Circularidades e vozes: a religiosidade na educação feminina em meados do século XX

Autores

  • Luanna Vaz Amaro PROLING-UFPB

DOI:

https://doi.org/10.9771/rvh.v12i2.47835

Palavras-chave:

Manuscritos Culinários, Religião, Mulher

Resumo

Este trabalho pretende refletir sobre alguns aspectos do trânsito do religioso como formador da memória feminina, e como as circularidades das receitas são refletidas nas circularidades das letras que deixam de ser escritas à mão e emigram para o impresso. Fundamenta-se ainda na discussão sobre conceitos, critérios e aplicabilidade das receitas, visando a propor alguns parâmetros metodológicos que lidam com a questão da história social da comunidade de falantes/escritoras, das relações intertextuais entre o gênero textual de receitas manuscritas e nos suportes impressos de jornais, revistas recortadas e coladas nos suportes de cadernos e álbuns de economia doméstica[1] de mulheres residentes na Paraíba, no século XX. Ao analisar as receitas culinárias, manuscritas ou impressas, como uma “escritura” por ser a fixação de um texto oral, segundo Zumthor (1993; 1997; 2000; 2005), as tradições discursivas das receitas, a relação de um texto com outro, produzidos em épocas diferentes, segundo Kabatek (2006) e por possuir uma história a ser contada a partir do que se comia segundo os estudos de Gilberto Freyre (1969; 2005), Câmara Cascudo (2004; 2006) e (Montanari: 2008), sobre vida privada (Perrot: 1991; 2007), tradição e costume (Hobsbawn: 1997), cultura (Bhabha: 2007), memória (Bosi: 1979; 2003) e gêneros textuais (Marcuschi: 2000; 2004; 2008 e Possenti, 2002; 2009). Toda essa base teórica apontará que as escolhas das receitas culinárias de cada autora dos manuscritos estão condicionadas à sociedade e a cultura a que determinado grupo pertencem, portanto, a comida transcende o caráter fisiológico e aponta um caráter social, histórico, linguístico e cultural.

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Publicado

2019-12-31

Edição

Seção

Artigos para Dossiê