https://periodicos.ufba.br/index.php/inventario/issue/feed Inventário 2023-12-23T21:25:52+00:00 Editoria inventar@ufba.br Open Journal Systems <p>A Inventário é editada pelo corpo discente dos Programas de Pós-Graduação do Instituto de Letras. Tem por política editorial publicar, semestralmente, artigos científicos, ensaios, resenhas e relatos de experiência, produzidos no âmbito dos estudos linguísticos e/ou literários cujos originais tenham obtido parecer positivo de pelo menos dois avaliadores especializados na área específica do trabalho submetido.<br />Área do conhecimento: Linguística e Literatura<br />ISSN (online): 1679-1347 - Periodicidade: Semestral - Qualis: B3</p> https://periodicos.ufba.br/index.php/inventario/article/view/56177 LEMBRANÇA DE UM BEIJO EM VÊNUS 2023-09-30T01:48:28+00:00 Hêmille Raquel Santos Perdigão hrsperdigao@yahoo.com.br <p>Este trabalho propõe a leitura das cenas do romance Ulysses, de James Joyce, em que há descrições picturais do feminino. A hipótese do trabalho foi que tais cenas compõem um importante fio narrativo do romance, pois é a partir dele que encontramos o motivo inicial da crise do casamento dos protagonistas Leopold e Molly Bloom. No romance, não há a denominação de nenhuma obra de arte, de modo que fez parte, deste trabalho, identificar, nas descrições picturais, a qual pintura o texto se referia. A conclusão foi que Leopold formou, subjetivamente, uma imagem de Molly, no início do relacionamento, que corresponde à pintura <em>O nascimento de Vênus</em>, de Sandro Botticelli. Após ver a esposa, no presente, em contraste com a reprodução de uma pintura do banho de Diana, Leopold Bloom compara o seu casamento ao mito de Diana e Acteão. Por fim, em uma das últimas aparições do personagem no romance, ele beija a esposa como uma versão espelhada da pintura Vênus ao espelho, de Diego Velásquez. O beijo marca o momento em que Leopold percebe a insolúvel discrepância entre a sua mulher, real, e as mulheres reproduzidas nas obras de arte.</p> 2023-12-23T00:00:00+00:00 Copyright (c) 2023 Inventário https://periodicos.ufba.br/index.php/inventario/article/view/56070 A TRAGÉDIA EM UM MUNDO INVERTIDO 2023-10-13T16:16:28+00:00 João Marcos Cilli de Araujo jmcillidearaujo@gmail.com <table> <tbody> <tr> <td> <p><span style="font-weight: 400;">Este trabalho tem por objetivo fornecer uma breve investigação a respeito do romance </span><em><span style="font-weight: 400;">Um jogador</span></em><span style="font-weight: 400;">, de Fiódor Dostoiévski (1821-1881). A análise proposta é feita a partir de um olhar sobre seu protagonista, o jovem Aleksiéi Ivânovitch, e de uma possível genealogia na qual ele se insere: a dos preceptores. Para tanto, incorre-se em uma leitura de outros dois jovens educadores da literatura ocidental:&nbsp; Läuffer, protagonista da peça </span><em><span style="font-weight: 400;">O preceptor</span></em><span style="font-weight: 400;"> (1774), de Lenz (1751-1792); e Julien Sorel, personagem central de </span><em><span style="font-weight: 400;">O vermelho e o negro</span></em><span style="font-weight: 400;"> (1830), de Stendhal (1783-1842), ambos ocupantes de posições subalternas nas sociedades em que vivem e sujeitos a destinos algo trágicos, o que prefigura o fim miserável de Aleksiéi. A partir de tal percurso, ancorado no aporte teórico de autores como György Lukács (1885-1971), além de pequenas incursões nas obras do Warwick Research Collective (WREC) e de Erich Auerbach (1892-1957), acredita-se ser possível construir um retrato crítico a respeito da experiência burguesa ocidental e suas consequências no Império Russo, tema caro a Dostoiévski e que parece constituir um dos núcleos centrais do romance </span><em><span style="font-weight: 400;">Um jogador. </span></em><span style="font-weight: 400;">&nbsp;</span></p> </td> </tr> </tbody> </table> 2023-12-23T00:00:00+00:00 Copyright (c) 2023 Inventário https://periodicos.ufba.br/index.php/inventario/article/view/55644 MUDANÇAS HISTÓRICAS NA CONDIÇÃO DO TRABALHO INFANTIL 2023-09-25T23:31:11+00:00 Ramiro Rodrigues Coni Santana ramiroconisantana@hotmail.com <p>A participação de crianças na vida comunitária e familiar através do trabalho foi um fato social em diferentes culturas e épocas históricas. No entanto, entre o final do século XVIII e início do século XIX, inicia-se como parte das novas