Contra-cartografias de povos tradicionais nas mtrópoles paraenses: repertórios para um urbano amazônico plural

Autores

  • Ana Claudia Duarte Cardoso Instituto de Tecnologia/Universidade Federal do Pará
  • Maria do Socorro Amoras Instituto de Ciências Sociais Aplicadas/ Universidade Federal do Pará
  • Solange Gayoso Instituto de Ciências Sociais Aplicadas/ Universidade Federal do Pará
  • Harley Silva Instituto de Ciências Sociais Aplicadas/ Universidade Federal do Pará

DOI:

https://doi.org/10.9771/ns.v13i24.44395

Palavras-chave:

Contra-cartografia, decolonialidade, povos tradicionais, Região Metropolitana de Belém, Região Metropolitana de Santarém

Resumo

Este texto analisa dados sobre como são apropriados e gerenciados coletivamente territórios de comunidades que manifestam aspectos da transição urbano/periurbano/rural em duas regiões metropolitanas paraenses: Belém e Santarém, a partir de resultados parciais da pesquisa intitulada “Alternativas de Desenvolvimento: cartografia social de territórios de populações tradicionais do Pará e Minas Gerais”. Trata-se de uma contra-cartografia para territórios periurbanos e periféricos, construída a partir de narrativas próprias dessas comunidades. A metodologia se valeu da pesquisa participante, tomando como interlocutor e pesquisador os discentes/bolsistas da pesquisa, nativos dessas comunidades, contemplados pela política de cotas raciais, e pelos demais discentes/bolsistas e pesquisadores envolvidos com as lutas desses grupos. As primeiras investidas no campo possibilitaram mapear e compreender aspectos históricos, geográficos e socioterritoriais presentes na dinâmica da organização social e política de comunidades tradicionais (indígenas, quilombolas, ribeirinhas) e camponesas assentadas. As reflexões apontaram que esses territórios vivenciam conflitos diversos, internos e externos, e mantêm estratégias de resistência para enfrentar tensões resultantes das dimensões materiais e imateriais, provocadas por processos que desencadeiam situações de ameaças de perda do espaço habitado, abandono dos seus modos de vida e a inserção de seus membros como subalternizados na sociedade urbana. O modo como lutam para serem reconhecidos, expressa territorilidades específicas dessas comunidades, as quais desmontam visões estáticas e essencializadas acerca desses povos.

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Biografia do Autor

Ana Claudia Duarte Cardoso, Instituto de Tecnologia/Universidade Federal do Pará

Arquitetuta Urbanista, Professora Titular da Universidade Federal do Pará. Bolsista CNPQ.

Maria do Socorro Amoras, Instituto de Ciências Sociais Aplicadas/ Universidade Federal do Pará

Antropóloga, Professora Adjunta da Universidade Federal do Pará - UFPA. 

Solange Gayoso, Instituto de Ciências Sociais Aplicadas/ Universidade Federal do Pará

Assistente Social, Professora Adjunta da Universidade Federal do Pará - UFPA.

Harley Silva, Instituto de Ciências Sociais Aplicadas/ Universidade Federal do Pará

Economista, Professor Adjunto da Universidade Federal do Pará - UFPA.

Referências

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Publicado

2022-02-18

Como Citar

Cardoso, A. C. D., Amoras, M. do S., Gayoso, S., & Silva, H. (2022). Contra-cartografias de povos tradicionais nas mtrópoles paraenses: repertórios para um urbano amazônico plural. NAU Social, 13(24), 937–953. https://doi.org/10.9771/ns.v13i24.44395

Edição

Seção

Gestão Social e Amazonia