De escravo a retornado: a trajetória do africano Luís Xavier de Jesus, Bahia-Golfo do Benim, século XIX

Autores/as

  • Elaine Santos Falheiros PPGH-UFBA

DOI:

https://doi.org/10.9771/rvh.v7i1.48676

Palabras clave:

Cidadania, Africanos, Deportação

Resumen

Luís Xavier de Jesus, africano de nação jeje, viveu e trabalhou na Bahia na primeira metade do século XIX até poucos meses após a Revolta dos Malês, ocorrida em janeiro de 1835, quando então foi preso e deportado para a Costa da África, por supostamente ter se envolvido no levante escravo.[1] Chegando do outro lado do Atlântico foi recepcionado, juntamente com outros africanos deportados no mesmo contexto, por Francisco Félix de Souza, o Xaxá de Uidá, um rico brasileiro, negociante de escravos que se estabeleceu na costa africana fazendo fortuna através o comércio ilegal de cativos. A deportação de Luís Xavier de Jesus e de tantos outros libertos aconteceu num clima de preocupação com “o futuro da nação” brasileira, que havia nascido há pouco mais de uma década e sob o qual pairavam dúvidas, incertezas, discursos e propostas de solução para o suposto problema do contingente de negros no país. Em 1823, durante a Assembleia Constituinte, parlamentares já se pronunciavam sobre o direito de cidadania que pudesse ser estendido aos libertos, como o deputado pernambucano Francisco Muniz Tavares, que com o “medo da haitianização”, no Brasil liderou os debates parlamentares da época, se mostrando a favor do repúdio à igualdade cidadã. [2] Luís Xavier de Jesus tentou durante pelo menos 20 anos regressar à Bahia a fim de liquidar seus bens e prometia voltar para a costa africana assim que o fizesse, mas por diversos motivos, seu regresso à província não foi autorizado, e é principalmente sobre este aspecto que recai a análise deste trabalho.

 

[1]Sobre o levante escravo na Bahia, suas consequências e repercussões, ver REIS, João José, Rebelião escrava no Brasil, São Paulo: Cia das Letras, 2003, pp. 485-491. Outros autores também trazem algumas informações sobre a personagem deste projeto: OLIVEIRA, Maria Inês Côrtes de. O liberto: seu mundo e os outros. Salvador: Corrupio, 1988, p. 39; VERGER, Pierre. Os libertos: sete caminhos na liberdade de escravos da Bahia no século XIX. Salvador: Corrupio, 1992, pp. 55-65 e BRITO, Luciana da Cruz, “Sob o rigor da lei: africanos e africanas na legislação baiana (1830-1841)”, dissertação de mestrado, Unicamp, 2009, pp. 127-133.

 

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Publicado

2014-08-05

Número

Sección

Artigos para Dossiê