A AQUISIÇÃO DA POSIÇÃO DO VERBO EM INGLÊS E ALEMÃO: UM ESTUDO COMPARATIVO | THE ACQUISITION OF VERBS IN ENGLISH AND GERMAN: A COMPARATIVE STUDY

Autores

  • Carolina Lacerda Medeiros Unicamp

DOI:

https://doi.org/10.9771/ell.v0i54.18104

Palavras-chave:

Aquisição da Linguagem, V2, Sintaxe Comparativa, Gramática Gerativa

Resumo

Resumo: A literatura que discute a sintaxe do verbo nas línguas naturais em geral assume que as línguas V2 são aquelas em que o verbo flexionado ocupa a segunda posição na sentença, sendo a primeira posição ocupada por qualquer outro elemento. O alemão, assim como outras línguas germânicas, é caracterizado como uma língua de tipo V2. O inglês, por outro lado, não apresenta a ordenação de constituintes segundo a qual o verbo obrigatoriamente ocupa a segunda posição na sentença, tendo sido considerado uma língua V2 apenas em seu período arcaico. Este artigo procura fazer um breve estudo comparativo analisando a fala de duas crianças, uma adquirindo o alemão e uma adquirindo o inglês britânico, em diferentes momentos (1;9 até 3;3). Com base na tipologia de Vikner (1995) temos como objetivo verificar até que ponto as duas línguas se assemelham, no âmbito da sintaxe, e em que momento passam a se comportar como línguas distintas no que respeita à posição do verbo uma vez que, linearmente, o inglês apresenta o verbo em segunda posição nas sentenças simples. Como hipótese, temos que um ponto decisivo para a diferenciação das duas gramáticas seria a aquisição de encaixadas. Desse modo, a criança que adquire o alemão começaria a apresentar traços de uma gramática V2 a partir do momento em que adquire sentenças encaixadas, dado que, diferentemente do inglês, esta língua não apresenta verbo em segunda posição nas subordinadas. A criança adquirindo o inglês, por outro lado, mantém a ordem V2 linear nas encaixadas.  O corpus utilizado neste trabalho é oriundo da base CHILDES e pode ser acessado online. O quadro teórico se baseia na noção de Gramática de Chomsky (1985), convencionada como Língua-I, que remete à possibilidade de se gerarem estruturas linguísticas e não, por exemplo, a um certo inventário de estruturas. Tais possibilidades são limitadas pela Gramática Universal, parte das faculdades inatas do ser humano, que dispõe de princípios imutáveis e parâmetros que podem ser fixados diferentemente em gramáticas particulares, determinando, assim, os limites de variação entre essas gramáticas (Chomsky & Lasnik 1993). Cada gramática particular, neste sentido, representa uma determinada parametrização dos princípios da Gramática Universal. A gramática do falante, na teoria gerativa, será, portanto, uma entidade individual: uma gramática particular internalizada na mente de cada indivíduo.

Abstract: The literature usually assumes that V2 languages are those in which the finite verb is on second position on the sentence, like it is in German. English, on the other hand, does not present the same linearization, so Vikner (1995) classified it as a residual V2-language. This paper aims to provide a comparative study analyzing the speech of two children, one acquiring German and the other acquiring European English, in different moments (1;9-3;3). Based on Vikner's typology, we try to verify how these two languages are syntactically alike and in which moment they begin to behave like different grammars, in what concern verb position, since, linearly, English also presents the verb in second position in matrix sentences. As a hypothesis, we believe that a crucial point in this differentiation would be the acquisition of subordinate sentences. In this sense, the child acquiring German would start presenting  V2 grammar traces on the moment s/he acquires subordinate sentences, since, unlike English, this grammar do not present V2 in subordinate structures. The child acquiring English, on the other hand, would maintain the V2 linearization on subordinate sentences. This work is based on the CHILDES corpus, which can be accessed online. The theoretic framework is based on Chomsky's (1985) notion of Grammar as I-Language, that refers to the possibility to generate language structures and not, for example, a certain inventory of structures. Those possibilities are limited by the Universal Grammar, part of human's innate faculties, that is formed by immutable principles and parameters that can be differently fixed by different particular grammars determining the limits of language variation between those grammars. In this sense, each particular grammar represents a different parametrization of the Universal Grammar's principles. Each speaker's grammar, in this sense, will be an individual entity: a particular grammar internalized in the individual's mind.

Keywords: Language Acquisition; V2; Comparative Syntax; Generative Grammar.

 

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Biografia do Autor

Carolina Lacerda Medeiros, Unicamp

Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Linguística da UNICAMP.

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Publicado

2016-01-12

Como Citar

MEDEIROS, C. L. A AQUISIÇÃO DA POSIÇÃO DO VERBO EM INGLÊS E ALEMÃO: UM ESTUDO COMPARATIVO | THE ACQUISITION OF VERBS IN ENGLISH AND GERMAN: A COMPARATIVE STUDY. Estudos Linguísticos e Literários, Salvador, n. 54, p. 8–27, 2016. DOI: 10.9771/ell.v0i54.18104. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/estudos/article/view/18104. Acesso em: 19 dez. 2024.

Edição

Seção

Estudos Linguísticos