CONTRIBUIÇÃO À CRÍTICA DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE O CURRÍCULO DE PEDAGOGIA NO BRASIL: UMA ANÁLISE DAS TESES (1987-2010)
DOI:
https://doi.org/10.9771/gmed.v3i2.9463Palavras-chave:
formação humana, projeto histórico, escola, trabalho educativo, currículo de pedagogia.Resumo
As avaliações críticas da produção do conhecimento científico são uma atividade humana fundamental na identificação de limites e possibilidades do conhecimento historicamente acumulado para a reflexão acerca dos problemas situados no mundo da necessidade. Assim, tomando como objeto de estudo o currículo de pedagogia, o objetivo geral foi analisar as relações estabelecidas entre as concepções de homem e projeto histórico e as categorias da prática - trabalho educativo, currículo e escola - nas teses sobre currículo de pedagogia no Brasil, tendo em vista a necessidade histórica de apropriação dos conhecimentos objetivos/científicos pela classe trabalhadora. A fonte de análise foram as teses disponíveis nos bancos de teses da CAPES e da BDTD, no período de 1987 a 2010. Fundamentado no materialismo histórico dialético, o estudo partiu das seguintes hipóteses: 1) É possível, que as concepções de homem/formação humana presentes nas teses não apontem a necessidade de articulação de um projeto educacional (concepção de formação humana) com um projeto de mudança radical das relações sociais que se estabelecem na sociedade capitalista (projeto histórico), necessidade imperiosa dos dias atuais. 2) Possivelmente, estas teses não pautam o currículo de formação do pedagogo a partir da necessidade histórica de apropriação dos conhecimentos objetivos/científicos pela classe trabalhadora, levando em consideração a situação concreta de desqualificação e rebaixamento da educação no país, ou seja, a partir da prática da qual a pedagogia se origina e a qual ela se destina. A análise dos dados demonstrou que 86% das teses fundamentam-se numa visão idealista de homem e de mundo, centrando a discussão sobre o currículo na subjetividade. As teorias são substituídas por descrições fenomênicas e interpretações consensuais, segundo as quais a verdade científica reside não na realidade em si, mas nas normas particulares de grupos específicos. Assim, ao tratar da escola, do trabalho educativo e do currículo, nega-se o conhecimento objetivo, bem como secundariza-se a necessidade de apropriação deste conhecimento na escola. Discute-se o currículo de pedagogia desconsiderando que a alteração do mesmo não pode se dar descolada da luta mais geral pela superação da realidade que o determina em última instância. Os outros 14% das teses cunhadas no materialismo concebem que o homem constitui-se a partir do trabalho em seu sentido ontológico, articulando a discussão sobre a alteração do currículo à luta pela superação do capital, defendendo explicitamente o projeto histórico socialista. Ao fazê-lo reconhecem a objetividade do conhecimento, bem como a necessidade da apropriação e do trato do mesmo na escola, no currículo por meio do trabalho educativo. Finalmente, o estudo aponta que é necessário avançarmos em proposições e práticas curriculares que tenham em vista a formação humana vinculada ao processo de transição ao projeto histórico comunista.
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