A DISPUTA PELO CAPITAL DE VISIBILIDADE NEGRA NA PUBLICIDADE

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/contemporanea.v19i3.45874

Palavras-chave:

Capital de visibilidade, publicidade, regime racializado de representação, identidade negra

Resumo

Até a década de 1980, as pessoas negras eram comumente representadas através de personagens subalternizadas em peças publicitárias. Essas representações estão relacionadas ao passado da escravização de sujeitos negros, o que corroborou para a criação de um “regime racializado de representação”. Apesar disso, a partir da segunda metade da década de 2010, percebemos a ampliação na participação de negros como protagonistas em anúncios. Levando em consideração esse cenário de mudança, analisamos a repercussão de O ano que a gente quer (2018), peça da empresa de cosméticos Avon, nas redes sociais de um coletivo vinculado ao movimento negro. A partir daí, dialogamos criticamente sobre como a visibilidade pode ser encarada como um capital importante no jogo da representatividade na contemporaneidade brasileira.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Pedro Henrique Conceição dos Santos, UFF

Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Mídia e Cotidiano da Universidade Federal Fluminense. Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense (2018). Bacharel em Produção Cultural, também pela Universidade Federal Fluminense (2015). Participa do grupo de pesquisa Ética na Sociedade de Consumo (ESC), coordenado pela Profa. Dra. Ana Paula Bragaglia.

Ana Paula Bragaglia, UFF

Professora do departamento de Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense - UFF (IACS), nos cursos de graduação em Comunicação Social e pós-graduação (Mestrado e Doutorado) em Mídia e Cotidiano (Programa de Pós-Graduação em Mídia e Cotidiano - PPGMC). Pesquisadora com ênfase em Mídia, Consumo e Ética (envolvendo Ética na Sociedade de Consumo e Economia Política da Comunicação e da Cultura), em torno de seu projeto de pesquisa geral intitulado atualmente As violências do mercado sob o olhar da Ética: mídia, ideologia e subjetividade nas sociedades de consumo contemporâneas. Doutora em Psicologia Social pela UERJ (2009). Realizou estágio de doutoramento pela PDEE/CAPES em Madri/Espanha (2008). Mestre em Comunicação Social pela UERJ (2004). Especialista em Marketing Empresarial pela UFPR (2001). Graduada em Comunicação - Publicidade & Propaganda pela UFPR (1998).

Referências

ADICHIE, Chimamanda Ngozi. O perigo de uma história única. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

ALMEIDA, Heloisa Buarque de. “Muitas mais coisas”: telenovela, consumo e gênero. 2001. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Departamento de Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2001.

AVON. Institucional. Avon, [S.l.], 2021. Disponível em: https://bit.ly/3pKHo9W. Acesso em: 26 ago. 2021.

BARTHES, Roland. O mito, hoje. In: BARTHES, Roland. Mitologias. São Paulo: Difel, 2001. p. 131-178.

BATLIWALA, Srilatha. Putting power back into empowerment. Open Democracy, [S.l.], 30 jul. 2007 Disponível em: https://bit.ly/372pJnB. Acesso em: 26 ago. 2021.

BERTH, Joice. Empoderamento. São Paulo: Polén, 2019.

BIBAS, Danielle. Diversidade está no centro das ações da Avon. Propmark, [S.l.], 25 fev. 2019. Disponível em: https://bit.ly/3tEhGoN. Acesso em: 26 ago. 2021.

BOURDIEU, Pierre. A distinção: crítica social do julgamento. São Paulo: Edusp; Porto Alegre: Zouk, 2007.

BRAGAGLIA, Ana Paula. Pertencimento e exclusão através do consumo e da publicidade. Contemporânea, Salvador, v. 16, n. 1, p. 311-332, 2018. DOI: https://doi.org/10.9771/contemporanea.v16i1.22788.

CAMPANELLA, Bruno. Celebridade, engajamento humanitário e a formação do capital solidário. Revista Famecos, Porto Alegre, v. 21, n. 2, p. 721-741, 2014. DOI: https://doi.org/10.15448/1980-3729.2014.2.15908.

CAMPOS, Luiz Augusto; FELIX, Marcelle. Diversidade racial e de gênero na publicidade brasileira das últimas três décadas (1987-2017). Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa, Rio de Janeiro, 17 fev. 2021. Disponível em: https://bit.ly/3sUi7fs. Acesso em: 26 ago. 2021.

