O que nos contam as pedras pisadas do cais?

Usos e disputas políticas das memórias da escravidão e do tráfico transatlântico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/aa.v0i65.44963

Palavras-chave:

Cais do Valongo, Memórias da escravidão, Atores sociais negros

Resumo

Pode-se observar que, nos últimos trinta anos, o interesse pelas memórias da escravidão e as expressões do passado, como os lugares de memória, os museus e o patrimônio cultural, intensificou-se. Ao acessar o passado da escravidão, grupos e indivíduos constroem narrativas próprias sobre esse passado e rompem com espaços que, historicamente, produzem um apagamento, quando não um silenciamento e uma marginalização da África e das populações negras em diáspora. Assim, diante desse quadro de reivindicação recente por reconhecimento e patrimonialização das memórias da escravidão, este texto se propõe a interpelar um bem cultural e patrimônio da humanidade, o Sítio Arqueológico Cais do Valongo, a partir das agências de atores sociais negros da região da Pequena África, e os usos políticos do passado por esses atores contemporâneos na luta por identificação, reconhecimento e reparação, bem como na luta contra o racismo.

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Biografia do Autor

Francisco Phelipe Cunha Paz, Universidade de Brasília

Historiador, Mestre em Preservação do Patrimônio Cultural, Mestre em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional. Rede de Historiadores Negras e Negros, Nucleo de Estudos de Filosofia Africana e Revista Calundu

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Publicado

2022-06-19

Como Citar

CUNHA PAZ, F. P. O que nos contam as pedras pisadas do cais? Usos e disputas políticas das memórias da escravidão e do tráfico transatlântico. Afro-Ásia, Salvador, n. 65, p. 338–376, 2022. DOI: 10.9771/aa.v0i65.44963. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/afroasia/article/view/44963. Acesso em: 18 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê