EM DIREÇÃO A UMA PROPOSTA DE ANÁLISE DOS VERBOS ESPACIAIS NA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS)
DOI:
https://doi.org/10.9771/ell.v0i77.61682Palavras-chave:
Língua brasileira de sinais – Libras; Verbos espaciais; Verbos com concordância; Movimento direcional; Sintaxe espacial.Resumo
Este trabalho investiga as propriedades morfossintáticas e semânticas dos verbos espaciais na língua de sinais brasileira (Libras), em comparação com os verbos com concordância, especificamente quanto ao papel do movimento direcional (DIR) na codificação de argumentos na estrutura sintática das sentenças. Consideramos, com Meir (2002), que: o movimento direcional identifica papéis temáticos, enquanto a orientação das mãos identifica o argumento interno dativo; a oposição entre corpo e espaço retrata a categoria gramatical de pessoa (1p versus não-1p) ou outras localizações no espaço. O corpus da pesquisa foi constituído por sentenças com verbos de movimento, eliciadas segundo a classificação semântica feita por Levin (1993). A análise demonstrou que há diferenças morfossintáticas nos parâmetros fonológicos dos verbos espaciais e dos verbos com concordância, resultando na seguinte proposta: verbos espaciais em Libras são verbos de concordância simples, apresentando apenas um traço [localização] a ser valorado na sintaxe (Lourenço, 2018a,b e seguintes); quando empregados com argumentos dativos, esses verbos apresentam uma estrutura complexa que combina um verbo de concordância simples ao sintagma dativo, introduzido por um núcleo relacional (Mesquita, 2019); os traços [localização] e [pessoa]/[número] integram o feixe de traços-phi do núcleo D0 e correspondem, respectivamente, ao movimento direcional e à orientação da mão.
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