relações de trabalho nas sociedades industriais a exploração do trabalho na infância, que tornou o trabalho infantil um problema social com graves consequências para crianças, adolescentes e famílias. No presente artigo, discute-se as mudanças no <em>status </em>do trabalho infantil sob uma perspectiva histórica. O trabalho infantil, inicialmente uma atividade familiar e doméstica, ao transformar-se em mazela social grave, exigiu de estados e organizações a construção de marcos regulatórios e estratégias de erradicação que foram sendo gradualmente implementadas. Alguns movimentos pioneiros em países europeus e no contexto norte-americano são apresentados. O trabalho infantil no Brasil colonial e no Brasil republicano também são discutidos. No caso brasileiro a instituição do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) representou um marco significativo na garantia de direitos de crianças e adolescentes e foi um importante instrumento jurídico no combate ao trabalho infantil. No entanto, discute-se que tensões têm sido geradas uma vez que uma perspectiva proibitiva e fiscalizadora do trabalho infantil pode implicar em embates com práticas culturais pautadas no trabalho e que têm a participação das crianças.</p> 2023-12-23T00:00:00+00:00 Copyright (c) 2023 Inventário https://periodicos.ufba.br/index.php/inventario/article/view/53332 FOGO-FÁTUO, UMA POÉTICA EM COMBUSTÃO 2023-10-27T11:31:49+00:00 Julia Pedreira Monteiro monteirojuliap@gmail.com <p class="western" align="justify"><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><span style="font-size: small;">Este artigo </span></span></span><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><span style="font-size: small;">busca</span></span></span><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> fazer um sobrevoo sob</span></span></span><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><span style="font-size: small;">re</span></span></span><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> a poética haroldiana, tendo como foco sobretudo o período do pós concretismo, quando Haroldo </span></span></span><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><span style="font-size: small;">de Campos </span></span></span><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><span style="font-size: small;">adentra os meandros do sentido e do corpo e compõe sua obra </span></span></span><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><em>Educação dos Cinco Sentidos</em></span></span></span><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> (2013). A </span></span></span><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><span style="font-size: small;">investigação</span></span></span><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> aqui não é por definir e encerrar a imensidão labiríntica de sua obra, ao contrário, trata-se de colher </span></span></span><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><span style="font-size: small;">e investigar</span></span></span><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> alguns dos seus versos, </span></span></span><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><span style="font-size: small;">mapeando</span></span></span><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> percepções e reflexões que possam expandir a forma como lemos e compreendemos </span></span></span><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><span style="font-size: small;">a</span></span></span><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> sua poesia</span></span></span><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><span style="font-size: small;">. </span></span></span><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><span style="font-size: small;">Entre a materialidade da palavra e a fabulação poética, </span></span></span><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><span style="font-size: small;">buscamos fazer </span></span></span><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><span style="font-size: small;">uma arqueologia minuciosa no mínimo que resta dos estilhaços </span></span></span><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><span style="font-size: small;">d</span></span></span><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><span style="font-size: small;">e seus versos.