COLETIVO PRETARIA. Site. Coletivo Pretaria, [S.l.], 2021. Disponível em: https://bit.ly/3KnrYQO. Acesso em: 26 ago. 2021.

EVARISTO, Conceição. Ponciá Vicêncio. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2003.

FERREIRA, Ricardo Franklin. O brasileiro, o racismo silencioso e a emancipação do afrodescendente. Psicologia & Sociedade, Belo Horizonte, v. 14, n. 1, p. 69-86, 2002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/psoc/a/JHpfdP3bp6dd8Y4wrw8XbHN/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 11 mar. 2022.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 77. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2021.

FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. São Paulo: Global, 2003.

GOMES, Pedro Gilberto. Dos meios à midiatização: um conceito em evolução. São Leopoldo: Ed. Unisinos, 2017.

HALL, Stuart. Cultura e representação. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, 2016.

HAN, Byung-Chul. Psicopolítica: o neoliberalismo e as novas técnicas de poder. Belo Horizonte: Âyiné, 2018.

HEINICH, Nathalie. Grand résumé de de la visibilité : excellence et singularité en régime médiatique. Paris: Éditions Gallimard, 2012.

HELLER, Agnes. O cotidiano e a história. 11. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2016.

HORKHEIMER, Max. Teoria tradicional e teoria crítica. In: BENJAMIN, Walter et al. Textos escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1983. p. 125-162.

HOOKS, bell. Olhares negros: raça e representação. São Paulo: Elefante, 2019.

KELLNER, Douglas. A cultura da mídia: estudos culturais: identidade e política entre o moderno e o pós-moderno. Bauru: Edusc, 2001.

KOSIK, Karel. Dialética do concreto. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.

LORDON, Frédéric. A sociedade dos afetos: por um estruturalismo das paixões. Campinas: Papirus, 2015.

MARTINS, Jorge S. Redação publicitária: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997.

MARTINS, Carlos Augusto de Miranda e. Racismo anunciado: o negro e a publicidade no Brasil. 2009. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) – Departamento de Comunicação e Artes, Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.

MARTINS, Carlos Augusto de Miranda e. O mercado consumidor brasileiro e o negro na publicidade. GV-executivo, São Paulo, v. 14, n. 1, p. 43-45, 2015. DOI: https://doi.org/10.12660/gvexec.v14n1.2015.49190.

MARX, Karl. Contribuição à crítica da economia política. 2. ed. São Paulo: Editora Expressão Popular, 2008.

MOMBAÇA, Jota. O mundo é meu trauma. Piseagrama, Belo Horizonte, n. 11, p. 20-25, 2017.

MORAES, Dênis. Imaginário social, hegemonia cultural e comunicação. In: MORAES, Dênis. A batalha da mídia: governos progressistas e políticas de comunicação na América Latina e outros ensaios. Rio de Janeiro: Pão de Rosas, 2009.

OLIVEIRA, Jéssica; BISPO, Luane; FERRARI, Mônica. Identidade racial: práticas educacionais de reconhecimento e valorização das diferenças. Americana: Adonis, 2016.

PERUZZO, Cicilia M. Krohling. Apontamentos para epistemologia e métodos na pesquisa em Comunicação no Brasil. Comunicação e sociedade, Braga, n. 33, p. 25-40, 2018. DOI: https://doi.org/10.17231/comsoc.33(2018).2905.

RIBEIRO, Darcy. Classe, cor e preconceito. In: RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 208-227.

SCHELLER, Fernando. Mulher negra ganha espaço na publicidade: pesquisa aponta evolução, mas mostra que situação ainda está longe da ideal. Estadão, São Paulo, 18 dez. 2017. Disponível em: https://bit.ly/3tD5YuF. Acesso em: 2 fev. 2020.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. As faculdades de direito ou os eleitos da nação. In: SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil – 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 141-188.

SILVA, Dilma de Melo. A imagem do negro no espaço publicitário. In: BATISTA, Leandro Leonardo; LEITE, Francisco (org.). O negro nos espaços publicitários brasileiros: perspectivas contemporâneas em diálogo. São Paulo: Escola de Comunicações e Artes/USP, 2011. p. 19-24

SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se negro: as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1983.

THOMPSON, John. B. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. Petrópolis: Vozes, 1998.

WILLIAMS, Raymond. Base e superestrutura na teoria cultural marxista. Revista USP, São Paulo, n. 66, p. 209-224, 2005.

Downloads

Publicado

2022-05-02