História

A Afro‑Ásia veio a público em 1965, como órgão de divulgação acadêmica do Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO).

O CEAO era um espaço privilegiado para a empreitada, na medida que foi a primeira instituição acadêmica brasileira do gênero, engajando-se desde sua fundação no estabelecimento de programas de mobilidade acadêmica para o continente africano. Os pesquisadores associados ao CEAO passaram longas temporadas em diferentes países africanos, alguns ali pesquisando e mesmo cursando mestrados e doutorados ainda raros no Brasil. Por outro lado, o CEAO acolheu os primeiros estudantes africanos em um programa pioneiro que serviria de modelo para a instituição, na década seguinte, do Programa Estudante Convênio (PEC-G/PG) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O centro também foi muito rapidamente reconhecido como um ponto focal de articulação da agenda antirracista no Brasil, especialmente a partir de sua sempre intensa interlocução com as comunidades de terreiro, o movimento negro e seus intelectuais orgânicos.

A revista foi publicada regularmente até 1970 e, a partir daí, enfrentou um longo período de dificuldades institucionais e poucas edições, espaçadas ao longo dos anos. A partir de 1995, a Afro‑Ásia retomou sua regularidade e se consolidou como um dos mais importantes espaços do debate acadêmico brasileiro sobre África, Ásia e a diáspora africana.

Essa retomada se deveu à fundação do Programa de Pós-Graduação em História (PPGH), que se desmembrou do antigo Mestrado em Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia, em 1990, e passou a oferecer um curso de doutorado. Em particular, as pesquisas desenvolvidas no âmbito da linha Escravidão e Invenção da Liberdade contribuíram de forma destacada para a renovação e para a substancial ampliação do espaço acadêmico dedicado à história social da escravidão, do pós-abolição e dos processos de racialização no Brasil e nas Américas, e ajudaram a recolocar em pauta os debates sobre o racismo e sua superação. Dessa forma, a linha de pesquisa assumiu institucionalmente a publicação da Afro‑Ásia e ao mesmo tempo ajudou a conformar o movimento intelectual brasileiro que multiplicou e diversificou a produção universitária sobre os temas acolhidos pela revista.

O apoio institucional à Afro‑Ásia e o campo de pesquisa acadêmica que a envolve e alimenta foram reforçados pela fundação do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos (Pós-Afro), por iniciativa de integrantes da linha de pesquisa Escravidão e Invenção da Liberdade e pesquisadores de outras áreas do conhecimento.

A partir de 2005, a coleção da revista foi integralmente digitalizada e passou também a disponibilizar uma versão online, em paralelo à versão impressa. Em 2019, a Afro‑Ásia publicou sua última edição em papel, tornando-se a partir daí exclusivamente digital.

Foram editores da Afro‑Ásia:

  • Waldir Freitas Oliveira (1965-1970)
  • Nélson Correia de Araújo (1965-1980)
  • Guilherme de Souza Castro (1976)
  • Yeda Pessoa de Castro (1983)
  • Gustavo Falcón (1992-1995)
  • Antonio Sérgio A. Guimarães (1996)
  • João José Reis (1996-2004)
  • Renato da Silveira (1997-2008)
  • Valdemir Zamparoni (2001-2008)
  • Luis Nicolau Parés (2005-2008)
  • Florentina da Silva Souza (2008-2015)
  • Jocélio Teles dos Santos (2008-2018)
  • Wlamyra Albuquerque (2014-2018)

Em 2019, a editoria foi assumida por Iacy Maia Mata, Jamile Borges da Silva e Fábio Baqueiro Figueiredo. João José Reis permanece, desde 2005, como editor de resenhas; desde 2008, Regina Mattos é a editora assistente.