Uma fugitiva em família em busca de liberdade na “Cidade da Feira”

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/aa.v0i64.42009

Palavras-chave:

Mulheres negras, Família, Escravidão, Liberdade legal

Resumo

Neste estudo, reconstitui-se a experiência de Belmira, uma mulher escravizada, enquanto lutava pela liberdade para si e para suas crianças, Antero, Senhorinha e Manuel, em Feira de Santana, entre 1878 e 1879. Para tanto, é analisada a ação de liberdade movida por esta protagonista, assim como os registros de matrículas, os códigos de posturas municipais, as correspondências e um atestado de óbito. As marcas deixadas por ela em seu itinerário, bem como por pessoas relacionadas a ela, foram cruzadas por meio de uma abordagem qualitativa das fontes. Desse modo, foi possível saber que, a despeito da opressão interseccional de classe, gênero e raça, mulheres como Belmira foram personagens centrais na luta pela liberdade legal. O cruzamento destes documentos permitiu constatar que as especificidades da escravidão feminina influenciaram suas escolhas por esse tipo de liberdade.

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Biografia do Autor

Karine Teixeira Damasceno, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Doutora em História Social pela Universidade Federal da Bahia (2019); Pós-Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História Social da Cultura na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; e Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).  

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Publicado

2021-11-29

Como Citar

DAMASCENO, K. T. Uma fugitiva em família em busca de liberdade na “Cidade da Feira”. Afro-Ásia, Salvador, n. 64, p. 183–219, 2021. DOI: 10.9771/aa.v0i64.42009. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/afroasia/article/view/42009. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos