PADRÕES DE FLEXÃO VERBAL EM PORTUGUÊS BRASILEIRO INFANTIL: MORFOLOGIA OU FONOLOGIA?

Autores

Palavras-chave:

morfologia verbal, fonologia, aquisição

Resumo

O processo de troca de conjugação é frequente na gramática de crianças adquirindo o Português Brasileiro (PB) e tem sido abordado por pesquisadores sob diversas perspectivas teóricas. Para alguns autores, as trocas entre conjugações (TC) decorrem da sobregeneralização de regras e padrões morfológicos produtivos na aquisição. Contudo, ao analisarmos 121 formas verbais de crianças de 2-5 anos, constatei um padrão flexional diferente do esperado: de 77 trocas de conjugação, 51 (66,2%) consistem em aplicações da desinência –i, de 1ªpessoa do pretérito perfeito de 2ªe 3ªconjugação, no lugar da estrutura –ei, da 1ª. Dado o fato de que a 1ª conjugação é tida como a mais produtiva, o esperado seria que as trocas se dessem no sentido inverso. Neste estudo, exploro a possibilidade de o padrão observado não consistir, de fato, em uma troca entre desinências, mas sim em uma tentativa malsucedida de produção da desinência –ei causada por uma dificuldade de realização fonética desta estrutura, aqui analisada como uma sílaba VG. Para testar esta hipótese, discuto a literatura sobre a aquisição dos ditongos decrescentes no PB, buscando oferecer uma análise mais global acerca do tema.

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Biografia do Autor

Camila Moreira, Universidade Federal do Paraná

Bacharel em linguística formal pela Universidade Federal do Paraná (2017) e mestranda na mesma instituição. Dedica-se ao estudo de aquisição da linguagem e de questões relativas à fonologia e morfossintaxe de processos reduplicativos nas línguas. 

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Publicado

2019-07-29

Como Citar

Moreira, C. (2019). PADRÕES DE FLEXÃO VERBAL EM PORTUGUÊS BRASILEIRO INFANTIL: MORFOLOGIA OU FONOLOGIA?. Inventário, (23.2), 23–44. Recuperado de https://periodicos.ufba.br/index.php/inventario/article/view/29401

Edição

Seção

Artigos