O paradoxo da submissão como mecanismo libertário nas práticas corporais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/r.v1i32.26831

Palavras-chave:

Sociologia do corpo. Educação somática. Relações de poder. Masoquismo. Construção da subjetividade

Resumo

Pretendemos compreender como é possível que determinadas práticas corporais, tais como as práticas somáticas, sejam capazes de transformar modos de pensarmos nossa própria subjetividade (que é também socialmente construída) e, consequentemente, nossas maneiras de ser e de agir no mundo. Nosso foco aqui é a relação estabelecida entre instrutor e praticante, entendida aqui, necessariamente, como uma relação de poder. Partimos da afirmação de que se a dança e o movimento pode ser uma descoberta de si e uma possibilidade de liberdade individual, isso pode ser entendido como um resultado de uma relação social de dominação. Se isso está correto, uma prática corporal que se pretende libertadora só se realizaria, paradoxalmente, porque baseada numa relação de submissão. Sabemos que as práticas somáticas partem do respeito aos limites e à expressividade de cada um. Porém, o praticante, ao entrar na aula, aceita entrar em situações que, não raro, poderá sentir vergonha, humilhação, ou mesmo dor (o que muitas vezes acontece, em detrimento à proposta) mas que, em seguida, talvez sinta-se livre, solto e aberto para mudar-se. Procuramos aqui discutir esse paradoxo e, por último, pensá-lo no contexto atual da chamada sociedade do desempenho; na qual nos vemos capazes e livres para tudo empreender, tudo poder, mas que, na prática, somos apenas sobreviventes de uma sociedade do cansaço, ventre de depressões e doenças psíquicas, pois não seríamos capazes de perceber e negar a saturação, os excessos dessa sociedade.

Assim, a potencialidade das práticas somáticas seriam resultado, a nosso ver, de um intervalo de "não liberdade", de submissão contratual, de permissão a um "poder", o qual nos permitiria uma nova percepção dessa saturação e a abertura, então, para novas possibilidades de ser.

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Biografia do Autor

Eliza Mara Lozano Costa, Universidade Federal do Rio Grande

Professora de Ciências Sociais do Instituo de Ciências Sociais e da Informação da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) - Campus São Lourenço do Sul.

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Publicado

2019-09-25

Como Citar

Costa, E. M. L. (2019). O paradoxo da submissão como mecanismo libertário nas práticas corporais. Repertório, 1(32). https://doi.org/10.9771/r.v1i32.26831

Edição

Seção

EM FOCO