CAPITALISMO INDUSTRIAL DE PLATAFORMA: externalizações, sínteses e resistências
DOI:
https://doi.org/10.9771/ccrh.v35i0.49956Palavras-chave:
Capitalismo Industrial de Plataforma, Externalizações., Resistências., Trabalho Plataformizado., Ação Sindical.Resumo
Na contramão das teses da sociedade pós-industrial, o artigo desenvolve o argumento de que as plataformas digitais sintetizam contemporaneamente a radicalização e o espraiamento da lógica produtiva industrial. Ao analisar o capitalismo de plataforma e os mecanismos de externalização da produção, considera que as plataformas são apenas a ponta do iceberg e a comprovação empírica do desenvolvimento da lógica industrial, da produção de
mercadorias (produto ou serviço, material e/ou imaterial, tangível ou intangível). Trata-se, assim, de um capitalismo industrial de plataforma. Com esse processo em curso, observa-se a tendência de espraiamento da plataformização do trabalho e suas formas de exploração de trabalho, de relações de trabalho destituídas de direitos que, por sua vez, encontram resistência nas lutas dos trabalhadores e trabalhadoras que desnudam a faceta perversa
do trabalho plataformizado.
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