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BLACK IS KING E A NÃO PRECARIEDADE NAS IMAGENS DA NEGRITUDE

Autores

  • Laura Guimarães Corrêa UFMG
  • Pablo Moreno Fernandes UFMG
  • Rafael Pereira Francisco Universidade Federal de Minas Gerais https://orcid.org/0000-0001-5485-9599

DOI:

https://doi.org/10.9771/contemporanea.v19i3.45670

Palavras-chave:

Black Is King, negritude, Sankofa, tempo espiralar, maternidade

Resumo

Refletimos sobre as construções de sentido presentes na obra Black Is King, de Beyoncé, que ativam a ideia de uma África reimaginada e fabulada. Ao apresentar elementos positivos relacionados aos conceitos de negro e de negritude, o filme rompe com imagens de controle ocidentais sobre pessoas racializadas, mostrando-as de outras formas, como nas performances da gravidez e da maternidade presentes na produção. Em narrativa não-linear e pouco comum na chamada cultura mainstream, Black Is King resgata o passado em uma atitude como a do pássaro sankofa, que volta para buscar o que é seu. O filme se desenrola em imagens, canções e histórias que evocam uma visão do tempo em espiral, que volta e vem, reinventando um passado roubado e propondo, no presente, outros lugares e imaginários para corpos negros.

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Biografia do Autor

Laura Guimarães Corrêa, UFMG

Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da UFMG e líder do Coragem - Grupo de Pesquisa em Comunicação, Raça e Gênero (UFMG/CNPq). Doutora em Comunicação Social pela UFMG, realizou pesquisa de pós-doutorado na LSE, Reino Unido. Pesquisa, leciona, orienta e publica principalmente sobre raça, gênero, interseccionalidade, comunicação visual, intervenções urbanas, espaço público, publicidade.

Pablo Moreno Fernandes, UFMG

Professor do Programa de Pós-graduação em Comunicação Social da UFMG. Doutor em Ciências da Comunicação pela ECA-USP. Pesquisa temas relacionados ao consumo e identidade, sob perspectiva interseccional. Vice-líder do Grupo de Pesquisa em Comunicação, Raça e Gênero (Coragem) da UFMG e integrante do Grupo de Estudos Semióticos em Comunicação, Cultura e Consumo (GESC3).

Rafael Pereira Francisco, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Minas Gerais, na linha Comunicação e Sociabilidade Contemporânea, com bolsa CAPES. Pesquisa narrativas jornalísticas e experiências raciais pautadas pela mídia. Mestre em comunicação pela Universidade Federal de Ouro Preto no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Temporalidades, e é graduado em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH).

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Publicado

2022-05-02