</span></span></span> <span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><span style="font-size: small;">Não se trata tanto de perguntar o que é a poesia, mas sim, </span></span></span><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><em>como ela é</em></span></span></span><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: Arial Narrow, sans-serif;"><span style="font-size: small;">. </span></span></span></p> 2023-12-23T00:00:00+00:00 Copyright (c) 2023 Inventário https://periodicos.ufba.br/index.php/inventario/article/view/56348 FEITO DE AMOR E TREVAS 2023-10-19T14:05:12+00:00 Manoel Carlos dos Santos Alves mcsantosalves@gmail.com Rafael Fernandes de Souza Oliveira rafaalc12@gmail.com <p>Em <em>O Nascimento da Tragédia</em> (1992), Friedrich Nietzsche postula os dois princípios artísticos residindo no bojo das artes dramáticas da Grécia Antiga: o apolíneo e o dionisíaco. Enquanto o primeiro conceito, simbolizado pelo deus Apolo, assinala aspectos individualistas, racionais e sistematizados; o segundo, representado pelo deus Dionísio, configura elementos de comunhão, transcendentalidade e encantamento. Contudo, embora amplamente utilizados em aplicações teóricas e acadêmicas, os conceitos mostram-se suscetíveis a usos indevidos ou, então, podem fraquejar ante certos empreendimentos. A compreensão de dionisíaco, por exemplo, mostra-se, na intelectualidade hodierna, assaz comprometida, quando assimilada somente por sua índole hedonista. À vista disso, Camille Paglia, na obra <em>Sexual Personae</em> (1990), desenvolveu uma noção complementar intitulada “ctônico”. Proveniente da palavra grega chthōn, significando “terra” ou “da terra”, “do solo”, o ctônico implica num impulso saturado por agressividade, erotismo e (auto)destruição. Logo, o presente artigo dedicou-se a investigar as nuances apolíneas, dionisíacas e ctônicas incutidas na tessitura da obra <em>O Morro dos Ventos Uivantes</em> (2016), de Emily Brontë. A análise, considerando elementos estéticos e narrativos, levou-nos à conclusão de que, para além da dicotomia apolíneo e ctônico fundamentando a atmosfera e a diegese, construiu-se uma relação limítrofe entre dionisíaco e ctônico na expressão afetiva dos personagens.&nbsp;</p> 2023-12-23T00:00:00+00:00 Copyright (c) 2023 Inventário https://periodicos.ufba.br/index.php/inventario/article/view/56167 O CORPO COMO TEXTO 2023-10-12T00:57:32+00:00 Renata Mocelin Penachio mocelinrenata6@gmail.com <p>Neste artigo busco unir minhas aspirações, a antropologia e a literatura, para uma investigação cuidadosa que emerge a partir da complexa intersecção dos saberes que são as fronteiras da historiografia brasileira. O corpo como forma de elegibilidade do texto e o texto como forma de elegibilidade do corpo. Trazer para o corpo as discussões sobre as problemáticas étnicas do país é materializar as marcas da colonização, mesmo que essas marcas estejam representadas nas lacunas psicoexistênciais que transitam entre a verdade e a ficção. O exercício de alteridade que a literatura promove é o redimensionar das estruturas subjetivas que o pensamento colonial impõe e provoca antes, durante e pós período escravocrata. Não é apenas do período histórico que advém a escravidão, mas do pensamento que perpetua na historicidade suas marcas de violência. Aqui, analiso os contos <em>Negrinha</em>, de Monteiro Lobato, e <em>Pai contra mãe</em>, de Machado de Assis, na intenção de encarar a importância e impacto da narrativa ficcional na reflexão e (re)constituição da história do país.</p> 2023-12-23T00:00:00+00:00 Copyright (c) 2023 Inventário https://periodicos.ufba.br/index.php/inventario/article/view/55921 EXPERIÊNCIA MÍSTICA EM “MISS ALGRAVE”, DE CLARICE LISPECTOR 2023-10-18T00:27:35+00:00 Douglas Santana Ariston Sacramento douglas.ariston.18@gmail.com <p>Clarice Lispector (1920-1977) é uma escritora que figura o cânone da literatura nacional brasileira. Entre seus escritos, os quais perpassam diversos gêneros literários, destaca-se a sua produção de contos. “Miss Algrave” é um dos contos que compõe a coletânea <em>A via crucis do corpo</em>, e retrata sobre a personagem homônima, uma mulher que vive numa Inglaterra cheia de restrições e moralidades de dogma cristão. Até que, em uma noite de sábado, participa de uma experiência mística marcado pelo erótico com um ser de Saturno, Ixtlan, que lhe tira a virgindade e transforma a vida de Miss Algrave completamente. Assim, o presente artigo empreende uma leitura sobre o conto levando em consideração a ascese vivenciada pela personagem feminina antes da experiência mística e a experiência mística em si. Esta discussão, portanto, é pautada em teóricos que discutem a relação entre literatura e experiência religiosa, ou que estudam sob um viés filosófico a obra clariciana.