AS CARTAS DAS MULHERES INDÍGENAS AO BRASIL | THE LETTERS OF INDIGENOUS WOMEN TO BRAZIL

Abstract

Através da seleção de três cartas escritas e encaminhadas ao Brasil por mulheres indígenas das etnias Terena, Guarani-Kaiowá e Guajajara, apresento as narrativas de desamparo e de coragem de mulheres que tiveram seus filhos e parentes assassinados no processo de retomada das suas terras no Brasil. Discuto como essas mulheres transformaram o medo em afetos de coragem (SAFATLE, 2015), pondo em evidência os modos de produção dessas cartas, que hoje circulam em redes sociais e em diferentes portais de notícias nacionais e internacionais. Para tanto, analisarei a construção do destinatário dessas correspondências – o Brasil – e os modos como esses escritos podem ser lidos como manifestos políticos. Por fim, demonstro como essas mulheres estetizam o que significa esse desamparo e são as actantes que melhor respondem à pergunta de que os índios têm medo? (CASTRO, 2011). A resposta dessas mulheres é o assunto central deste artigo.

Abstract: Through the selection of three letters written and sent to Brazil by indigenous women of the Terena, Guarani-Kaiowá and Guajajara ethnic groups, I present the narratives of helplessness and courage of women who had their children and relatives murdered in the process of resumption of their lands in Brazil. I discuss how these women have turned fear into affections of courage (SAFATLE, 2015), highlighting the ways in which these correspondences circulate in social networks and in different national and international news portals. For that, I will analyze the construction of the recipient of these letters – Brazil – and the ways in which these correspondences can be read as political manifestos. Finally, I demonstrate how these women elaborate what helplessness means, and today how they can respond to the question "What are the indigenous people afraid of?" (CASTRO, 2011). The response of these women is the main topic of this article.

Keywords: Letters; Indigenous women; Helplessness; Courage.