SUBJETIVAÇÕES NEOLIBERAIS E SOFRIMENTO SOCIAL: políticas globais de saúde mental em tempos de neoliberalismo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/ccrh.v37i0.61921

Palavras-chave:

Saúde mental global, Subjetivações neoliberais, Organização Mundial de Saúde, Etnografia de Documentos

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar as políticas globais de saúde mental no contexto pós pandemia e no quadro mais amplo de hegemonia neoliberal. Para isso, serão analisados documentos de balanço das primeiras décadas da Organização Mundial de Saúde e dois documentos recentes sobre as políticas e ações em saúde mental e o relatório saúde mental mundial. A abordagem será a da leitura etnográfica de documentos. A leitura desses documentos busca entender como um determinado modo hegemônico de apreensão do sofrimento se reflete (seja como reprodução, seja como resistência) nas políticas de saúde mental e, em especial, nas políticas globais de saúde. A proposta parte da constatação de que a forma específica das subjetivações neoliberais remete a formas específicas de produzir e lidar com o sofrimento e as aflições. A pergunta de fundo, na perspectiva da abordagem antropológica da saúde, é como uma experiência social de sofrimento é produzida como problema psicológico, psiquiátrico ou biomédico em geral e o quanto essa matriz de apreensão do sujeito responde a uma razão neoliberal.

Downloads

Biografia do Autor

Sônia Weidner Maluf, Universidade Federal de Santa Catarina

Professora titular aposentada da UFSC. Professora voluntária permanente no PPGAS/UFSC. Mestre em Antropologia Social (UFSC, 1989) e doutora em Antropologia Social e Etnologia (EHESS, França, 1996). Pesquisadora 1B do CNPq, com o projeto “Antropologia da urgência: Sujeitos, Estado e ciência na crise pandêmica. Foi professora visitante na UFPB e pesquisadora visitante em instituições estrangeiras. Atua nas linhas de antropologia da saúde e saúde mental; impactos sociais da pandemia de Covid-19; antropologia política, Estado e políticas públicas, gênero e teorias feministas; teorias da pessoa, indivíduo e sujeito. Coordenadora Executiva do INCT Brasil Plural e do Núcleo de Antropologia do Contemporâneo (Transes/UFSC).

 

CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA:

Sônia Weidner Maluf – Conceitualização, investigação. Curadoria de dados. Metodologia. Escrita (esboço original, revisão e edição).

Referências

COUTINHO, Maria Fernanda Cruz et al. Articulações entre o projeto de Saúde Mental Global e os aspectos culturais do cuidado na Rede de Atenção Psicossocial e Atenção Primária à Saúde no Brasil. Physis: revista de saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 30, n. 2, 2020.

DUMONT, Louis. Homo aequalis: gênese e plenitude da ideologia econômica. Bauru: Edusc, 2000.

DUMONT. Louis. Homo aequalis II: l’idéologie allemande. Paris: Gallimard, 1991

DUMONT, Louis. O individualismo: uma perspectiva antropológica da ideologia moderna. Rio de janeiro: Rocco, 1985.

FOUCAULT, Michel. O nascimento da medicina social. In: FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979. p. 79-98.

FOUCAULT, Michel. Nascimento da biopolítica. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

KOHRT, Brandon; MENDELHALL, Emily; BROWN, Peter J. Historical backgroun: medical anthropology and global mental health. In: KOHRT, Brandon; MENDENHAL, Emily (ed.). Global mental health: anthropological perspectives. New York: Routledge, 2015. p. 19-35.

SAFATLE, Vladimir. Introdução. In: SAFATLE, Vladimir; SILVA JUNIOR, Nelson; DUNKER, Christian. Neoliberalismo como gestão do sofrimento psíquico. Belo Horizonte: Autêntica, 2021. p. 9-13.

LANGDON, Esther Jean. Uma avaliação crítica da atenção diferenciada e a colaboração entre antropologia e profissionais de saúde. In: LANGDON, Esther Jean; GARNELO, Luiza (org.). Saúde dos povos indígenas: reflexões sobre antropologia participativa. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2004. p. 33-51.

LANGDON, Esther Jean. Os diálogos da antropologia com a saúde: contribuições para as políticas públicas em saúde indígena. In: LANGDON, Esther Jean; GRISOTTI, Márcia (org.). Políticas públicas: reflexões antropológicas. Florianópolis: Editora UFSC, 2016. p. 17-42.

LOWENKRON, Laura, FERREIRA, Letícia. Anthropological perspectives on documents: ethnographic dialogues on the trail of police papers. Vibrant: Virtual Brazilian Anthropology, Brasília, DF, v. 11, n. 2, p. 75-111, 2014.

MALUF, Sônia Weidner. Gênero, saúde e aflição: políticas públicas, ativismo e experiências sociais. In: Sônia Maluf & Carmen Tornquist (org.). Gênero, saúde e aflição: abordagens antropológicas. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2010. p. 21-67,

MALUF, Sônia Weidner. Biolegitimacy, rights and social policies: New biopolitical regimes in mental healthcare in Brazil. VIBRANT, [s. l.], v. 12, p. 321-350, 2015.

MALUF, Sônia Weidner. Subjetivações (pós)pandêmicas: individualismo e sofrimento social. In: MALUF, Sônia Weidner; ANDRADE, Ana Paula Müller de; SILVA, Érica Quinaglia (org.). Políticas do sofrimento e subjetivações em tempos de pandemia. (No prelo1).

MALUF, Sônia Weidner. A “nova” política nacional de drogas e o desmonte neoliberal das políticas de saúde mental no Brasil. In: Saúde, movimentos sociais e direitos. (No prelo2).

TORNQUIST, Carmen Susana; ANDRADE, Ana Paula Müller de; MONTEIRO, Marina. Velhas histórias, novas esperanças. In: MALUF, Sônia Weidner; TORNQUIST, Carmen Susana (org.). Gênero, saúde e aflição: abordagens antropológicas. Florianópolis: Letras Contemporâneas2010. p. 69-131.

WHO. Comprehensive Mental Health Action Plan 2013- 2030. Geneva: WHO, 2021.

WHO. Les dix premières années de l´Organisation Mondiale de la Santé. Genève: WHO, 1958.

WHO. The second ten years of the World Health Organization (1958-1967). Geneva: WHO, 1968.

WHO. The third ten years of the World Health Organization (1968-1977) Geneva: WHO, 2008.

WHO. The fourth ten years of the World Health Organization (1978-1987). Geneva: WHO, 2011.

Downloads

Publicado

2024-12-29

Como Citar

Weidner Maluf, S. (2024). SUBJETIVAÇÕES NEOLIBERAIS E SOFRIMENTO SOCIAL: políticas globais de saúde mental em tempos de neoliberalismo. Caderno CRH, 37, e024035. https://doi.org/10.9771/ccrh.v37i0.61921

Edição

Seção

Dossiê 4