</p> 2023-12-23T00:00:00+00:00 Copyright (c) 2023 Inventário https://periodicos.ufba.br/index.php/inventario/article/view/56039 POR UMA POLÍTICA DOS VIVENTES NA POESIA DE ALBERTO PUCHEU 2023-10-17T01:01:08+00:00 Taise Teles Santana de Macedo taiseteles@yahoo.com.br <p>Publicada em 2020, <em>vidas rasteiras</em>, obra do artista e poeta Alberto Pucheu, aponta uma série de vidas, aparentemente frágeis, que buscam “saídas da morte”: mulheres sem-teto, mendigas, indígenas, imigrantes, trabalhadores precários. Apesar de todas as intempéries a que estão submetidos, tais corpos conseguem se livrar, se vingando, de inúmeras imposições deste “mundo cão”. Nesse sentido, este trabalho discute como o poema, enquanto máquina de guerra, fabula uma resposta às violências do nosso tempo; se o momento é de “fezes”, sobretudo quando o outro é visto como estranho, um inimigo, a quem devemos exterminar, nos versos pucheuteanos expor-se ao outro mobiliza a construção de um espaço de alianças, de partilhas e de ressignificação da própria noção de comunidade. Para isso, nos apropriaremos do conceito de “qualquer” e de “comum”, respectivamente dos pensadores Giorgio Agamben (1993) e Maurice Blanchot (2013), e do conceito de “comunidade”, de Jean Luc-Nancy (2016). Nesse sentido, compreenderemos como as vidas miúdas e rasteiras dos textos pucheuteanos fundam, a cada movimento e expansão, modos e possibilidades do ser-em-comum</p> 2023-12-23T00:00:00+00:00 Copyright (c) 2023 Inventário https://periodicos.ufba.br/index.php/inventario/article/view/56157 A ANCESTRALIDADE EM CONTOS DE "DORAMAR OU A ODISSÉIA: HISTÓRIAS", DE ITAMAR VIEIRA JUNIOR 2023-11-06T16:40:49+00:00 Marcos Antonio Fernandes dos Santos prof.marcosf8@gmail.com Stela Maria Oliveira da Silva stelaoliveira55@outlook.com <p style="font-weight: 400;">O presente artigo tem como objetivo investigar como a ancestralidade é construída na obra <em>Doramar ou A odisseia: histórias</em>, de Itamar Vieira Junior, na qual são relatados acontecimentos singulares que possuem um diálogo com questões sociais, e a multiplicidade de culturas que formam o país, o que se observa, por exemplo, através da diversidade linguística que constitui a narrativa. O artigo tem cunho bibliográfico, e para construção teórica utilizou-se de autores como Jesus (2021), Viviani (2022), Cortázar (1974), Evaristo (2009), entre outros. A leitura das narrativas evidenciou, entre algumas questões, que as personagens estabelecem uma relação com seus ancestrais, a qual é marcada pelo respeito e devoção. Para a construção das suas narrativas, por exemplo, Vieira Junior utiliza da experiência brasileira, um material vivo, do passado e/ou do presente, assumindo um olhar artístico e utilizando-se do retorno à memória para construir um texto firmado na realidade histórica.</p> 2023-12-23T00:00:00+00:00 Copyright (c) 2023 Inventário https://periodicos.ufba.br/index.php/inventario/article/view/56345 CULTURA PRETA, REPRESENTATIVIDADE E ANTIRACISMO 2023-12-08T14:29:19+00:00 Gilberto Alves Araújo gilbertoa.araujo@yahoo.com.br Odilia Cardoso odiliacardoso@gmail.com Gizélia Maria da Silva Freitas gizeliamfreitas@gmail.com <p>Este trabalho discute os modos pelos quais a política identitária ao redor e no cerne do filme <em>A Pequena Sereia </em>(2023) é tratada enquanto elemento constitutivo de um projeto político-econômico de sobrevivência da empresa estadunidense Disney. Nesse mesmo sentido, este artigo problematiza também os efeitos e implicações do tratamento dispensado a essa política identitária, que se associa às subjetividades e culturas negras, bem como à luta antirracista que estas demandam. Para tanto, recorre-se à metodologia dos Estudos Culturais (MORAN, 2015; CASHMORE, 1997) e a uma perspectiva eventualmente comparativa entre as versões do filme em 1989 e 2023. Empregam-se também, no bojo teórico desse debate, referenciais que tematizam identidades e manifestações culturais