NARRATIVAS AUDIOVISUAIS NO YOUTUBE: COMO A ARTE PODE CONTRIBUIR COM A DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
DOI:
https://doi.org/10.9771/contemporanea.v21i1.52484Palavras-chave:
Arte, Ciência, Divulgação científicaResumo
Neste artigo, mostramos como os cientistas youtubers produzem cruzamentos inter textuais entre ciência e arte em suas narrativas audiovisuais de divulgação científica e quais são as percepções dos internautas sobre isso. Para tanto, buscamos elaborar uma metodologia própria para a análise de vídeos publicados no YouTube conjugando, principalmente, a tríplice mimese de Ricoeur (1994) e a noção de intertextualidade de Koch, Bentes e Cavalcante (2012) e Koch (2018a, 2018b). Identificamos que as principais intertextualidades entre arte e ciência são de dois tipos, sendo um mais voltado para forma e o outro para o conteúdo dos vídeos. No que tange às percepções dos internautas, verificamos um expressivo número de elogios, denotando que a arte contribui, entre outros, para tornar a ciência mais palatável e atrativa.
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Referências
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NOTAS
O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
– Brasil (CAPES) – Código de financiamento 001.
Chamada por Snow (2015) também de cultura não científica, tradicional ou literária. Aqui, para fins de
padronização, adotamos a expressão cultura humanista.
Cientistas são agentes pertencentes ao campo científico. Segundo Bourdieu (2004), este campo é o universo
em que estão inseridos os agentes e as instituições que produzem, reproduzem ou difundem algo; neste caso, a
ciência. Tal universo é um mundo social como outros, porém, obedece a leis sociais mais ou menos específicas.
Aqui, cabe salientarmos que reconhecemos, nesta pesquisa, que há diversas definições do que seja um cientista,
mas consideramos como tal aquelas pessoas que tenham graduação concluída e, no mínimo, o mestrado em
andamento, tendo já tido contato, portanto, com as leis sociais do campo científico. Além disso, essas pessoas
são também youtubers por produzirem conteúdo para canais no YouTube.
Optamos por nos referir ao vlog como sinônimo de um tipo de canal (no caso desta pesquisa, no YouTube).
Lançado em março de 2016, o Science Vlogs Brasil reúne, em sua maioria, canais que fazem divulgação
científica já existentes no YouTube com o objetivo de “[...] criar um selo de qualidade colaborativo que garanta
informação científica de qualidade, confiável e relevante!” (Science [...], 2020, s. p.).
Em algumas traduções da obra de Ricoeur, identificamos que muthos aparece como mythos.
Para outros autores, a intriga pode aparecer como a própria concepção da história narrada ou como sendo a
construção de roteiros (Carvalho, 2012).
Os nomes deles aparecem explícitos neste texto, já que assinaram um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) concordando com o não anonimato.
Artista plástico minimalista norte-americano do século XX.
Pessoas que acompanham o canal
Sobre isso, destacamos que 68,1% dos estudantes do Brasil na faixa etária dos 15 anos (idade considerada na
maior parte dos países como o fim da escolaridade básica), avaliados no Programa Internacional de Avaliação de
Estudantes (Pisa) realizado em 2018, estão no pior nível de proficiência em matemática e não têm nível básico
nesta área do conhecimento (Pisa [...], 2019).
Segundo Aline, em nossa entrevista, neste tipo de paleoarte: “A gente usa a arte com a ciência aplicada. É
quando eu estou reproduzindo alguma coisa, mas usando conhecimentos científicos para aquilo”. Por sua vez, a
paleoarte lato sensu: “É um conceito mais amplo de paleoarte, que é quando eu falo sobre os objetos de estudo
da paleontologia com uma visão artística, mas nem sempre de forma acurada”.
Por finalidade ética, os nomes dos internautas foram anonimizados.
“Vdd” é a abreviação da palavra “verdade”.
A expressão “torre inclinada” foi originalmente pensada pela
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