Uranismo em Cilurnum? Apanhados e conjecturas de homossexualidades masculinas na Inglaterra vitoriana
DOI:
https://doi.org/10.9771/rvh.v10i1.47959Keywords:
Homossexualidade, Masculinidade, UranismoAbstract
Na Era Vitoriana, a virilidade parece ter encontrado lugar triunfal nos discursos nacionalistas e imperiais do governo e da Academia britânicos. Paradoxalmente, a homossexualidade e os perigos iminentes da efeminação tornaram-se dominantes no campo da pesquisa médica. Em meio a isto, um seleto grupo de poetas de Oxford dedicava-se, clandestinamente, a promover o resurgimento do “amor grego”, pederástico, como uma existência idealizada: os uranistas. Este artigo analisa um poema e uma gravura, que o acompanha, de um adolescente bretão, publicados em 1876 na revista londrina Belgravia. Seminu, tendo ao fundo o forte romano de Cilurnum, o rapaz parece se encaixar na demanda estética do Movimento Uranista, ao mesmo tempo em que representa aspectos dos discursos étnicos do Império Britânico.
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