negras dentro e fora da indústria cultural, como Hooks (1995), Lee e Rover (1993), Haider (2019), dentre outros. Resultados dessa incursão analítica sugerem que o filme, a despeito de sua centralidade pretérita na branquitude, é artificialmente alterado para assegurar, dentre outras coisas, a aparência de <em>inovação/disrupção,</em> a partir de uma leitura mercadológica que a Disney opera de seus rivais na indústria. Semelhantemente, a companhia configura/lança a obra na esperança de garantir <em>lucros</em> financeiros e simbólicos mais abundantes. Ao mesmo tempo, a empresa se utiliza da obra para ofertar uma responsividade às <em>demandas sociais</em> por representação negra no cinema e ensaia uma execução de <em>justiça/reparação histórica</em> para com a cultura afro em pretensa oposição ao seu passado racista.</p> 2023-12-23T00:00:00+00:00 Copyright (c) 2023 Inventário https://periodicos.ufba.br/index.php/inventario/article/view/56148 LEITURA LITERÁRIA COMO RECURSO PEDAGÓGICO NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DE EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA 2023-10-16T16:30:22+00:00 Cleiton Santos Bassete cleitonbassete@gmail.com Mariana Ferreira Santana marianaferreirasantana84@gmail.com Magno Santos Batista magnosantos01@yahoo.com.br <p>A leitura literária desempenha papel fundamental no processo de ensino-aprendizagem como ferramenta pedagógica de uma educação antirracista, pois permite que os estudantes explorem diferentes gêneros literários, isto é, contos, crônicas, romances e narrativas acerca das temáticas raciais. É salutar que os educadores possibilitem aos alunos (as) discussões sobre as matérias raciais que emergem das obras literárias e promovam um diálogo crítico na formação dos discentes. Diante disso, questiona-se a necessidade de espaços de discussão racial no processo de ensino-aprendizagem pela promoção da leitura ou releituras das obras literárias que despertem na comunidade escolar a reflexão, as dificuldades, as conquistas e batalhas enfrentadas pelos negros no Brasil e no Mundo. O trabalho tem como objetivo apresentar as atividades desenvolvidas no Colégio Jairo Alves Pereira, localizado no município de Eunápolis-Ba, tendo como premissa o projeto de intervenção intitulado “O Universo da Leitura: perspectivas artísticas e literárias. Dentre as atividades desenvolvidas, realizamos a releitura da obra de Chico Buarque “Chapeuzinho Amarelo” no formato de encenação teatral. Para tanto, selecionamos os autores (as) para fundamentar o artigo: Cosson (2019), Munanga (2000), Van Dijk (2021), Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, entre outros. Portanto, as obras literárias são importantes instrumentos de discussões raciais e antirracistas, pois contribuem para o desenvolvimento de práticas pedagógicas sociais efetivas que busquem contraditar o racismo. Por fim, os resultados apontam para o constructo da conscientização racial nas escolas, a importância do trabalho de obras literárias que contextualizam a temática antirracista e utilizadas como ferramentas de luta social nos processos pedagógicos de ensino.</p> 2023-12-23T00:00:00+00:00 Copyright (c) 2023 Inventário https://periodicos.ufba.br/index.php/inventario/article/view/56145 ENTRE A CRUZ E O RIFLE 2023-11-19T21:36:37+00:00 Hélder Brinate Castro helderbrinate@yahoo.com.br <p>O Regionalismo surge com a intenção de retratar de forma fiel e objetiva as particularidades e as características distintas de determinada região, buscando representar de maneira imediata e documental a realidade rural, com suas nuances culturais e sociais. Assim, a crítica e a historiografia literárias brasileiras costumam interpretar os dramas explorados por essa estética como mera extensão especular de uma realidade local. Relegam-se a um segundo plano os profundos embates emocionais enfrentados pelas personagens, não os compreendendo como causas dos acontecimentos narrados, mas apenas como consequências das ações executadas. Essa perspectiva limitada pode obscurecer a potência trágica e emocional dos dramas vividos pelas personagens. Dessa maneira, a pretensão especular antecipada pela crítica parece embaçar suas lentes, fazendo-a desconsiderar a potência trágica de dramas experimentados por personagens, como as dos romances <em>Pedra Bonita </em>(1938) e <em>Cangaceiros </em>(1953), ambos do escritor José Lins do Rego, sobre os quais este trabalho se debruça.