Uma fugitiva em família em busca de liberdade na “Cidade da Feira”
DOI:
https://doi.org/10.9771/aa.v0i64.42009Palavras-chave:
Mulheres negras, Família, Escravidão, Liberdade legalResumo
Neste estudo, reconstitui-se a experiência de Belmira, uma mulher escravizada, enquanto lutava pela liberdade para si e para suas crianças, Antero, Senhorinha e Manuel, em Feira de Santana, entre 1878 e 1879. Para tanto, é analisada a ação de liberdade movida por esta protagonista, assim como os registros de matrículas, os códigos de posturas municipais, as correspondências e um atestado de óbito. As marcas deixadas por ela em seu itinerário, bem como por pessoas relacionadas a ela, foram cruzadas por meio de uma abordagem qualitativa das fontes. Desse modo, foi possível saber que, a despeito da opressão interseccional de classe, gênero e raça, mulheres como Belmira foram personagens centrais na luta pela liberdade legal. O cruzamento destes documentos permitiu constatar que as especificidades da escravidão feminina influenciaram suas escolhas por esse tipo de liberdade.
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