabalho, considerando o contexto adverso da Revolução Russa e todos os seus condicionantes. No que se referem às formulações teóricas de Pistrak, nos interessou especialmente, a apropriação das categorias fundamentais da Escola do Trabalho, a auto-organização dos alunos e as relações com a atualidade, bem como o desenvolvimento das mesmas naquele contexto. Para isso, analisamos as obras Fundamentos da Escola do Trabalho e A Escola Comuna. Para referenciarmos nossa análise na obra marxiana tivemos que considerar o grande volume da obra de Marx e Engels e o fato de que os teóricos alemães não se propuseram a escrever um tratado específico sobre formação humana. No entanto, ao fundarem o materialismo histórico dialético, através de suas análises críticas da sociabilidade capitalista e de toda sua base de sustentação – histórica e teórica –, eles acabaram por perscrutar a formação do ser social, e por consequência, a formação humana. Diante desse panorama, optamos por analisar mais detidamente A Ideologia Alemã por ser uma obra de grande maturidade teórica, já que surge após o trabalho desses teóricos em várias obras anteriores de Marx e Engels, e possui a base de sustentação de toda a análise do capital feita posteriormente por Marx. Além disso, A Ideologia Alemã é um marco na história da filosofia por trazer a perspectiva materialista da histórica confrontando o idealismo vigente à sua época. Com a finalização desse percurso podemos afirmar que a Escola do Trabalho deu passos importantes na constituição de um novo modus operandi educacional. Em relação aos avanços, a relação entre professores e alunos no processo de organização da escola e de seus conteúdos ao modelo dos sovietes; a perspectiva internacionalista que a Escola do Trabalho assumiu na direção de formar lutadores contra o imperialismo a partir das relações com a atualidade; podemos dizer que deu dois passos na direção da emancipação humana na formulação material e histórica das categorias: relação com a atualidade e auto-organização dos alunos. Mas, considerando as contradições do próprio processo de constituição da nova forma de sociabilidade e as dificuldades postas pela inexperiência dos jovens pedagogos com relação à elaboração da nova proposta educacional, há elementos, que estão presentes na própria crítica de Pistrak em 1934, que apontam passos para trás no processo de construção da emancipação humana. Trata-se do rebaixamento do papel da teoria ou da sobreposição do método ao conteúdo.
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