</p> 2023-12-23T00:00:00+00:00 Copyright (c) 2023 Inventário https://periodicos.ufba.br/index.php/inventario/article/view/56315 A PRESENÇA DO LIRISMO MEDIEVAL NA POESIA AL BERTIANA 2023-12-01T12:14:36+00:00 Erivaldo Santos de Sousa erivaldodesousa1976@gmail.com <p>O presente artigo tem como intuito apresentar a literatura al bertiana no que tange a sua errância, e ao seu erotismo em meio ao comportamento contracultural do autor. Para isso, foram revisitados trechos dos livros <em>À procura do vento num jardim d’agosto </em>(1977) e <em>Meu fruto de morder</em>, <em>todas as horas </em>(1979). Em perspectiva comparatista com a poesia satírica - <em>Nostro</em>, <em>Senhor</em>, <em>com’eu ando coitado </em>do trovador Martim Soares e entre outros exemplos da poesia medieval, satírica, erótica e nômade dos goliardos. O desregramento da vida social, a rebeldia, o erotismo, a burla e o nomadismo serão observados, salientando também o quão foi e é presente a poesia medieval, a sua importância, a sua reflexão e fusão ao meio artístico-social-cultural em tempos atuais. Outros autores e seus respectivos textos foram aqui também revisitados como forma de contextualização teórica da escrita, como, por exemplo, <em>Uma estadia no inferno</em>, <em>Poemas escolhidos</em> e <em>A carta do</em> <em>vidente</em> de Arthur Rimbaud (2003); <em>Mil Platôs</em> de Deleuze e Guattari (1995); <em>A noite dos</em> <em>espelhos</em> de Manuel de Freitas (1999); e, <em>Charles Baudelaire</em> de Walter Benjamin (1994).</p> <p><strong>Palavras-chave</strong>: Poesia medieval; Errancia; Al Berto; Martim Soares; Goliardos</p> 2023-12-23T00:00:00+00:00 Copyright (c) 2023 Inventário https://periodicos.ufba.br/index.php/inventario/article/view/56298 SEBASTIÃO 2023-10-13T16:12:17+00:00 Bruna Senke Marcelino brunamarcelino38@gmail.com <p>O presente trabalho busca investigar a atuação de Sebastião no romance O primo Basílio (1878) de Eça de Queirós (1845-1900) frente à defesa das aparências que mantém a sociedade burguesa lisboeta. Pretende-se analisar a atuação dessa personagem principalmente através de seus discursos, pois a figuração da personagem se dá de forma dinâmica no decorrer da narrativa. O objetivo deste estudo é verificar como a imagem da família burguesa e da esposa ideal se sustentam no romance diante da comunidade mesmo após o adultério, logo, tendo isso em vista, percebe-se que Sebastião atua de diversas formas para que a verdade sobre Luísa não seja revelada.</p> 2023-12-23T00:00:00+00:00 Copyright (c) 2023 Inventário https://periodicos.ufba.br/index.php/inventario/article/view/56290 AVALIAÇÃO DE TRADUÇÃO DE POESIA 2023-12-05T07:53:08+00:00 Juliana Cunha Menezes zhulina12@yahoo.com <p>Este estudo, que se insere no viés pós-estruturalista, está conectado com a minha pesquisa de doutorado, a qual apresentou a hipótese da possibilidade de se estabelecerem categorias capazes de instrumentalizar avaliações minimamente consensuais de traduções de poesia. Assim, dadas duas ou mais traduções de um poema, submetidas a dois ou mais avaliadores que adotem categorias uniformes de análise, suas avaliações, ainda que não idênticas, terão em comum alguns pontos relevantes. A busca pelo consenso foi feita através da anotação, uma das atividades da Linguística Computacional, que consiste em identificar e classificar um certo fenômeno linguístico, utilizando rótulos, etiquetas, <em>categorias</em>, em um determinado corpus para, assim, atingirmos uma determinada meta. Neste estudo, especificamente, destacamos, através da anotação, alguns aspectos semântico-lexicais de um poema original em inglês, os quais foram alterados, omitidos, acrescentados, na tradução em português. O objetivo deste trabalho é discutir parte do processo de explicitação, sistematização e validação de categorias para as avaliações em questão, apresentando convergências e divergências entre duas anotações diferentes dos mesmos original e tradução.</p> 2023-12-23T00:00:00+00:00 Copyright (c) 2023 Inventário https://periodicos.ufba.br/index.php/inventario/article/view/58596 EDITORIAL 32 2023-12-23T19:34:06+00:00 Bruno Ferreira Vicente brnfvicente@gmail.com Naiara Santana Pita naiara.pita@ufba.br Sanio Santos sanio.santos@gmail.com 2023-12-23T00:00:00+00:00 Copyright (c) 2023 Inventário