Maria Duas Tranças e o galo chorão da Itaoca
imagem, catimbó e macumba em Fortaleza no início da década de 1940
DOI:
https://doi.org/10.9771/aa.v0i65.43991Palavras-chave:
Imagem, Jornais, Religiões afro-indígenas, CatimbóResumo
Uma imagem publicada no jornal fortalezense O Estado, de 1º de abril de 1941, mostra Maria Duas Tranças entre os objetos religiosos apreendidos pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), como evidências criminais da prática do catimbó. Com os dedos, Maria aponta para um jornal sobre a mesa. Uma pista sobre os motivos de tal exposição pode ser vista na legenda da imagem: “Separa-se os instrumentos cerimoniais e uma edição da ‘Gazeta’ que falava do galo chorão da Itaoca.” Trata-se da primeira página do jornal Gazeta de Notícias, que falava sobre uma série de “aparições demoníacas” ocorridas dias antes, em um bairro situado a 8km do local onde Maria havia sido presa. Neste artigo, analiso como a imagem em questão produziu conexões entre os dois eventos mencionados e busco trazer contribuições aos estudos sobre as religiões afro-indígenas no Ceará e sobre a publicação de imagens dessas religiões na imprensa.
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