"A pobreza em Cabo Verde é feminina" (?)
gênero, raça e políticas familiares em contextos matricentrados
DOI:
https://doi.org/10.9771/aa.v0i69.60143Palavras-chave:
Etnografia, Cabo Verde , Famílias , Tecnologias de governo , MatricentralidadeResumo
O artigo aborda as relações entre Estado, organizações da sociedade civil e famílias de classes populares a partir do contexto cabo-verdiano. Observa-se, nessas relações, um conjunto de perspectivas morais que ambicionam moldar comportamentos associados a noções de família, gênero e parentesco a partir de determinadas visões de mundo que, embora particulares, se pretendem hegemônicas. Nesse sentido, suas ações têm público e objetivos bem definidos: indivíduos das classes populares, sobretudo mulheres, cujas famílias e suas dinâmicas são classificadas como um “problema a ser resolvido” a partir de uma categoria que está no centro das preocupações dos atores e documentos aqui analisados: as famílias monoparentais femininas – famílias chefiadas por mulheres e nas quais o homem seria o elemento ausente, não exercendo o papel de marido e pai. Com base em dados etnográficos, propomos um deslocamento de uma visão externa e que se pauta por noções de desvio – ao estabelecer relação causal entre famílias pobres e “chefia feminina” ou monoparentalidade – para a perspectiva de que nesses contextos as dinâmicas familiares têm a força do feminino.
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